Nova estratégia para dengue, após volta de sorotipo raro
• Sorotipo 4 da dengue detectado em SP • Fiocruz produz larvicida biodegradável • A urgência de salvar palestinos em Gaza • Mortalidade materna continua alta no mundo • A destruição da saúde na Argentina • NHS inspira-se no SUS •
Publicado 09/04/2025 às 14:38 - Atualizado 09/04/2025 às 19:43
Buscando enfrentar o avanço da epidemia, o Ministério da Saúde decidiu mudar a estratégia de vacinação contra a dengue em 80 cidades do país. Nesses municípios, espalhados por vários estados, a pasta teria identificado que a doença está causando “maior pressão sobre o sistema de saúde”, disse o ministro Alexandre Padilha.
As novas ações incluem a ampliação da vacinação e a organização de centros de hidratação mantidos pela Força Nacional do SUS. Apesar de não necessariamente relacionada a este fato, a decisão ocorre pouco após a confirmação da circulação do sorotipo 4 da dengue em São Paulo. Neste ano, a doença está ainda mais concentrada no estado do Sudeste do que no ano passado: 305 dos 371 óbitos (82,2%) de dengue registrados no Brasil neste ano aconteceram em território paulista.
Um larvicida ecológico contra mosquito da dengue
O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) assumiu coparticipação na patente de um larvicida ecológico contra o Aedes aegypti, vetor da dengue, zika e chikungunya. A criação do larvicida começou em 2017, a partir de uma parceria entre o IOC e a Universidade do Novo México (UNM). A tecnologia do larvicida utiliza cápsulas de óleo de laranja revestidas com fermento de padeiro para matar larvas.
A vantagem, segundo o chefe do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos do IOC, Fernando Ariel Genta, é que “são dois ingredientes totalmente biodegradáveis”. Além de ser sustentável e não agredir o meio ambiente, o produto não provoca efeito de resistência do Aedes aos tradicionais produtos químicos. Atualmente, a tecnologia está apta a ser comercializada e contribuir para o controle sustentável do mosquito.
Órgãos mundiais assinam nota conjunta sobre genocídio em Gaza
Nesta segunda-feira (7), órgãos mundiais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), assinaram nota conjunta alertando para a urgência de ações para salvar os palestinos na Faixa de Gaza.
“Há mais de um mês, nenhum suprimento comercial ou humanitário chegou em Gaza. Mais de 2 milhões de pessoas estão presas, sendo bombardeadas e morrendo de fome enquanto comida, medicamentos, combustível se acumulam nos ‘corredores’ e suprimentos vitais ficam retidos. Mais de mil crianças foram mortas ou feridas apenas na primeira semana depois da quebra do cessar-fogo, representando o maior número de mortes entre crianças em uma semana no último ano […] Estamos testemunhando uma guerra em Gaza que mostra total desrespeito à vida humana. Protejam os civis. Facilitem a ajuda. Liberem os reféns. Renovem o cessar-fogo”, declarou a nota.
Mortalidade materna precisa seguir caindo, pede ONU
A mortalidade materna caiu em 40% no mundo desde o início do milênio, aponta um relatório das Nações Unidas lançado na segunda-feira (7), o Dia Mundial da Saúde. Principalmente devido à “ampliação do acesso a serviços essenciais de saúde”, a cifra caiu de 444 mil óbitos maternos registrados em 2000 para 260 mil em 2023 – o que, vale notar, ainda significa que uma mulher morre a cada dois minutos devido a complicações na gravidez ou no parto.
Contudo, o documento também frisa que esses avanços ocorreram principalmente até 2016. Desde então, os números vêm patinando, principalmente devido à redução do financiamento das políticas de combate à mortalidade materna ao redor do globo. Com os novos cortes de ajuda humanitária neste ano, há um risco de estagnação total nos números, completa o relatório, e é preciso mais compromisso dos países com a “garantia do acesso à saúde materna como um direito”.
Dia Mundial da Saúde na Argentina: há o que comemorar?
Nesta segunda-feira (7), dia em que se comemora o Dia Mundial da Saúde, Ianina Lois, doutora em Sociologia pela Universidad Nacional de San Martín (UNSAM), escreve sobre o cenário da saúde argentina hoje. Lois afirma que a saúde pública no país vem sendo foco de agressão, desfinanciamento e desmantelamento por parte do governo de Javier Milei. A situação se resume em demissões em massa, fechamento de hospitais, suspensão de programas públicos de saúde, entre outras medidas.
Neste cenário, afirma Ianina, “o direito à comunicação e informação em saúde, entendidos como direitos que habilitam direitos, também se veem agredidos e postos em questão. A informação científica e médica é objetivo de desprestígio nas redes sociais”. Para ela, é tempo de compreendermos as circunstâncias sociais, econômicas, culturais e políticas que viabilizam a tolerância e a disseminação desses discursos. Por outro lado, é ainda mais necessário ter em vista as formas de organização coletiva que promovam práticas e narrativas comunitárias e solidárias.
NHS planeja inspirar-se nos agentes comunitários de saúde do SUS
Uma reportagem do Telegraph, um dos principais jornais do Reino Unido, revela que poderemos ver agentes comunitários de saúde no NHS em um futuro próximo, a partir de uma inspiração direta na Estratégia de Saúde da Família do SUS. O sistema de saúde britânico vive uma duradoura crise que caminha rapidamente para o colapso – situação essa que envolve problemas de financiamento mas também de engessamento do modelo, ainda concentrado em médicos e hospitais.
Por isso, explica o jornal, o primeiro-ministro Keir Starmer entrou em contato com o Ministério da Saúde do Brasil pouco depois de assumir o cargo, buscando alternativas para “arrumar a porta de entrada do NHS”. A atuação dos ACSs, estudada pelo Imperial College, é uma das que geraram maior interesse no governo britânico. A experiência terá início com um projeto-piloto no bairro londrino de Pimlico, mas logo será expandida para 25 outras comunidades.
Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, contribua com um PIX para [email protected] e fortaleça o jornalismo crítico.