Negacionista, Kennedy Jr. pode assumir Saúde nos EUA
• Negacionismo triunfa nos EUA • Alta no consumo de refrigerantes • Volta à pauta o Acordo das Pandemias • Faltam vacinas da dengue no mundo • OMS: 17 doenças chave devem ser prioridade • Hospital municipal é interditado em SP
Publicado 07/11/2024 às 10:14
Mesmo depois de encabeçar uma desastrosa política sanitária na pandemia que fez dos EUA o epicentro do coronavírus, Donald Trump venceu as eleições presidenciais norte-americanas de ontem (5/11) reafirmando seu perfil anticientífico em questões de saúde. Durante a campanha, ele oficializou o convite a Robert Kennedy Jr. para chefiar o setor. Seu cargo ainda não está definido, mas deve ficar entre a chefia do FDA (Food and Drug Administration) ou do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), as duas grandes agências de regulação médica e sanitária do país. Como mostra matéria de Sandra Cohen, Kennedy Jr., que chegou a ter 10% das intenções de votos como candidato independente e é rompido com sua tradicional família política, se declarou contra políticas de isolamento social da pandemia, propaga a tese inverídica de que o autismo é causado por vacinas e promete proibir a adição de flúor na água, uma tradicional medida de combate às cáries.
Consumo de bebidas açucaradas cresce no mundo
Pesquisa publicada no British Medical Journal analisou hábitos de consumo alimentar de crianças e adolescentes entre 1990 e 2018 e concluiu que houve aumento médio de 23% do consumo de bebidas com grande teor de açúcar e aditivos artificiais. Entre os países de grande população, o Brasil apresenta maior índice de redução de tais hábitos na rotina alimentar no período estudado, ainda que os especialistas afirmem a necessidade de diminuir ainda mais. A população brasileira reduziu seu consumo de 8,1 para 5,1 porções semanais, ainda acima de regiões como o Sudeste asiático, de 1,3 porção, enquanto a América Latina atinge 9,1 porções. Para os especialistas ouvidos pela Agência Einstein, os prejuízos de tais produtos alimentares não se referem só à saúde, com aumento da vulnerabilidade a doenças crônicas, mas também em processos de destruição ambiental, em razão da preferência por alimentos industrializados no lugar dos naturais.
Acordo das Pandemias volta a ser debatido
Nesta segunda, representantes diplomáticos de dezenas de países voltaram a se reunir na OMS para tentar chegar a um acordo sobre as próximas pandemias. O cerne da questão é a oposição entre interesses do capital farmacêutico e uma política de distribuição mais igualitária e não pautada pelo aspecto comercial de vacinas e demais insumos. O ponto da discórdia é o compartilhamento de avanços tecnológicos para a produção de novos imunizantes, com acesso facilitado aos princípios ativos e seu compartilhamento com laboratórios de países que não possuem autonomia sanitária nem grandes recursos econômicos para produzir insumos. Isso significa diminuir o peso das patentes na produção de vacinas. A expectativa é que um primeiro acordo seja firmado num prazo de duas semanas. No entanto, os pontos essenciais que protelaram o pacto ficariam para uma segunda etapa da discussão.
Aliança por vacinas preocupada com a dengue
A Gavi, sigla em inglês para Aliança Global por Vacinas, manifestou em sua participação no grupo de trabalho de saúde do G20, recém-reunido no Rio de Janeiro, uma preocupação com a garantia de imunizantes contra a dengue. Como mostrou a epidemia recorde deste ano no Brasil, a doença tende a se expandir, inclusive para partes do mundo onde não existia até poucos anos, fenômeno diretamente associado ao aquecimento global. Para a Gavi, a vacina não será garantida a todos os necessitados se produzida apenas pelo laboratório japonês Takeda, que vendeu vacinas ao Brasil para este e o próximo ano. No entanto, sua capacidade produtiva não permite uma entrega suficiente para toda a população. Ainda assim, a posição do Brasil é relativamente vantajosa neste tema, uma vez que o país adquiriu mais vacinas, além de ter um imunizante próprio em desenvolvimento no Butantan em fase final de aprovação. Por sua vez, a Fiocruz tenta uma parceria produtiva com a Takeda para iniciar a produção da Qdenga em seus laboratórios, o que aumentaria a oferta ao público.
OMS pede prioridade a 17 doenças
A Organização Mundial da Saúde divulgou uma pesquisa que visa reorientar regionalmente o investimento em vacinas. A partir de uma lista de 17 doenças consideradas prioritárias, a OMS tenta desenvolver uma estratégia de desenvolvimento de insumos para combatê-las de acordo com as características epidemiológicas de cada parte do mundo e suas necessidades locais. O trabalho também reforçou a importância de se manterem pesquisas de desenvolvimento de tratamentos para HIV/Aids, tuberculose e malária, responsáveis por 2,5 milhões de mortes anuais. A resistência antimicrobiana é outro alvo da nova política da OMS, que em linhas gerais pede maior engajamento no desenvolvimento de tratamento a doenças sem necessariamente haver garantia de retorno comercial.
Vigilância fecha segundo hospital em São Paulo em um ano
Nesta terça, em São Paulo, foi interditado o Hospital Municipal da Bela Vista, inaugurado em 2020 para atender pacientes de covid. O motivo da interdição seriam as irregularidades estruturais do prédio, que não atenderiam às normas da Anvisa e do Cremesp. Gerido pela organização social filantrópica Nova Esperança, o hospital alega ter condições de salubridade. Mas com a decisão, ele não pode realizar internações e deve transferir seus atuais pacientes em até 30 dias. Em novembro de 2023, o Hospital Brigadeiro também foi interditado pelos mesmos órgãos, em razão de falta de laudo do Corpo de Bombeiros para seu edifício. A Secretaria Municipal de Saúde ainda não finalizou as exigências para a reabertura do equipamento público.