Nísia fala sobre impactos das queimadas no SUS

• Fumaça de queimadas já impacta o sistema de saúde • Ondas de calor são preocupação do Ministério • Mortes após queimadas em SP • Monitoração contínua de mpox • Benefícios da vacina para VSR • Entraves às doações de órgãos •

.

Durante um evento no Rio de Janeiro, no âmbito do G20, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, alertou que as queimadas já começam a afetar o sistema de saúde, e estão em risco especialmente pacientes idosos e crianças com problemas respiratórios. “Há um impacto forte no sistema de saúde, nas unidades de saúde, uma maior procura e, principalmente, uma preocupação não só com os efeitos de curto prazo, mas também de médio prazo na saúde das pessoas”, afirmou, acrescentando que não chegam a faltar leitos. Nísia ressaltou a atuação da Força Nacional do SUS no apoio a estados e municípios. Ela também reforçou que é importante evitar a exposição ao ar livre em áreas afetadas pela fumaça. O país registra mais de 154 mil focos de calor em 2024 – a Amazônia e o Pantanal são os biomas mais atingidos.

Ondas de calor também são preocupação da Saúde

Na mesma ocasião, Nísia Trindade falou sobre as ondas de calor, um dos principais problemas à saúde pública causados pelas mudanças climáticas: “As ondas de calor têm um efeito bastante forte sobre a saúde, principalmente nas pessoas idosas e com maior vulnerabilidade e para a sociedade como um todo, podendo acarretar problemas não só cardiovasculares e desidratação. São pontos de preocupação e grande alerta”. A ministra acrescentou que o problema vai além, e causa impacto na possibilidade do uso racional dos recursos, como a água. Segundo Nísia, a preocupação com as ondas de calor faz parte de um dos quatro eixos prioritários da conferência de institutos nacionais de saúde pública: mudanças climáticas e saúde. 

Poluição: 76 mortes em SP por síndrome respiratória

Entre agosto e a primeira semana de setembro, São Paulo registrou 1.523 notificações de síndrome respiratória aguda grave (Srag) e 76 mortes, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. O aumento coincide com o crescimento das queimadas no Brasil, que prejudicaram a qualidade do ar na cidade. A fumaça pode causar inflamações pulmonares e respiratórias, semelhantes aos danos causados por cigarro, além de agravar doenças crônicas como asma e bronquite. Crianças e idosos são os mais vulneráveis. Especialistas recomendam o uso de umidificadores e cuidados com a higiene para minimizar os efeitos. Além de problemas respiratórios, as queimadas podem desencadear doenças cardiovasculares, como infartos e angina. Como resposta, o governo de São Paulo lançou um plano emergencial para lidar com os impactos das queimadas, ampliando o atendimento em cidades como Ribeirão Preto. 

O importante monitoramento da mpox

No mesmo evento do G20 no Rio de Janeiro, a ministra comentou a situação da emergência da mpox, antiga varíola dos macacos. Segundo Nísia, o Brasil está monitora o risco de entrada da nova variante da doença, mais perigosa, e o Centro de Operações de Emergência em Saúde está atuando desde 15 de agosto. Até o momento, não houve casos da nova variante no país, mas o vírus circula desde 2022, afetando principalmente pessoas com outras condições, como HIV. A vigilância e a cooperação com a OMS são fundamentais, segundo Nísia, e o Brasil é um dos países que está pesquisando para o desenvolvimento de uma vacina contra a mpox. Além disso, a ministra anunciou a distribuição de 9 milhões de doses da vacina Qdenga contra a dengue, em 2025. Um calendário dentro do plano de enfrentamento será apresentado ainda este mês.

Estudo verifica benefícios da vacina contra VSR em idosos

Um estudo publicado no Canadian Medical Association Journal revelou que vacinas contra o vírus sincicial respiratório (VSR) para idosos com 70 anos ou mais, e com comorbidades, são vantajosas tanto para a saúde pública quanto do ponto de vista econômico. O estudo utilizou dados do Canadá e mostrou que vacinar essa população é a estratégia mais eficaz. O benefício também pode ser estendido a outras faixas etárias, a depender do custo da vacina. Embora o estudo tenha foco exclusivo no Canadá, ele ressalta a importância de medidas para prevenir o VSR, uma infecção grave que afeta principalmente idosos e crianças, causando até 75% dos casos de bronquiolite em bebês. No Brasil, duas vacinas e dois anticorpos monoclonais estão aprovados. 

O porquê das recusas à doação de órgãos

O Brasil, um dos líderes mundiais em transplantes de órgãos, enfrenta altas taxas de recusa familiar à doação, o que contribui para que cerca de 3 mil pessoas morram anualmente enquanto aguardam transplantes. No primeiro semestre de 2023, ocorreram 1.793 mortes, incluindo 46 crianças. Apesar de 4.579 transplantes de órgãos terem sido realizados nesse período, a fila de espera ainda é extensa, com 64.265 adultos e 1.284 crianças. A principal razão para a baixa taxa de doações é a recusa familiar, que atinge 45% dos casos, com variações regionais significativas. A recusa à doação é influenciada principalmente por desinformação: há uma ideia disseminada de que os órgãos irão para o comércio – ilegal no Brasil –, além da crença de que apenas ricos se beneficiam da doação. Outro fator importante é o impacto emocional da perda inesperada de um familiar jovem. Também provoca a recusa familiar o atendimento inadequado nos hospitais. A falta de acolhimento adequado e o medo de mutilação do corpo também dificultam o consentimento para a doação. Outro desafio é a falta de estrutura hospitalar para determinar a morte encefálica, além do impacto do atendimento inadequado às famílias durante o processo.

Leia Também: