Mortes e maus tratos na rede de saúde mental do DF

• Duas mulheres morrem após maus tratos na saúde mental do DF • Sarampo em São Paulo • Vacina anticovid brasileira • Pelo fim da lei de alienação parental • E MAIS: Nascer no Brasil, aumenta hipertensão, bactéria em alimentos, genocídio em Gaza •

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O Hospital São Vicente de Paulo entrou no foco dos debates sobre a política de saúde mental após a morte de dois pacientes em 4 meses. Os acontecimentos parecem corolários de toda uma concepção de cuidado retrógrada e violenta, em oposição à Reforma Psiquiátrica, oficialmente adotada pelo país com a promulgação da lei 10.216 de 2001.

A partir do falecimento de duas mulheres com consistentes relatos de maus tratos e espancamentos, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) criou um grupo de trabalho para exigir a ampliação do número de leitos psiquiátricos na Rede de Assistência Psicossocial da capital. 

Além disso, o MPDFT sublinhou a falta de leitos para o público adolescente. O São Vicente de Paulo passou por reformas entre 2019 e 2023 e, em tese, tem condições de prestar bons serviços. No entanto, a falta de compromisso com os conceitos contemporâneos de promoção de saúde mental seria a causa central dos trágicos acontecimentos relatados na investigação.

De forma mais ampla, a crise na saúde do DF é crônica e se espalha por toda a rede pública, desde a atenção primária à hospitalar. Profissionais e movimentos organizados acusam o governador Ibaneis Rocha de sufocar propositalmente o SUS, a ponto de 40% dos territórios do DF não possuírem UBS – além da falta crônica de pessoal, boas condições de trabalho e, sobretudo, não execução do orçamento disponível.

Novo caso de sarampo confirmado na capital paulista

A Opas notificou a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a confirmação de um novo caso de sarampo. A infectada é uma criança de 1 ano, que recebeu atendimento de um serviço de saúde local, onde teve o diagnóstico. O caso é considerado importado, já que, segundo investigação epidemiológica – ainda em andamento –, o local provável de infecção não foi o município de São Paulo. Em outubro de 2024, a capital já havia registrado dois casos importados de sarampo, que foram os únicos do ano. 

A vacina contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Em 2024, o Brasil foi novamente certificado pela Opas pela eliminação da doença, tendo em vista que desde 2022 o país não registrava nenhum caso dessas doenças. O primeiro certificado foi obtido em 2016, mas perdido em 2018, período em que foram registrados quase 40 mil casos. 

Novidades sobre a vacina contra covid da UFMG

Entre as vacinas nacionais que começaram a ser produzidas durante a pandemia contra a covid, a que está em estágio mais avançado é a feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na última quinta-feira (15), seus representantes anunciaram que foi concluída a fase 2 de testes, que avalia a capacidade do fármaco de gerar resposta imune. A SpiN-Tec, como é chamada, pode servir de reforço para esquemas com as vacinas que já são aplicadas no Brasil. 

Para que ela avance à fase 3, momento em que é testada em um número mais alto de humanos (5.300, segundo a universidade), precisa passar por uma aprovação da Anvisa. Caso isso aconteça, esse terceiro momento dura três anos, e, caso obtenha bons resultados, a SpiN-Tec poderia começar a ser distribuída aos brasileiros em 2028. A vacina da UFMG foi totalmente desenvolvida no país, com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e da prefeitura de Belo Horizonte. Um de seus benefícios é um menor custo de fabricação, justamente por ser feita com uma tecnologia já conhecida pela indústria brasileira. Caso a pesquisa chegue a termo, será o primeiro imunizante totalmente desenvolvido no país.

Os impactos da Lei de Alienação Parental na saúde coletiva

Completando 15 anos em 2025, a Lei de Alienação Parental tem demonstrado que ainda não alcançou seu objetivo declarado de proteger crianças em situações de conflito familiar. De fato, se mostra em muitos casos um obstáculo à ruptura do ciclo de violência e ao acesso a direitos. A Lei, formulada como resposta à Lei Maria da Penha, sob forte comoção de pais separados, foi introduzida sem discussão com conselhos profissionais de saúde.

Além de impactar diretamente o sistema de proteção à infância e às vítimas de violência doméstica, a Lei de Alienação Parental dificulta o diálogo e a superação de conflitos. Audiência pública realizada pelo MPF no início de maio de 2025 reiterou o amplo consenso entre entidades da Saúde quanto à urgência da revogação da Lei por seus efeitos deletérios, incluindo violação dos direitos das crianças e seu reconhecido viés de gênero. Em nota, a Abrasco, listando os aspectos jurídicos pelos quais a legislação é incompatível com os compromissos de saúde coletiva assumidos pelo Brasil, também recomenda a revogação da Lei.

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Mortes maternas em debate na nova Nascer no Brasil

Em uma das mesas do 62º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia (ocorrido na semana passada, no Rio), foi analisada a rede de maternidades a partir de dados da Pesquisa Nascer no Brasil 2. A meta do país é baixar as mortes maternas a 20 por 100 mil até 2030. Leia os principais dados apresentados.

Hipertensão em SP, culpa da alimentação?

Na cidade de São Paulo, o número de casos de hipertensão aumentou 79% nos primeiros três meses do ano, em comparação a 2024. Foram, no total, 114 mil. Um dos possíveis motivos para esse aumento, levantado por matéria na Folha, é o aumento da ingestão de ultraprocessados. Entenda por quê.

Bactéria detectada nos principais alimentos

Pesquisa publicada na Revista Ciência Rural apresentou dados levantados por três grandes universidades brasileiras a respeito da segurança de vários alimentos de origem animal amplamente consumidos. Foi identificada a bactéria causadora da listeriose em 7,3% das 248 amostras analisadas. O Brasil de Fato apresentou mais detalhes.

Gaza sem atendimento para câncer e coração

Segundo o diretor-geral da OMS, foi bombardeado e destruído por Israel o último hospital que oferece tratamento oncológico e cardíaco em Gaza. Não há mais, no enclave, qualquer equipamento para tratar serviços de neurocirurgia, atendimento cardíaco e tratamento de câncer. Um jornalista morreu no ataque. Veja o que diz a Médicos Sem Fronteiras.

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