O aumento do suicídio entre jovens

• Cresce suicídio entre jovens de 15 a 19 anos • O racismo nas doenças causadas pelo álcool • Seguros de saúde e judicialização • 836 casos de mpox no Brasil em 2024 • Câncer em homens • Vacinação contra polio em Gaza, sob bombardeios •

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O aumento dos casos de suicídio entre adolescentes no Brasil, especialmente entre jovens de 15 a 19 anos, destaca uma grave crise de saúde pública. Dados do Ministério da Saúde mostram que o suicídio é a terceira principal causa de morte nessa faixa etária, e teve um crescimento de 49,3% entre 2016 e 2021 – tendência oposta ao que acontece globalmente. Fatores como depressão, isolamento social, bullying, uso de substâncias e incertezas socioeconômicas, exacerbados pelas redes sociais, contribuem para essa escalada. Entre 2011 e 2022, a taxa de suicídios entre jovens de 10 a 24 anos aumentou em média 6,14% ao ano, superando o crescimento de 3,7% observado na população geral. A secretária de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Sônia Barros, falou ao Globo sobre o assunto:

“Esse aumento é uma situação multifatorial que vai desde maior competição no ambiente acadêmico e profissional, com cobrança de desempenho, até o uso excessivo de telas, que agrava o isolamento social e estados de ansiedade e estresse. E é preciso considerarmos fatores de vulnerabilização que envolvem questões de gênero, de racismo, que também devem compor um plano de atenção. Uma política de prevenção ao suicídio é mais eficiente quando pensamos nessas formas de sofrimento mental que muitas vezes são socialmente determinadas.”

Negros morrem 30% mais por alcoolismo 

A população negra no Brasil enfrenta uma taxa de mortalidade 30% maior por doenças relacionadas ao álcool em comparação aos brancos, segundo o estudo “Álcool e Saúde dos Brasileiros: Panorama 2024”. Desigualdades no acesso à saúde e o racismo são apontados como principais fatores dessa disparidade. As mulheres negras são especialmente vulneráveis, com uma taxa de mortalidade quase duas vezes maior que a das mulheres brancas. Apesar do consumo abusivo de álcool ser semelhante entre negros e brancos, as condições socioeconômicas desfavoráveis, a discriminação racial e o estigma agravam o impacto do álcool na saúde da população negra. A discriminação racial, atuando como um estressor, contribui para problemas de saúde mental e o uso nocivo de álcool como mecanismo de enfrentamento, aponta a socióloga entrevistada pela Folha. O estudo ressalta a necessidade de ampliar o acesso a serviços de saúde voltados para as populações mais vulneráveis e de promover um debate público para conscientização e combate ao estigma.

Judicialização por abusos de planos de saúde

Nos últimos dez anos, muitos usuários de planos de saúde coletivos no Brasil têm recorrido à Justiça para contestar reajustes abusivos. Segundo estudo realizado por pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e da USP, 60% dessas ações são vitoriosas. O Tribunal de Justiça de São Paulo costuma alinhar os reajustes dos planos coletivos aos índices menores aplicados pela ANS para planos individuais, devido à falta de transparência das operadoras. Essa judicialização reflete a desconfiança na negociação entre operadoras e beneficiários. Embora essas decisões beneficiem usuários individuais, podem resultar em aumentos ainda maiores para o coletivo, elevando os custos para todos. A falta de regulamentação clara no setor agrava a situação, criando incerteza para operadoras e consumidores.

Números da mpox no Brasil

Entre 1º de janeiro e 24 de agosto de 2023, o Brasil registrou 836 casos confirmados ou prováveis de mpox, sem mortes. O Sudeste concentra 81,6% das infecções – São Paulo lidera com 51% dos casos nacionais. A capital paulista e o Rio de Janeiro são os municípios mais afetados. Homens representam 95,2% dos casos, principalmente na faixa etária de 18 a 39 anos. Até 24 de agosto, 61 pessoas foram internadas, e cinco necessitaram de UTI. A transmissão sexual, especialmente entre homens que fazem sexo com homens, é destacada, com a recomendação de evitar relações com parceiros desconhecidos. Em 2022, foram registrados 10.648 casos e 14 mortes, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Embora a situação atual não indique uma epidemia, a vigilância e a vacinação para grupos vulneráveis são essenciais. No cenário internacional, a África registrou 20.720 casos em 2024, com 582 mortes, principalmente na República Democrática do Congo.

Câncer em homens deve dobrar em 30 anos

A previsão de um aumento expressivo nos casos e mortes por câncer até 2050, especialmente entre homens e em países subdesenvolvidos, revela um cenário preocupante. Um novo estudo indica que os casos de câncer em homens devem quase dobrar, e as mortes podem crescer mais de 90%, com maior impacto em indivíduos acima de 65 anos. A disparidade de gênero na prevenção e tratamento do câncer é agravada pela falta de programas eficazes de triagem para tumores masculinos, como o de próstata, e pela menor adesão dos homens a exames preventivos. Fatores como tabagismo, consumo de álcool e exposição a agentes cancerígenos contribuem significativamente para esse aumento. Embora recentes iniciativas no Brasil, como a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, busquem melhorar o diagnóstico e tratamento, ainda há desafios consideráveis na implementação de uma estratégia eficaz de prevenção e cuidados oncológicos. 

Começa a vacinação contra pólio em Gaza, em meio a conflitos

Apesar dos pedidos de cessar-fogo da ONU e OMS, e em meio à crise de saúde pública em Gaza, Israel mantém suas ações militares. Pelo menos 48 palestinos foram assassinados em apenas 24 horas, enquanto crianças são vacinadas contra a poliomielite. A campanha de imunização começou neste domingo, 1º/9. “Apenas no primeiro dia, as equipes e parceiros da UNRWA alcançaram cerca de 87 mil crianças, de acordo com a OMS. Os esforços estão em andamento para fornecer às crianças essa vacina essencial, mas o que elas mais precisam é de um cessar-fogo imediato”, declarou a UNRWA, agência de refugiados palestinos da ONU, no twitter. As autoridades planejam vacinar 640 mil crianças. O retorno da poliomielite em um bebê em Gaza, após 25 anos sem sinais da doença, expõe o colapso do sistema de saúde no enclave, resultado direto da destruição causada por Israel.

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