“Kids pretos” ocuparam Saúde sob Bolsonaro

• Militares que tramaram assassinatos têm passagem na Saúde • Santa Casa: dívidas e ocupação • G-20 contra a fome: falta repensar modelo de produção de alimentos • Desigualdade nos leitos de UTI • Chamada Universal estimula inovação científica •

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A investigação da Polícia Federal que desvendou os planos de golpe de estado orquestrado por militares – a “operação Punhal Verde Amarelo” – revelou alguns nomes de membros do grupo conhecido como kids pretos com passagem no Ministério da Saúde. Além do próprio ministro da pasta durante a maior parte do mandato, o general Eduardo Pazuello, que entrou para a história por sua gestão criminosa da pandemia, outros dois membros do grupo ocuparam cargo de chefia na estrutura ministerial: os coronéis George Divério (superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro) e Marcelo Bento Pires (diretor de Programa da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde). A operação deflagrada na terça-feira prendeu 4 militares que faziam parte do grupo especializado em operações consideradas de maior grau de dificuldade.

O prédio da Santa Casa que virou ocupação de moradia

Uma reportagem da Folha de S. Paulo trouxe à luz uma história que combina diversas facetas da desigualdade social e do desfinanciamento do SUS. Com dívidas que atingem 650 milhões, a Santa Casa de SP colocou à venda alguns imóveis na cidade para sanar suas finanças. Entre eles, um tradicional edifício, denominado Ouro Para o Bem de São Paulo, nome que remete à Revolução Constitucionalista de 1932 e da campanha das elites políticas pela arrecadação de fundos. O prédio foi ocupado pelo MMCR (Movimento de Moradia Central e Regional), um dos vários movimentos sociais de luta por moradia que marcam a paisagem da cidade. Dentro dele, famílias pobres vivem à flor da pele a precariedade da vida, com reflexos em sua saúde. Na matéria, as pessoas entrevistadas reivindicam não só o direito à moradia como também a tratamentos de saúde de doenças diversas que acometem seus membros, enquanto a Santa Casa luta contra suas dívidas, que redundam em diminuição de sua capacidade de atendimento ao público.

Os sistemas alimentares e os pactos do G-20 contra a fome

Talvez o acordo mais consensuado entre todos os países que se reuniram no Brasil para a Cúpula do G-20 tenha sido o pacto de combate à fome, que se materializará no financiamento de um fundo coletivo. O Banco Interamericano de Desenvolvimento já se comprometeu a fazer aportes de US$ 25 bilhões e os países signatários do compromisso falam em erradicar a fome até 2030. No entanto, como alertam pesquisadores da USP, não se trata somente de despejar dinheiro em programas sociais, mas também de incidir no próprio modelo de produção de alimentos, uso da terra, distribuição e consumo. Para eles, tais sistemas dificilmente permitirão o cumprimento das metas de combate à fome sem uma profunda reformulação, que toque nas dinâmicas de concentração da terra, uso intensivo de produtos químicos, criação animal e preservação vegetal.

Brasil tem mais leitos de UTI, mas desigualdade afeta SUS

Uma pesquisa da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) revelou que o Brasil quase aumentou em mais de 50% o número de leitos de UTI nos últimos anos, processo acelerado pela pandemia, quando redes hospitalares ampliaram suas estruturas. No entanto, o estudo A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde revela uma grande disparidade entre a quantidade de leitos da rede pública e privada. Enquanto o SUS, que atende de forma exclusiva 75% da população, conta com cerca de 51% dos leitos, a rede privada fica com 49%, disponibilizados para uma fatia que jamais ultrapassou um quarto da população sob seu escopo. Além disso, as desigualdades regionais que perpassam quase todas as esferas socioeconômicas do país se reiteram no acesso a leitos de UTI. Apesar da média nacional de 36 leitos por 100 mil habitantes, 19 unidades federativas estão abaixo deste número, o que revela uma concentração nos estados mais ricos da federação, isto é, do Sudeste e do Sul.

Ministério da Ciência prorroga prazo para programa

A Chamada Universal, projeto conjunto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do CNPq foi prorrogada até 30 de janeiro. Dividida entre duas categorias, denominadas “emergentes” e “consolidadas”, o edital visa selecionar projetos com potencial de inovação científica, com incidência em iniciação, tecnologias industriais e apoio técnico. O orçamento de R$ 450 milhões é 50% superior ao da última Chamada, que aprovou cerca de 1200 projetos. Os recursos são limitados a R$ 200 e 300 mil, de acordo com sua inserção em uma das duas categorias estabelecidas. O projeto ainda garante que 30% dos projetos sejam das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, dentro de um pacote de investimentos de redução das desigualdades orçado em R$ 3 bilhões e lançado em outubro.

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