MS lança seleção de médicos para Agora Tem Especialistas
• Edital para médicos especialistas no SUS • Residência terapêutica em risco em Porto Alegre • Internações involuntárias nos EUA • E MAIS: Brumadinho; Elevidys; alfabetização em saúde; fibromialgia •
Publicado 28/07/2025 às 13:58
Nesta quinta-feira (24), o Ministério da Saúde anunciou vagas para médicos especialistas em sua nova iniciativa voltada à atenção especializada, noticia a Agência Brasil. Ao longo de 12 meses, os selecionados atuarão em “atividades assistenciais” ligadas ao programa Agora Tem Especialistas e participarão de cursos de aprimoramento. Das 1,7 mil vagas ofertadas, 635 “terão início das atividades em setembro” e as demais servirão de cadastro de reserva.
O edital (disponível aqui) prevê a contratação dos profissionais por meio do Projeto Mais Médicos Especialistas – isto é, eles serão remunerados por meio de uma “bolsa-formação” em uma relação que não “configura vínculo empregatício”, assim como no Programa Mais Médicos. Sem dúvida, o caráter emergencial de ações como o Agora Tem Especialistas para remediar a situação da atenção especializada deve ser levado em consideração. No entanto, médicos de família já apontaram que a contratação de bolsistas para ações que envolvem muito mais trabalho do que ensino periga normalizar a precarização das relações de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS).
Gaúchos rejeitam terceirização de residencial terapêutico
Na terça-feira (22/7), um protesto mobilizou a população gaúcha contra a terceirização dos serviços de saúde mental em Porto Alegre. De acordo com o Sul21, os participantes denunciam a proposta da prefeitura de Sebastião Melo, que privatizaria a gestão do Residencial Terapêutico Nova Vida (RTNV) e mudaria seu endereço, desalojando os atuais moradores. O equipamento é considerado uma “referência no acolhimento de pessoas com transtornos mentais graves e persistentes que estiveram em longa internação psiquiátrica”.
Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) são considerados uma ferramenta essencial para garantir um teto a pessoas que precisam de cuidados sem trancá-las em manicômios. Em alinhamento com a abordagem Housing First, as SRTs partem da concepção de que não há saúde mental sem direito a moradia digna. A proposta de despejar os usuários que moram no RTNV vai na contramão desses princípios, e é alvo de fortes críticas.
Trump quer mais internações involuntárias
A ofensiva contra os princípios do cuidado em liberdade não se restringe ao Brasil. Também na quinta-feira (24), Donald Trump assinou uma ordem executiva que facilita a internação involuntária de pessoas em situação de rua nos Estados Unidos, ao pôr fim à necessidade de consentimento. Em nota que enumera as mudanças previstas, a Casa Branca caracteriza a medida como uma “ação para acabar com o crime e a desordem nas ruas dos EUA”. Em junho, Trump já havia cortado US$1 bilhão da agência federal de serviços de saúde mental e abuso de substâncias, como lembra o Washington Post.
Como afirmou em maio o sanitarista Túlio Batista Franco na sua coluna em Outra Saúde, é possível descrever o incentivo às internações voluntárias como “uma medida que tem tudo para se transformar em criminalização da pobreza, grupos e pessoas que organizam a sua vida fora do sistema de acumulação”.
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