Médicos terão que declarar vínculos com empresas

• Brasil facilita incorporação de remédios caros? • Fome, pobreza e o desenvolvimento infantil • Plano nacional contra a dengue • Centro de referência na TI Yanomami • Israel ataca entrega de comida em Gaza •

Foto: Reprodução
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Após décadas de condutas antiéticas flagrantes e relações promíscuas entre profissionais e indústrias, o Conselho Federal de Medicina (CFM) finalmente aprovou uma norma que prevê que médicos declarem seus vínculos com empresas da saúde. A regra valerá de forma obrigatória 180 dias após sua publicação no Diário Oficial da União, que está prevista para ainda nesta semana. A declaração de conflito de interesses valerá para relações dos médicos com “indústrias farmacêuticas, de insumos da área da saúde e equipamentos de uso médico exclusivo ou em comum com outras profissões, ou ainda com empresas intermediadoras da venda destes produtos”, segundo a Folha. Terão que ser comunicados o nome da empresa e a duração do vínculo. Contudo, serão exceções os rendimentos decorrentes da posse de ações nessas empresas e o recebimento de amostras grátis de medicamentos ou outros produtos. Será o suficiente para conter as transgressões éticas recorrentes entre os profissionais?

Brasil, “disneylândia para farmacêuticas”?

Ainda no tema das farmacêuticas, o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, afirmou em um evento do banco Santander que o Brasil é uma “Disneylândia” para o setor na “incorporação de medicamentos de alto custo”, noticia o Valor Econômico. Em sua fala no debate, Rebello argumentava que a celeridade na incorporação de novos remédios pelo SUS (automaticamente, a saúde privada também fica obrigada a fornecê-los) estaria supostamente aumentando muito o custo de operação dos planos de saúde, dificultando sua sobrevivência. A justificativa é dúbia: a autoridade máxima do órgão regulatório estaria pondo o interesse econômico do setor regulado por cima do direito da população ao melhor atendimento possível? A federação patronal da indústria farmacêutica, o Sindusfarma, criticou duramente a fala do presidente do ANS. A fricção sugere que, mais do que qualquer outra coisa, este é um embate entre a sede de lucro de dois enormes segmentos do empresariado nacional e internacional.

Má alimentação e pobreza são fatores que mais afetam desenvolvimento infantil

Os resultados preliminares das pesquisas do Projeto Germina apontam que a alimentação inadequada e a pobreza são os fatores que mais afetam o desenvolvimento infantil, noticiou a Folha. A genética cumpre um papel menos destacado que o de outras variáveis, destaca o professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP que coordena a investigação. Por isso, avaliam os envolvidos no estudo, políticas públicas voltadas para a primeira infância que combatam a desigualdade e fortaleçam o cuidado são de fato decisivas para o estímulo ao neurodesenvolvimento das crianças brasileiras. Como explica o Jornal da USP, o Projeto Germina é um “estudo que acompanhará o desenvolvimento de 500 bebês durante mil dias, dos 3 meses aos 3 anos de idade”, com o objetivo de “entender como a interação de fatores genéticos e ambientais respondem por um desenvolvimento cerebral, cognitivo e emocional saudável”.

Vem aí o plano nacional contra a dengue do MS

No início do mês de setembro deverá ser lançada a primeira etapa do plano nacional contra a dengue do Ministério da Saúde, afirmou a ministra Nísia Trindade em café com a imprensa na quarta-feira (28/8). As principais estratégias de combate à doença ainda serão apresentadas, mas o método Wolbachia é uma das propostas – “você tem que combinar as estratégias”, disse a responsável da pasta. Em termos de imunização, a vacina do Butantan contra a dengue, que demonstrou 89% de eficácia em estudos, deverá ser a maior aposta do Sistema Único de Saúde (SUS), ela continuou. Por sua vez, o imunizante da Takeda enfrenta dificuldades para estar nesse papel de proa, porque a “empresa não consegue iniciar o processo de transferência de tecnologia”, cujas negociações se arrastam há meses com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

TI Yanomami terá centro de referência de saúde indígena

Na terça-feira (27/8), um ato com fala da ministra Nísia Trindade marcou o início das obras de um novo centro de referência de saúde indígena na Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima. Ele será localizado no Surucucu, serra no interior da TI onde estão o aeroporto local e também o polo-base de operações de uma série de órgãos públicos na região, como a FUNAI, a Funasa e o Exército. Foi no polo que, em 1992, foi oficialmente demarcado o território Yanomami. “Cerca de 10 mil indígenas serão beneficiados em 60 comunidades do território”, estima a nota do Ministério da Saúde que anunciou a construção das novas instalações. “Este será um centro fundamental para se ter condições de atender e realizar procedimentos como estabilização dos pacientes e exames, para que não seja preciso deslocar os pacientes para Boa Vista”, avaliou Nísia em sua participação no evento.

Ataque israelense força suspensão de entrega de comida em Gaza

Após um ataque de Israel na quarta-feira (28/8) contra um carro do Programa Alimentar Mundial (WFP, na sigla em inglês), a agência das Nações Unidas suspenderá a entrega de alimentos na Faixa de Gaza, conta a Reuters. A justificativa é a preservação da segurança de seus funcionários em meio ao alto risco de morte. De fato, imagens pós-ataque (que podem ser vistas aqui) do veículo alvejado pelos soldados israelenses não deixam dúvidas: os dez tiros foram claramente direcionados aos bancos ocupados pelo motorista e os passageiros, todos trabalhadores do WFP. A ajuda distribuída pelo Programa Alimentar Mundial tem sido decisiva para conter o avanço da fome em Gaza – e, por isso, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá para debater o incidente e a situação humanitária na Palestina de forma geral. No mês de abril, em um caso bastante similar, 7 funcionários de uma ONG humanitária foram mortos por um bombardeio aéreo de Israel.

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