O perigoso aumento da alimentação ultraprocessada

Lobby e publicidade colaboram com indústria dos ultraprocessados, apesar de pesquisas reforçarem seus riscos à saúde

© Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Cada vez mais percebidos como nocivos à saúde, os alimentos classificados como ultraprocessados estão recebendo mais atenção de pesquisadores por todo o mundo. Neste sentido, o Brasil é visto como um dos países líderes na abordagem, uma vez que a classificação que está sendo largamente utilizada nos estudos foi criada pelo pesquisador Carlos Monteiro, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da FSP-USP, que também liderou coletânea de artigos publicada na Revista Lancet, no dia 18

Em linhas gerais, o material reforça as correlações entre esse tipo de alimentação repleta de aditivos químicos e artificiais e o desenvolvimento de doenças crônicas. Hipertensão, diabetes e vários tipos de câncer, além de outras condições limitadoras, estão diretamente associadas a comidas industrializadas em lugar de uma dieta orgânica.

Os estudos epidemiológicos apontam para um temerário aumento do consumo de ultraprocessados, fabricados pela indústria alimentícia, também chamada de Big Food. Sua disseminação é ampliada com apoio de lobby político e pouca regulação publicitária. Mais que isso, as próprias condições de reprodução social e econômica contribuem para o aumento do consumo dos ultraprocessados na dieta individual, que se relaciona com fatores socioeconômicos mais complexos.

A título de exemplo, um estudo recente acompanhou a rotina alimentar de enfermeiras dos EUA durante 24 anos e concluiu que as maiores consumidoras de ultraprocessados tiveram maior incidência de câncer colorretal antes dos 50 anos de idade.

De volta ao Brasil, grupos de pesquisa como o Nupens lutam para convencer governos a investir cada vez mais em incentivos ao consumo de alimentos in natura, o que passa por políticas de alimentação nas escolas até a tributação de variados setores produtivos na economia.

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