MS distribui 6,5 milhões de testes rápidos da dengue
• Dengue: testes são enviados aos estados • Vacinas do Butantan, promessa para 2026 • São Paulo prevê ano difícil com arbovirose • Produção de imunizante contra a gripe aviária • Pediatria do DF privatizada? • Mortes no trânsito ainda preocupam •
Publicado 24/01/2025 às 15:40 - Atualizado 24/01/2025 às 15:43
Na quarta-feira (22/1), a Agência Brasil noticiou que o Ministério da Saúde encaminhará 6,5 milhões de testes rápidos da dengue para todo o país, com o objetivo de facilitar a detecção precoce de casos da doença. O estado de São Paulo, que foi impactado de forma recorde pela arbovirose no ano passado, receberá 2 milhões dos testes. De acordo com a secretária Ethel Maciel, os testes rápidos serão uma estratégia complementar às que já são utilizadas para controlar o vírus e seu vetor.
Reforçando o que já vem sendo discutido desde o ano passado, a ministra da Saúde afirmou no mesmo dia que outra ferramenta do enfrentamento da doença, as vacinas, também cumprirão um papel ainda complementar neste ano. “O Butantan está produzindo, mas não há previsão de uma vacinação em massa neste ano de 2025, isso é muito importante colocar, independente da Anvisa, porque é preciso ter escala nessa produção”, esclareceu Nísia Trindade.
Esper Kallás: “Grande impacto da vacina da dengue deverá ser em 2026”
No mesmo sentido das declarações da ministra, o diretor do Instituto Butantan, que atualmente desenvolve e começa a fabricar um imunizante nacional de dose única, afirmou em entrevista a O Globo que o “grande impacto da vacina […] deverá ser em 2026”. O infectologista Esper Kallás explica que o instituto que dirige prevê fabricar 100 milhões de doses da Butantan-DV em 2026 e 2027 – mas que até lá, a expectativa é bem menor, de 1 milhão de doses.
A vacina ainda não recebeu o registro da Anvisa, e as quantidades que já estão sendo fabricadas “sob risco” – isto é, sem o aval definitivo da autarquia – servem para testar melhorias e avaliar a capacidade do instituto, ele diz. Enquanto o ganho de escala não for concretizado, o Butantan pretende colaborar “ajudando a ampliar a informação sobre temas relacionados à prevenção da doença e de combate ao vetor”, indica Kallás. Por enquanto, ele avalia, os dados de 2025 se mostram muito similares aos de 2024, o que sugere que enfrentar a dengue seguirá mais desafiador que antes.
Situação da dengue será difícil em São Paulo
Corroborando as demais avaliações, o governo de São Paulo admitiu nesta quinta-feira (23/1) que terá um ano “difícil” no combate à dengue no estado, onde 33 municípios já decretaram emergência devido ao grande número de casos registrados. Metade das amostras coletadas são associadas ao sorotipo 3 do vírus, apontam dados da Secretaria Estadual de Saúde. Essa variedade específica não circulava amplamente há 17 anos, e portanto não há imunidade significativa na população.
O fato de que a vacina Butantan-DV será tetravalente – isto é, capaz de imunizar contra os quatro sorotipos da dengue – é uma esperança, mas ela ainda não estará disponível de forma massiva neste ano. “O que nos resta agora é combater o vetor e estruturar a rede de saúde para atender os casos que vão chegar”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas. Como medidas imediatas para enfrentar a dengue, o governo paulista anunciou a criação de um Centro de Operações de Emergência (COE) e um repasse de verbas aos municípios.
Como anda a vacina do Butantan contra a gripe aviária
Na mesma entrevista para O Globo em que abordou a dengue, Esper Kallás também trouxe informações sobre o andamento das pesquisas com a vacina do Butantan contra a gripe aviária. A fase pré-clínica já foi concluída, e o pedido para iniciar as fases 1 e 2 dos estudos está nas mãos da Anvisa.
Os esforços avaliarão “se essa vacina consegue induzir anticorpos protetores após duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas”, esclarece. O imunizante busca oferecer proteção contra o vírus H5 – que, em seu subtipo H5N1, acaba de causar uma morte nos Estados Unidos. Com as pesquisas e o processo de fabricação do produto, o Butantan também tem o objetivo de testar uma “rota de desenvolvimento” que permita “adaptar essa vacina dependendo do vírus que eventualmente cause uma pandemia”, adiciona Kallás.
Saúde do DF sofre ofensiva privatista
O governador Ibaneis iniciou o ano apresentando uma série de propostas de privatização da saúde do Distrito Federal, conta o Brasil de Fato. Em aviso no Diário Oficial, seu governo anunciou o plano de entregar à iniciativa privada a contratação de serviços de pediatria no SUS da capital. A pediatria está no centro de uma crise na saúde pública local, após a morte de várias crianças do DF por falta de assistência adequada no ano passado.
O Sindicato dos Médicos do DF criticou a decisão, apontando que as vagas abertas – que nem mesmo cobrem todo o déficit de pediatras na rede – serão precarizadas e foram abertas sem comunicação ao Poder Legislativo. “O que realmente precisamos é de valorização dos profissionais de saúde, com mais nomeações e concursos, para garantir um atendimento público e de qualidade”, defende a entidade. O governo de Ibaneis também pretende entregar a rede de exames e diagnósticos do Distrito Federal por 20 anos a uma Parceria Público-Privada (PPP).
Progresso “lento e desigual” contra as mortes no trânsito
Um relatório recém-divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indica que as mortes no trânsito caíram nas Américas, mas de forma “lenta e desigual”. O documento, publicado em língua espanhola, aponta que a redução desses óbitos foi de apenas 9,37% entre os anos de 2010 e 2021. Nesse último ano da análise, houve mais de 145 mil mortes ligadas a acidentes de trânsito.
Ao longo desse período, o Cone Sul e a Região Andina registraram quedas importantes nessas fatalidades. Por outro lado, a América do Norte e o Caribe Latino tiveram aumentos expressivos. Outra mudança foi o crescimento da porcentagem dos chamados “usuários vulneráveis” na estatística dos óbitos: motociclistas, pedestres e ciclistas passaram de 39% a 47% das vítimas. “Apesar dos esforços realizados, os números continuam inaceitáveis. É essencial que os países implementem medidas integrais para proteger todos os usuários das vias, especialmente os mais vulneráveis”, avaliou o diretor da OPAS, Jarbas Barbosa.