Hapvida arranca perdão de dívida quase bilionária com o SUS
• Hapvida tem perdão de dívida de R$ 866 mi? • OMS testa resposta coletiva a pandemias • Biodiversidade na COP • Brasil, campeão de mentiras sobre autismo • Terremoto destrói Saúde em Myanmar • Benefício da vacina para herpes-zóster •
Publicado 07/04/2025 às 14:19 - Atualizado 07/04/2025 às 14:46
O lucro dos planos de saúde em 2024, na ordem dos R$10 bilhões, foi de cinco vezes o que o setor havia apurado no ano anterior. Para os empresários da saúde suplementar, a notícia veio na sequência de uma série de resultados negativos desde a pandemia da covid-19. Mas como foi possível tamanha virada? Uma reportagem da Piauí revela um dos artifícios que tornaram o feito possível: o plano de saúde Hapvida, um dos maiores do país, teria conseguido o perdão de sua dívida de R$866 milhões com o SUS (Sistema Único de Saúde).
De acordo com um anúncio da empresa, o débito foi perdoado por meio do programa Desenrola Brasil, anunciado pelo ministro Fernando Haddad. O governo alega que o pedido ainda está sendo analisado – mas a Hapvida já registrou o perdão em seu balanço. Ampla, a reportagem também por outras práticas questionáveis do setor, como a rescisão unilateral de contratos e a captura política da ANS, agência que deveria regular a saúde suplementar.
OMS reúne países para testar resposta coletiva a cenários pandêmicos
Nos últimos dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou mais de 15 países e 20 agências de saúde, redes de emergência em saúde e outros parceiros para testar, pela primeira vez, um novo mecanismo de coordenação global para emergências de saúde, como pandemias. O teste, chamado de Exercise Polaris, teve duração de dois dias e contou com uma simulação de um surto de vírus fictício ao redor do mundo.
De acordo com Tedros Adhanom, diretor geral da OMS, “o exercício provou que, quando países lideram e parceiros conectam-se, o mundo fica melhor preparado. Nenhum país pode enfrentar a próxima pandemia sozinho”. Em tempos de questionamento da importância do multilateralismo, Polaris veio para reafirmar a saúde enquanto um problema global a ser enfrentado coletivamente.
Especialistas querem biodiversidade na COP-30
Em conferência promovida pela Fapesp na última sexta-feira de março (28), cientistas defenderam maior presença da biodiversidade na pauta da COP-30, noticia a Agência Fapesp. O tema “se conecta na agenda de mitigação e adaptação climática e também na de justiça climática” do evento que será sediado pelo Brasil em novembro, argumentou Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Já Simone Vieira, pesquisadora da Unicamp, destacou que a carta à comunidade internacional em que a Presidência brasileira apresenta sua visão para a conferência climática cita apenas três vezes o termo biodiversidade, o que pode sinalizar falta de prioridade. Para os especialistas, o país precisa defender que o conceito de “responsabilidade comum, mas diferenciada”, que exige dos países desenvolvidos uma maior contribuição para o financiamento de ações, seja estendido à defesa da biodiversidade.
Brasil é o país latino-americano que mais espalha mentiras sobre o autismo
Da América Latina, o Brasil é o país que mais dissemina desinformação sobre o autismo, segundo um estudo inédito lançado nesta semana para a Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Associação Nacional para a Inclusão de Pessoas Autistas (Autistas Brasil). O levantamento identificou um aumento de mais de 15.000% na circulação de desinformação sobre o transtorno em grupos no Telegram ao longo dos últimos cinco anos. Segundo Ergon Cugler, autista e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas (DesinfoPop/CEAPG/FGV), “essas comunidades vêm se profissionalizando na monetização da mentira”.
Cugler explica que, para os integrantes desses grupos, não basta dizer que o autismo é causado por fatores como campo magnético da Terra, vacinas e até Doritos: “eles também vendem soluções milagrosas depois de fazerem terrorismo psicológico com as famílias”. Em janeiro de 2025, pesquisadores, incluindo Ergon, já haviam alertado sobre as alterações na empresa Meta e o fim da checagem de fatos. Tal modelo de moderação de conteúdo, além de criar uma ilusão de democracia enquanto favorece validação de narrativas e crenças em detrimento de fatos, passou a permitir que autistas fossem rotulados como “‘retardados’ a serem curados”.
Crise humanitária em Myanmar devido a terremoto e guerra civil
Há alguns dias, um terremoto de magnitude 7,7 atingiu Myanmar, no sudeste asiático. As casas construídas sobre as águas afundaram. Milhares de pessoas morreram, outras milhares ficaram feridas e 500 ainda estão desaparecidas. Os tremores devastaram o sistema de saúde: 3 hospitais foram destruídos e 22 sofreram danos, o que acabou limitando o serviço de saúde quando mais necessário. Mas a Saúde local já se encontrava debilitada desde fevereiro de 2021: a guerra civil de Myanmar, agora em seu quarto ano, matou ao menos 50 mil pessoas.
Agentes de saúde alertam que a possibilidade de surtos de doenças é uma ameaça iminente aos sobreviventes da guerra e do terremoto, muitos dos quais estão dormindo nas ruas, expostos a temperaturas maiores que 40ºC. Equipes médicas locais enfrentam sérias dificuldades para providenciar cuidado em um contexto onde eles mesmos sofreram as consequências. Infraestruturas de saneamento básico e água foram destruídas em inúmeras comunidades, deixando seus moradores sem o básico para sobreviver e lidando com diarreias e desidratação.
Demência pode ser prevenida com vacina da herpes-zóster?
Foram identificados indícios fortes de que a vacina da herpes-zóster protege contra a demência, sugere estudo publicado na Nature nesta quarta-feira (2/4). Conduzida por cientistas da Universidade de Stanford, a pesquisa acompanhou cerca de 280 mil idosos do Reino Unido. Para aqueles que haviam sido imunizados contra a doença viral, houve 20% menos risco de desenvolver demência nos sete anos após a dose. O efeito protetivo foi maior entre as mulheres do que entre os homens.
Os resultados do estudo coadunam “a evidência crescente nos últimos anos de que os vírus neurotrópicos da herpes podem ter um papel na patogênese da demência”, escrevem os autores. As conclusões podem ser paradigmáticas: “Caso essa relação se mostre realmente causal, a vacina da herpes-zóster será um mecanismo muito mais eficaz e econômico para prevenir ou atrasar a demência do que os produtos farmacêuticos já existentes”, eles continuam.
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