Hospitais federais do RJ: como resolver crise sem fim?

Os problemas que permeiam a rede no Rio de Janeiro seguem há anos sem solução. Como responder a esse desafio? Proposta: movimentos da Frente pela Vida poderiam articular os entes envolvidos para que se busque uma saída alinhada ao SUS que almejamos

Pacientes aguardam por atendimento ambulatorial no Hospital Federal de Bonsucesso. Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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A polêmica sobre a municipalização do Hospital Federal do Andaraí, no Rio de Janeiro, me fez relembrar um artigo que publiquei no Boletim do CEBES em 2008 e que foi republicado pela Radis no mesmo ano (PDF) no “PÓS TUDO”.

Já se vão dezesseis anos, e o assunto era o mesmo: o sucateamento da rede federal no Rio, falta de pessoal, gestão inadequada e falta de integração ao SUS. Nada mudou!

Temporão, quando Ministro da Saúde, também se debruçou sobre esse importante imbróglio que é a rede de saúde do Rio de Janeiro: grande, complexa, sub-utilizada, servindo a muitos e servindo inadequadamente ao SUS, em especial aos cidadãos usuários do SUS.

Quando me refiro à rede de saúde do Rio de Janeiro, complexa, falo não só da rede federal, herança da capital do país, mas de toda a rede disponível: hospitais universitários, Fiocruz com seu complexo, hospitais estaduais e rede municipal. É enorme, com variedade incrível e uma capacidade sensacional! Mas não funciona como poderia e deveria. Sequer trabalha como “rede”!

Temos os instrumentos institucionais, as ferramentas da legislação, profissionais gabaritados e a enorme necessidade de uma população que clama por atenção em saúde de qualidade. Mas não há concertação política que faça os gestores das três esferas de governo sentarem, planejarem e executarem em conjunto, em sintonia com os Conselhos de Saúde, sob a égide do SUS, o sistema de saúde que tanto almejamos e necessitamos.

Sabemos que os interesses pessoais, de grupos políticos e de outros interesses nada republicanos querem que tudo fique como está, pois a crise permanente e agudizada de tempos em tempos “interessa” para todos esses.

Mas como podemos responder adequadamente a esse desafio?

Essa é uma pergunta de difícil resposta. Não é apenas na solução federal em curso, seja ela qual for, que está a solução efetiva. É absolutamente necessário que o governo do estado faça parte desse processo, bem como os municípios através do Cosems/RJ, com o diálogo necessário com os Conselhos de Saúde e representações diversas de entidades e de políticos realmente interessados em uma solução.

Uma mediação inicial por entidades como as que compõem a Frente Pela Vida pode ser interessante e colocar a luz necessária para que os entendimentos fluam no sentido do SUS que tanto almejamos.

Há anos falamos o quanto isso é vital, continua sendo. Mas sem uma execução tripartite e dialogada, com planejamento único, não vislumbro saída efetiva. Trabalhoso, sem dúvida, colocar as necessidades em saúde de forma organizada. Aqui estamos falando de ações secundárias e terciárias (pois as primárias são “dever de casa” dos municípios), sistema de regulação tripartite na sua definição e absolutamente transparente, equipamentos de saúde se reformulando para atender as necessidades de saúde, contratação de pessoal nas suas esferas, investimentos combinados, etc., podem ser as premissas para um sistema adequado, que progressivamente vá se rearranjando, inclusive com municipalização e estadualização do que for possível e necessário.

Ficar como está, realmente não dá mais. Como sociedade, precisamos reagir e exigir as mudanças que a população espera.

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