Nature: Amostras de Wuhan não são próximas do vírus da covid
• Covid não tem origem em laboratório chinês • OMS investiga doença que matou 30 no Congo • Anvisa sofre com falta grave de pessoal • Avança vacinação para HPV • Mais R$ 693 bi para tratar câncer de mama • Teste de tuberculose aprovado •
Publicado 09/12/2024 às 10:58 - Atualizado 09/12/2024 às 11:02
Na semana passada, a disputa em torno da origem do vírus da covid-19 registrou dois novos episódios. Primeiro, na segunda-feira (2/12), um subcomitê de investigação do Congresso dos EUA aprovou um relatório em que “conclui” que o agente patogênico vazou de um laboratório de virologia em Wuhan, na China. Contudo, frisa a revista norte-americana Science, “as 520 páginas do relatório não apresentam nenhuma evidência nova e direta de um vazamento de laboratório, apenas resume um argumento circunstancial” contra a ideia de uma origem natural do coronavírus.
Já na sexta-feira (6/12), a cientista-chefe do laboratório de Wuhan, Shi Zhengli, apresentou em uma conferência no Japão amostras de dezenas de coronavírus estudados em suas instalações. De acordo com a também estadunidense Nature, mostrou-se que nem o SARS-CoV-2 e nem “parentes próximos” dele estavam armazenados ali. “Os resultados sustentam a afirmação [da cientista] de que o laboratório não contava com sequências genéticas de vírus próximos do SARS-CoV-2”, afirma a revista. São indícios, ainda que não conclusivos, de que a tese norte-americana de uma origem laboratorial da covid-19 tende a ser mais geopolítica que epidemiológica.
OMS envia equipe ao Congo para investigar doença não identificada
Em resposta ao surto de uma doença não identificada na República Democrática do Congo, noticiado por este boletim na sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviará uma equipe ao país para investigar a crise. Circulando na região de Panzi, de difícil acesso, a doença já causou 30 óbitos e há 394 casos notificados, de acordo com o Ministério da Saúde local. Entre os sintomas identificados, noticia a Reuters, estão a dor de cabeça, tosse, febre, dificuldade de respirar e anemia. A equipe de especialistas despachada pela OMS oferecerá medicamentos essenciais para os afetados pelo surto e também trabalhará para identificar a doença que o está causando. Testes de laboratório serão conduzidos para determinar de forma mais precisa do que se trata a enfermidade.
Barra Torres alerta para risco de colapso da Anvisa
A duas semanas do fim de seu mandato, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, concedeu uma entrevista a O Globo onde alerta para o risco de colapso da autarquia em 2025 por falta de pessoal. Barra-Torres – que chegou a seu posto por indicação de Jair Bolsonaro, com quem se desentendeu – alega que insiste com Lula na necessidade de contratação massiva para a Anvisa desde a transição. Apesar disso, apenas 50 novas vagas foram autorizadas pela gestão federal. Há meses, uma cobrança de Lula para que o órgão acelerasse a aprovação de novos remédios foi respondida com uma carta pública de Barra Torres, que expôs as dificuldades que a Anvisa enfrenta pela insuficiência de seu atual corpo técnico. “Tem que ter gente para trabalhar. Isso [falta de atenção] acontecia no governo passado porque era negacionista. E o governo atual? O presidente se vacinou na primeira semana que sentou na cadeira. A gente falou: ‘Agora vai’. Não foi”, lamenta o diretor-presidente da autarquia.
Vacinação contra o HPV avança nas escolas
Como informa a Agência Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que o Brasil está próximo de alcançar as metas de vacinação contra o HPV. Para atingir o objetivo de imunizar 90% do público-alvo (composto por meninos e meninas de 9 a 14 anos de idade), as autoridades avaliam que ainda é preciso ampliar a cobertura entre os jovens do sexo masculino, que historicamente se vacinaram menos contra este vírus. O HPV é mais associado no imaginário social ao câncer de colo de útero, mas também pode causar, por exemplo, câncer no pênis. À agência, o diretor do Programa Nacional de Imunizações associa o crescimento das taxas de imunização à introdução da vacinação contra o HPV nas escolas. “Precisamos dizer: ‘olha, é uma vacina contra o câncer, que vai salvar vidas’ e garantir o acesso diferenciado, porque o adolescente não vai para o posto, então precisamos fortalecer a vacinação nas escolas”, diz Eder Gatti.
Nísia anuncia novas terapias para câncer de mama no SUS
Na sexta-feira (6/12), a ministra Nísia Trindade anunciou o investimento de R$693 milhões em um programa voltado ao cuidado com o câncer de mama. Com o novo Protocolo Clínico e de Diretrizes Terapêuticas (PCDT), cinco novos procedimentos que auxiliam o tratamento deste tipo de câncer serão incorporados pelo SUS – além da videolaparoscopia para oncologia. As portarias ligadas ao novo PCDT deverão ser assinadas no dia 19 de dezembro, após a próxima reunião tripartite de gestores da saúde. Segundo nota no site do MS, as novas formas de cuidado com os pacientes serão integradas ao novo Programa Mais Acesso a Especialistas, que a pasta sinaliza ser uma de suas prioridades. Com um tratamento mais ágil, há menos chances da doença se desenvolver, o que causaria mais danos à saúde do paciente e mais custos ao SUS.
Pela primeira vez, OMS dá aval para teste de tuberculose
Na quinta-feira (5/12), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a pré-qualificação de um teste de tuberculose fabricado pela empresa norte-americana Cepheid. É a primeira vez que um teste voltado à detecção da doença é aprovado pela agência das Nações Unidas. A pré-qualificação é considerada um passo importante para a utilização de uma tecnologia de saúde, porque autoriza a OMS a adquiri-la e distribuí-la entre os países que dela precisam. No caso da tuberculose, que segue sendo a doença mais infecciosa que mais mata no mundo, a detecção precoce é essencial para o objetivo de reduzir substancialmente os óbitos e as infecções – e, por isso, a aprovação de uma ferramenta de diagnóstico está sendo considerada crucial. Por outro lado, entidades como os Médicos Sem Fronteiras destacam: o preço do teste precisa ser reduzido pela Cepheid para que ele seja um aliado decisivo no enfrentamento da tuberculose.