Menos brasileiros buscam ser mestres e doutores

• Dos 36 hospitais de Gaza, 24 sucumbiram • Saúde privada não deve poder utilizar dados genéticos de usuários • Parecer consultivo sobre emergência climática • Morte por gripe aviária • Como a chikungunya mata •

Foto: Antonio Scarpinetti/Unicamp
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Dados divulgados na Revista Pesquisa Fapesp abrem uma janela para a crise da pós-graduação no Brasil. A busca por mestrados e doutorados está caindo, após três décadas de crescimento do número de formados e da quantidade de programas espalhados pelo país. Em vinte áreas do conhecimento analisadas pela Capes para a construção do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), a ser lançado no segundo semestre, um quarto dos programas têm mais oferta de vagas do que procura. O problema é amplo: vai das engenharias às humanidades mas afeta com mais força as ciências naturais, atingidas pelo fechamento dos laboratórios durante a pandemia. As causas parecem múltiplas. Uma delas, o congelamento do valor das bolsas por dez anos. Outra, a aparente baixa utilidade do diploma de pós-graduação para um melhor posicionamento no mercado de trabalho, já que a proporção de doutores com emprego formal está caindo. Uma terceira pode ser a restrição ao orçamento da Educação nos últimos anos. “O sistema não cresce sem investimento”, afirma a atual presidente da Capes.

Hospitais da Palestina, vítimas da violência sionista

Na guerra na Faixa de Gaza, que completa 8 meses, um dos principais alvos da devastadora violência promovida por Israel têm sido os equipamentos de saúde. Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) montaram uma linha do tempo detalhada dos “incessantes ataques ao sistema de saúde da Palestina” desde o início do conflito. 24 dos 36 hospitais do enclave foram destruídos (todos os 12 restantes estão funcionando apenas parcialmente) e pelo menos 493 trabalhadores da saúde foram mortos em violações que incluem bombardeios aéreos, tiros de tanque e incursões militares em que soldados israelenses invadiram complexos hospitalares. “É impossível mensurar os custos humanos indiretos, em mortos e feridos, resultantes do tratamento negado” pela ausência de condições para oferecer cuidado às vítimas da guerra, diz o comunicado da MSF. Talvez para comemorar o aniversário da guerra, Israel também bombardeou ontem com mísseis americanos uma escola das Nações Unidas em Gaza, matando 9 mulheres e 14 crianças.

Saúde privada não pode selecionar geneticamente seus segurados

As operadores de saúde não devem acessar dados genéticos para investigar condições pré-existentes de possíveis segurados, argumenta o Partido Democrático Trabalhista (PDT) em um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o Jota, o PDT alega que uma súmula de 2018 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu uma brecha para que as empresas acessem as informações genéticas pessoais de quem lhes solicitar a cobertura de um plano de saúde – transformando a decisão de concedê-lo ou não em uma espécie de “eugenia mercadológica”. Para o partido, a situação consistiria em uma violação dos direitos à vida, dignidade humana, privacidade e proteção econômica do consumidor. Por isso, em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) protocolada na terça-feira (6/6), o PDT pede a “declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto da Súmula nº 609 do STJ”, além da “concessão de medida liminar para impedir desde já o acesso a esses dados genéticos”.

Corte IDH realiza audiência sobre emergência climática no Brasil

Na semana passada, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) promoveu em Brasília (DF) e Manaus (AM) a audiência pública final voltada para a emissão de um parecer consultivo sobre emergência climática e direitos humanos. Concluídos os procedimentos, uma decisão da Corte IDH indicará medidas a serem adotadas pelos países que reconhecem sua jurisdição – entre eles, o Brasil – para o enfrentamento às alterações extremas do clima causadas pelo homem. A advogada Mayara Justa foi uma das que realizou uma sustentação oral na audiência e concedeu a Outra Saúde uma avaliação do evento. “Apesar de o país não estar obrigado a seguir a opinião da Corte, o parecer pode ser utilizado para fundamentar ações. Vai ser uma força principalmente para os movimentos sociais que lutam contra a devastação da natureza”, diz Mayara. Ela relata que povos indígenas e comunidades tradicionais do Brasil e de todo o continente fizeram sua intervenção na audiência no dia 28/5, denunciando saídas que consideram enganosas para a crise climática como a compra de carbono e a indústria de hidrogênio verde.

Morte por H5N2 é confirmada no México

Nesta quarta-feira (5/6), a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou o primeiro óbito humano ligado à variante H5N2 da gripe aviária. O comunicado da agência também informa que esta foi a primeira infecção de um ser humano por essa variante do vírus a ser confirmada por exames de laboratório. O paciente era um homem de 59 anos que vivia no México, possuía “múltiplos problemas de saúde subjacentes” e já estava acamado por 3 semanas antes de desenvolver os sintomas da gripe aviária. Ele não havia se exposto a aves recentemente – mas casos da H5N2 em animais já foram identificados em território mexicano neste ano. Apesar do falecimento do homem, devido às características específicas do caso, a OMS avalia que “o risco que o vírus representa para a população em geral segue baixo”.

Os mecanismos letais da chikungunya

Devido à letalidade relativamente baixa do vírus, pouco se entende até hoje sobre como a chikungunya mata, mesmo dez anos após sua chegada ao Brasil. Por isso, um estudo internacional de que participam diversos pesquisadores e instituições brasileiras busca compreender os mecanismos através dos quais a doença leva ao óbito, noticia a Revista Pesquisa Fapesp. Amostras de sangue de indivíduos que morreram de infecção aguda por chikungunya no Ceará – estado mais afetado, concentrando 31% das mortes do país – foram analisados pelos pesquisadores e comparados com casos leves e pessoas saudáveis. As conclusões da investigação até aqui sugerem que os óbitos podem decorrer da presença do vírus em vários órgãos – inclusive o cérebro –, que passam por uma inflamação intensa e, consequentemente, deixam de funcionar de forma adequada, levando à morte. A vacina em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, cujos testes indicam ter 99% de eficácia, pode ser uma importante ferramenta contra a doença.

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