MSF: EUA querem forçar Brasil a priorizar Big Pharma
• EUA querem interferir na análise de patentes no Brasil • Américas precisam dar atenção à febre oropouche • E MAIS: câncer em Campinas; covid no Rio; sarampo nas fronteiras; soberania nacional •
Publicado 04/09/2025 às 13:20
Na manhã de ontem (3), os Estados Unidos realizaram uma audiência para discutir as políticas do Brasil que alegadamente “discriminam” seus interesses comerciais. Entre outras queixas, o governo Trump alega que a análise rigorosa de pedidos de patente pelas autoridades brasileiras prejudica as farmacêuticas estadunidenses.
A entidade humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), que participou da audiência, apontou em nota que essa interferência dos EUA pretende “forçar o Brasil a estabelecer medidas relacionadas à propriedade intelectual que interferem na autonomia do país em decisões referentes à saúde pública”, dificultando o uso de genéricos.
A organização reforça que o Brasil já cumpre todas as exigências internacionais no que se refere à propriedade intelectual, e não precisa mudar seus critérios. A consequência de atender à chantagem norte-americana seria colocar em risco o acesso dos brasileiros a diversos medicamentos – assim como as patentes já dificultam o uso do lenacapavir, para HIV, e da bedaquilina, para tuberculose.
Em sua nota, MSF também lembra que os Estados Unidos “tem historicamente ameaçado países como Índia, China, Malásia, Chile, Colômbia e vários outros” por seus critérios de patenteabilidade desfavoráveis à Big Pharma e uso do licenciamento compulsório – a medida conhecida popularmente como “quebra de patente”.
“Os EUA estão colocando os interesses comerciais de empresas farmacêuticas acima dos interesses de todas as pessoas que precisam de acesso a medicamentos”, afirma Rachel Soeiro, Coordenadora do Hub das Américas de MSF Acesso.
OPAS pede atenção à oropouche
Em meio à uma série de surtos de chikungunya e febre oropouche, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) pediu aos países das Américas o fortalecimento da vigilância e controle vetorial para enfrentar as doenças.
O alerta epidemiológico publicado pelo escritório regional da Organização Mundial da Saúde para o continente americano indica que 212 mil casos de chikungunya, além de 100 mortes, foram registrados até agosto. Em sua maioria, foram notificados por Bolívia, Brasil e Paraguai. No mesmo sentido, 12,7 mil casos de oropouche foram confirmados em 11 países da região. A expansão dessa febre para além da Amazônia “reforça a necessidade de fortalecer a vigilância”, diz a Opas.
A organização indica aos países a adoção de uma série de medidas, como a eliminação de criadouros de mosquito, a aceleração do diagnóstico por meio de testes PCR e a participação comunitária na execução de estratégias epidemiológicas.
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Atendimento oncológico suspenso em Campinas
Os atendimentos a pacientes com câncer realizados pelo Hospital de Amor em Campinas (SP) foram suspensos nesta segunda-feira (1°), após o término do convênio com a prefeitura da cidade. O que disse a Secretaria Municipal de Saúde?
Covid-19 no Rio de Janeiro
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro divulgou, nesta terça-feira (2), a nova edição do Panorama Covid-19, que indicou o aumento em três dos oito indicadores precoces da saúde, com tendência de crescimento nas últimas quatro semanas, sobretudo entre crianças. Saiba mais.
Dia D contra sarampo no MS
No último sábado (30/8), os municípios de Mato Grosso do Sul participaram do Dia D de vacinação contra o sarampo. A mobilização integra a estratégia nacional do Ministério da Saúde para impedir a entrada da doença no país, especialmente em regiões de fronteira. Veja pronunciamentos de autoridades envolvidas.
Manifesto pela soberania Nacional
No dia 1º de setembro, no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, o Cebes e outras entidades presentes assinaram o manifesto “A soberania do Brasil não se negocia”, redigido no contexto das recentes ameaças sofridas pelo país. Leia na íntegra.
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