Novos 50 leitos de emergência no Hospital de Bonsucesso
• Reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso • Baixa escolaridade e demência no Brasil • Vírus da gripe aviária “pulou” mais de uma vez para vacas • Aborto praticado por não-médicos? • Crise humanitária no Sudão recrudesce •
Publicado 07/02/2025 às 14:52
O presidente Lula e o prefeito Eduardo Paes (PSD) participaram, nesta quinta-feira, da reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A nova emergência conta com 50 leitos, divididos em áreas adulta e pediátrica. A partir de agora, 423 leitos estarão em funcionamento, incluindo a reativação de serviços essenciais, como um centro de imagem com ressonância magnética e tomografia. O evento marca um passo importante na recuperação do hospital, que sofreu um incêndio em 2020 e enfrentou anos de paralisações nas obras de reforma.
Em sua fala, Lula fez menção aos conflitos gerados com o sindicato dos trabalhadores do hospital no momento em que houve a decisão de transferir o hospital para o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), vinculado ao Ministério da Saúde. Na prática, a unidade continua sob a administração da esfera federal, mas agora aos cuidados de uma empresa pública de direito privado. Para o presidente, “quem tem de mandar nos hospitais são os especialistas em saúde”. Ele exalta a mudança e diz que os hospitais devem ser referências de excelência. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçou que a reabertura simboliza a recuperação da decência e da qualidade no atendimento à população.
Educação e seu papel para evitar a demência
Mais do que idade ou sexo, a baixa escolaridade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo em idosos no Brasil. Um estudo publicado na The Lancet Global Health, liderado por Eduardo Zimmer da UFRGS, revelou que o acesso limitado à educação supera outras variáveis no impacto sobre a saúde cognitiva. A pesquisa, que analisou dados de 9,4 mil idosos brasileiros e comparou com outros países latino-americanos, destacou ainda o sofrimento psíquico – a presença de transtornos como depressão e ansiedade – como um fator crucial para a perda de autonomia.
Enquanto estudos no Norte Global apontam idade e sexo como principais fatores de risco, no Brasil e em países de renda média ou baixa, as particularidades regionais, como desigualdade socioeconômica, ganham destaque. O estudo reforça a necessidade de políticas públicas que garantam educação de qualidade e cuidados com a saúde mental desde a infância, além de considerar as diferenças regionais. A desigualdade, medida pelo índice de Gini, também foi associada ao aumento de casos de demência, como o Alzheimer.
Gripe aviária: mais uma preocupação
Uma nova variante do vírus H5N1 da gripe aviária foi detectada em vacas leiteiras em Nevada, nos Estados Unidos, revelando um cenário preocupante para a saúde pública e a segurança alimentar. Diferente da cepa B3.13, que já circula em rebanhos desde 2023, essa nova variante, chamada D1.1, indica que o vírus “saltou” de aves para vacas pela segunda vez – sugerindo que bovinos podem ser mais suscetíveis à infecção do que se imaginava.
O fato preocupa porque o H5N1 já mostrou potencial para infectar humanos, e um caso fatal já foi registrado neste ano. Especialistas alertam que cada novo salto entre espécies aumenta o risco de mutações que facilitem a transmissão entre pessoas, embora, por enquanto, o vírus não tenha se espalhado de humanos para humanos. A gripe aviária já afetou mais de 153 milhões de aves e dezenas de espécies mamíferas nos EUA desde 2022 – e gera impactos econômicos importantes para a indústria leiteira e a saúde pública.
Uma enfermeira deve poder realizar um aborto
Uma ação no STF, proposta pelo PSOL e pela Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), pede que enfermeiros e outros profissionais de saúde, além de médicos, possam realizar abortos legais nos casos já permitidos por lei: risco de morte da gestante, gravidez resultante de estupro e anencefalia fetal. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1207, distribuída ao ministro Edson Fachin, questiona a interpretação do Código Penal que restringe o procedimento a médicos. As entidades argumentam que a restrição viola direitos e dificulta o acesso ao aborto legal, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade.
A ação no STF baseia-se nas diretrizes da OMS, que afirmam que profissionais não médicos, como enfermeiros, parteiras, farmacêuticos e até médicos tradicionais podem realizar abortos seguros com medicamentos (como misoprostol) e aspiração manual intrauterina (até 14 semanas). A OMS reforça que o misoprostol é seguro para uso autogerenciado e que a ampliação da prática para outros profissionais aumenta o acesso ao aborto seguro, especialmente em locais com escassez de médicos.
Sudão: crise humanitária e perseguição a trabalhadores da emergência
A Médicos Sem Fronteiras (MSF) fez um alerta para o agravamento da crise humanitária no Sudão. Equipes da organização relataram um aumento significativo de feridos em Cartum, Darfur do Norte e Darfur do Sul devido a bombardeios e confrontos recentes. Em Nyala, Darfur do Sul, ataques aéreos do exército atingiram uma fábrica e áreas residenciais, matando dezenas de pessoas e deixando muitas outras feridas, incluindo crianças.
No campo de Zamzam, Darfur do Norte, as equipes da MSF atenderam civis feridos, muitos deles crianças, que fugiam de confrontos violentos. A violência também se intensificou em Cartum, onde hospitais apoiados pelos MSF foram atingidos por explosões, colocando em risco pacientes e profissionais de saúde. A organização pede que as partes em conflito poupem civis e infraestruturas de saúde.
Enquanto os mortos e feridos se avolumam, trabalhadores humanitários locais, membros dos Emergency Response Rooms (ERRs), enfrentam prisões, sequestros e execuções extrajudiciais de ambos os lados do conflito. Desde o início da guerra, pelo menos 112 membros dos ERRs foram mortos. A crise humanitária no Sudão, considerada a maior do mundo, já matou dezenas de milhares e deslocou milhões.