Nísia defende ação climática no G20
• Saúde no G-20: Brasil defende soberania sanitária • Meio ambiente também é pauta nas reuniões • 50 dias a mais de calor extremo, em 2023 • Dois novos casos de sarampo em SP • Embalagens de cigarro deverão atualizar rótulos antitabagistas •
Publicado 31/10/2024 às 11:19
Nesta semana, o G-20 saúde faz uma série de reuniões com autoridades sanitárias dos seus países-membros, nas quais os temas centrais do setor são discutidos, em busca de possível consenso. Em sua participação, a ministra da Saúde brasileira, Nísia Trindade, reforçou a agenda brasileira, que segue as recomendações da OMS no pós-pandemia, cujo sentido é o de ampliação da soberania sanitária dos países em desenvolvimento. Além disso, defendeu a importância do conceito One Health, traduzido no Brasil no Plano de Ação Uma Só Saúde recentemente apresentado por sua pasta. Isso significa que políticas de saúde estão interligadas ao conjunto de ações de governo no sentido da proteção da vida humana, animal, vegetal, noção diretamente associada às mudanças climáticas.
Justiça social, ambiental e sanitária
Dessa forma, Nísia foi taxativa em afirmar que qualquer plano de ação em saúde pública deve priorizar justiça e equidade sociais, uma vez que a desigualdade tende a manter um alto nível de destruição ambiental, com consequências cada vez mais incalculáveis na saúde coletiva. Na mesma direção, Ethel Maciel, secretária de Vigilância Sanitária, defendeu a importância do combate à fome, participação social na elaboração de políticas de saúde com respeito às particularidades regionais e destacou que o combate à resistência antimicrobiana é um dos principais desafios do campo da saúde. Isso porque as alterações climáticas e mudanças das cargas virais têm gerado evoluções mais rápidas em zoonoses, com potencial de se tornarem mais resistentes às formas disponíveis de tratamento. Na presidência rotativa do G-20, o Brasil terá sediado cerca de 120 reuniões ao longo deste ano. Os encontros referentes à agenda de saúde terminam nesta quinta, 31.
Calor extremo atingiu recordes em 2023
O 8º relatório Lancet Countdown on Health and Climate Change destaca que, em 2023, a população mundial enfrentou uma média de 50 dias a mais de calor extremo – o que afetou principalmente idosos e bebês. A mortalidade por calor entre pessoas acima de 65 anos atingiu recorde, e temperaturas elevadas prejudicaram o sono e colocaram em risco quem se exercita ao ar livre. O relatório, financiado pela Wellcome Trust e em colaboração com a OMS, aponta que a atual trajetória climática pode levar a um aumento de 2,7°C até 2100, com impactos devastadores para a saúde. O aquecimento também intensifica o estresse térmico e as ondas de calor, atingindo vulneráveis. O estudo alerta para a falta de adaptação ao crescente risco climático, e defende investimentos urgentes em energia limpa e medidas para reduzir os danos à saúde e garantir a continuidade de serviços essenciais. “Apesar dessa ameaça, vemos que os recursos financeiros continuam sendo investidos em coisas que prejudicam nossa saúde”, alertou Marina Romanello, diretora-executiva da Lancet Countdown, chamando atenção para a lentidão na transição energética.
Começa o VIII Simpósio do Cebes
Em Fortaleza, terá início hoje o VIII Simpósio do Cebes (Centro Brasileiro de Estudos em Saúde), sob o lema “Saúde é democracia, democracia é saúde”. Ao longo dos dias 31/10 e 1º/11, o Simpósio da entidade histórica do movimento sanitarista será espaço de discussões sobre “temas centrais para a defesa do SUS e dos direitos sociais, e faz parte de um esforço estratégico do Cebes para formular propostas concretas de políticas públicas”. Todos os debates poderão ser acompanhados no canal do Cebes, no Youtube. Contando com mesas como “Impasses e desafios na participação popular no SUS” e “A saúde e o SUS na disputa entre austeridade e direitos sociais”, o Simpósio terá a participação de movimentos sociais, pesquisadores de instituições como Fiocruz e IPEA e representantes do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Saúde.
Sarampo em São Paulo
Após a detecção de dois casos no estado, a vigilância epidemiológica emitiu um alerta para o sarampo em São Paulo, informa O Globo. A doença foi identificada em um casal de moradores da Zona Sul de São Paulo, que teve contato com uma pessoa infectada em um vôo de volta da Europa. Poucos dias após seu retorno ao Brasil, ambos desenvolveram sintomas do sarampo – e o homem não possuía histórico de vacinação documentada para a doença. No alerta, o Centro de Vigilância Epidemiológico (CVE) do governo de São Paulo reforçou a importância da imunização. Por sua vez, as autoridades municipais de Saúde da capital paulista informaram que intensificaram a vacinação contra o sarampo na região onde mora o casal. Em 2016, o Brasil chegou a eliminar o sarampo, mas ainda no governo Temer um novo surto teve início. Nos últimos dois anos, um Plano de Ação ajudou a conter a doença, mas ainda não voltou a eliminá-la.
Nova rotulagem de cigarros é aprovada pela Anvisa
A Anvisa aprovou novas normas para advertências sanitárias em embalagens e expositores de produtos derivados do tabaco, com validade de três anos e prazo de adequação de 12 meses. A partir de novembro de 2025, as novas mensagens serão obrigatórias, sendo que embalagens fora do padrão deverão ser retiradas dos pontos de venda. A atualização visa manter a eficácia dessas campanhas, que são fundamentais para a política antitabagista do país. Nessa nova leva de advertências, o fumo passivo será tratado com mais ênfase. Segundo o voto do diretor relator da Anvisa, Daniel Pereira, “É sobremodo importante assinalar que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo ativo é responsável pela morte de sete milhões de pessoas no mundo a cada ano, sendo que 1,2 milhão de pessoas vem a óbito em decorrência da exposição passiva aos produtos de tabaco”. Ele também reafirma a importância dos rótulos no combate ao tabagismo: “No enfrentamento deste problema, o uso das advertências sanitárias tem sido reconhecido mundialmente como uma medida eficaz para comunicar os riscos à saúde ocasionados pelo consumo de tabaco”.