Metas da Saúde em 2025: especialistas, vacinação, HIV e hepatites
• Os objetivos do ano para o SUS • Lula: EUA fazem “regressão civilizacional” • Andaraí e Cardoso Fontes reabrem emergência • Vacina de dose única contra VSR • Sofrimento de crianças e adolescentes • A desolação no RS pós-enchentes •
Publicado 31/01/2025 às 16:59
Uma reunião que envolveu a ministra da Saúde, Nísia Trindade, todas as secretarias do ministério e os conselhos dos secretários municipais e estaduais de saúde definiu as principais diretrizes para o SUS em 2025. No encontro do chamado Conselho Intergestores Tripartite, o controle de arboviroses como a dengue e o avanço do Mais Acesso a Especialistas, também relacionado com a diminuição das filas de cirurgias, foram destacados como objetivos essenciais.
Em nota, o ministério elencou outras cinco metas: “Plano Operativo da Base Nacional de Dados de Ações e Serviços da Assistência Farmacêutica no SUS (BNAFAR); Balanço da Rede Alyne (novo nome da Rede Cegonha, relativa à Política Nacional de Saúde Integral da Mulher); repasse financeiro para ações de vacinação em 2025; diretrizes para a eliminação da aids e da transmissão do HIV como problemas de saúde pública até 2030; guia para eliminação das hepatites virais no Brasil”.
Lula ataca Trump por retirar EUA da OMS
“Regressão civilizacional”. Foi essa a definição do presidente brasileiro a respeito do anúncio do novo presidente dos Estados Unidos de retirar o país da OMS e dos Acordos de Paris, referentes à adaptação global às mudanças climáticas. Maior financiador da entidade, a saída dos EUA abala diversas ações e convênios do órgão para controlar epidemias e oferecer insumos a países pobres em suas crises de saúde.
Além disso, Lula, que acabou de protagonizar um acordo de combate à fome nas reuniões do G-20 no Brasil, lembrou que os Estados Unidos já não tinham cumprido os acordos de Kyoto, em 2009. Suas declarações, assim como as reações de outros países como China, Japão e Coreia do Sul, podem ser sinal de que alguns países vejam na atitude estadunidense uma oportunidade de ocupar seu espaço em ações relativas à saúde nas nações mais imediatamente afetadas pelo desfinanciamento da OMS.
Hospitais federais reabrem emergência em breve
Recém-municipalizados, os hospitais federais do Andaraí e Cardoso Fontes, que faziam parte da rede de hospitais federais do Rio de Janeiro, terão suas alas de emergência reabertas nesta segunda, 3/2, após anos de desfinanciamento e abandono. O evento simboliza o processo de reorganização destes importantes hospitais de atendimento especializado do SUS, cujo sucateamento se tornou um relevante problema político e social, dada a importância de algumas de suas alas de alta complexidade.
O plano de reestruturação prevê repasses de cerca de R$ 1,5 bilhão, que permitirão tanto a reabertura de leitos como a contratação de pessoal, precarizados por anos de contratos provisórios. Outros hospitais federais também passam pelo processo de reorganização, a exemplo do Bonsucesso, que acabou de reinaugurar alas fechadas e será gerido pelo Grupo Hospitalar Conceição (vinculado ao governo federal e sediado no RS), enquanto outros ainda estão em fase de estudos a respeito de um novo modelo de gestão.
Nova vacina contra VSR chega ao Brasil
A Sanofi acaba de entregar à rede privada brasileira sua nova vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma infecção extremamente comum em crianças. O Beyfortus, nome dado ao imunizante à base de nirsevimabe, anticorpo monoclonal, isto é, uma célula portadora de um único anticorpo capaz de se reproduzir de forma ilimitada. Aprovado pela Anvisa em 2023, o novo produto vacinal ainda tem sua incorporação ao SUS sob análise da Conitec.
O país já dispõe de outros imunizantes contra esse vírus, responsável pela maior parte dos casos de bronquiolite – tanto em crianças como idosos, públicos mais vulneráveis a tais problemas respiratórios. Sua vantagem em relação aos demais é a aplicação em dose única. No SUS, apenas a vacina do anticorpo monoclonal palivizumabe é disponibilizada, enquanto a Abrysvo, da Pfizer, também tem sua absorção analisada pela Conitec.
Saúde mental: explosão de atendimentos de crianças e adolescentes no SUS
Um levantamento do Ministério da Saúde atesta um impressionante crescimento do número de atendimentos relacionados com ansiedade e transtornos derivados no SUS entre pessoas de 10 a 19 anos. O aumento de consultas em unidades de saúde e ambulatórios atingiu uma alta de pelo menos 2.500% entre os anos de 2014 e 2014, chegando até a 4.000% entre adolescentes de 15 a 19 anos.
Consultados pelo G1, especialistas são unânimes em apontar o uso de redes sociais e dispositivos com telas como fatores causadores desta epidemia relacionada à saúde mental e psíquica. As causas variam desde consumismo de itens desnecessários ou economicamente inviáveis, à exigências de padrões de beleza ou exposição à violência, e reforçam a necessidade de uma abordagem mais rigorosa da sociedade na relação dos jovens com os aparatos tecnológicos. Neste ano, entrou em vigor lei que proíbe uso de celulares em escolas, dentro e fora do ambiente da sala de aula.
Psicóloga relata vivência em reconstrução do RS
Experiente em missões humanitárias, Débora Noal participou das ações do Ministério da Saúde em atendimentos à população do Rio Grande do Sul, após a catástrofe que atingiu todo o estado no ano passado. Psicóloga, Noal descreve a rotina de seu trabalho na promoção da saúde mental da população, amplamente afetada pela destruição, que deixou ao menos 600 mil gaúchos sem chuva.
A reconstrução é lenta e, em muitos casos, deve significar a retomada da vida em novos territórios, o que incide diretamente no estado anímico das pessoas. Para além dos atendimentos, Débora Noal destacou que o estado deve criar mecanismos de garantia da participação social na reconstrução das estruturas afetadas, uma vez que tal condição não só facilita a reorganização de suas vidas como também promove autoestima.