Naufraga o suposto acordo de Lira com a saúde privada

• Operadoras de seguros de saúde não suspendem cancelamentos • 250 dias de horror em Gaza • Medicina para as pessoas na Bélgica • Dengue na Europa • Saúde mental no Rio Grande do Sul • Recursos para redução das filas de cirurgia •

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
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Após a última explosão da crise da saúde privada, o presidente da Câmara dos Deputados anunciou um acordo com os magnatas das operadoras para suspender os cancelamentos de planos de saúde. Contudo, dizem mães à reportagem do UOL, esse foi um “acordo de mentirinha” e as medidas arbitrárias e ilegais seguem a todo vapor. Elas revelam que seus filhos – portadores de autismo, paralisia cerebral e outras condições delicadas – tiveram seus planos cancelados pelas redes Amil e Unimed Ferj depois da data do acordo. Em alguns casos, os pequenos estão ligados a aparelhos de propriedade dos planos – e a retirada dos equipamentos, que as empresas ameaçam fazer nos próximos dias, pode custar suas jovens vidas. A cobertura foi negada até mesmo a uma mulher que conseguiu uma liminar na Justiça para restabelecer o plano de saúde do filho. A habilidade política de Arthur Lira, ao que parece, não foi o suficiente para aplacar a voracidade da medicina de negócios.

A saúde de Gaza, 250 dias depois

Nesta quarta-feira (12/6), autoridades sanitárias palestinas divulgaram dados devastadores sobre a calamidade de saúde na Faixa de Gaza. De acordo com as informações oficiais, 10 mil pacientes de câncer no enclave “correm risco de morte e precisam de tratamento urgente”. Além disso, 71 mil casos de hepatite viral já foram registrados entre os deslocados da guerra e 60 mil mulheres grávidas podem perder seus bebês devido à falta de cuidado pré-natal. A saúde de mais de 350 mil pacientes com doenças crônicas se deteriora com a impossibilidade de acessar medicamentos, imposta pelo bloqueio israelense. 498 profissionais de saúde palestinos já foram mortos por Israel desde o início do massacre, enquanto outros 316 foram presos. No total, 17 mil crianças de Gaza perderam pelo menos um de seus pais – parte de um saldo total de 37,2 mil óbitos de palestinos registrados até o momento.

Saúde impulsiona a esquerda na Bélgica

A cobertura das eleições legislativas da União Europeia na mídia comercial destacou o avanço dos partidos de extrema-direita. Contudo, o descrédito dos governos neoliberais e pró-guerra também abriu espaço – ainda que mais modesto – para propostas emancipatórias. No país-sede do Parlamento Europeu, o Partido dos Trabalhadores da Bélgica (PTB) duplicou sua bancada e angariou 10,7% dos votos, em parte devido à sua intervenção prática na Saúde. Os militantes do PTB impulsionam a Médecine pour le Peuple (MPLP), uma rede de 11 clínicas que oferecem cuidados gratuitos à população e promovem campanhas em torno de pautas como melhores condições de trabalho para os profissionais da área, uma abordagem centrada na promoção e prevenção da saúde e a redução dos preços dos medicamentos. O documento-base da MPLP, “Porque a saúde é um direito”, já revela em seu próprio título as convicções da rede. A defesa do sistema público de saúde foi um dos carros-chefe da campanha do PTB, o que sugere que ainda há audiência para propostas de bem-estar social no velho continente.

Dengue em alta na Europa

Considerada uma doença tropical, a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti já atinge o hemisfério norte há pelo menos 15 anos. Sua aparição em partes do mundo menos quentes parece ser mais uma evidência das alterações climáticas, assim como a epidemia de proporções inéditas vivida pelo Brasil em 2024. E isso se reflete em números cada vez mais altos de infecções. No continente europeu, apenas em 2023, foram 130 casos, mais do que a soma do período de 2010 a 2021, quando foram contabilizados 73 – mesmo número de 2022 sozinho. Assim, a Europa começa a assimilar o fato de que a doença tende a incidir cada vez mais em sua população. Segundo  o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças, 13 países do continente já têm “populações autossustentáveis” do mosquito. “Já é amplamente previsto que as alterações climáticas terão grande impacto na propagação de doenças transmitidas por mosquitos na Europa”, afirma o órgão.

100% dos portoalegrenses mais pobres com problemas de saúde mental

Uma parceria entre psiquiatras do Hospital de Clínicas da cidade e a Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam) realizou um levantamento entre moradores da capital do Rio Grande do Sul. Questionou os graus de estresse, cansaço extremo e ansiedade. Os resultados são ilustrativos do impacto das chuvas que destruíram o estado na vida das pessoas: 100% dos entrevistados cuja renda familiar chega até R$ 1,5 mil alegam ansiedade, e as taxas referentes a depressão ou exaustão, que leva ao chamado burnout, atingem 71% e 69% dos respondentes Nos estratos superiores de renda os números também são altíssimos, com 86% a dizer que sofrem ansiedade e 35% depressão, entre aqueles de renda superior a R$ 10 mil. A pesquisa foi realizada por meio de questionário virtual, acessado voluntariamente pelos entrevistados.

Saúde investirá R$1 bilhão na redução de fila de cirurgias

Lançado em abril, o programa Mais Acesso a Especialistas tenta agilizar o tempo de encaminhamento de pacientes da atenção primária aos médicos especialistas da média e alta complexidade. A iniciativa veio na sequência da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, cuja lei instituída em dezembro determina que pacientes oncológicos devem ser encaminhados para suas terapias em no máximo 60 dias. Agora,a ministra Nísia Trindade anuncia investimentos de R$ 1 bilhão para a redução da fila de cirurgias do SUS, a fim de efetivar os objetivos deste pacote de políticas. O Ministério da Saúde estimava cerca de 1 milhão de procedimentos represados quando iniciada a atual gestão, e por ora o país conseguiu realizar cerca de 60% deles. No entanto, ainda há gargalos informativos de alguns estados, que até hoje não integraram seus dados. Dessa forma, as novas políticas também dialogam com a criação do SUS Digital, aplicativo acessível ao público feito para a centralização definitiva dos dados em saúde dos brasileiros. Além disso, o ministério mudou a forma de pagamento por procedimentos cirúrgicos, passando a observar o resultado e as condições específicas do paciente na continuidade de seu tratamento.

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