Epidemia de bets já começou?

• Explodem atendimentos por vício em bets na atenção básica • Dengue e mudanças climáticas • Nuvem tóxica cobre Índia e Paquistão • Sarampo cresce 20% no mundo • Nova variante de mpox nos EUA • Novo estudo sobre aborto medicamentoso •

Foto: Andrew Aragão/Prefeitura de Lucas do Rio Verde
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Uma reportagem da Folha a partir de dados oficiais depositados no DataSUS traz mais um indício de que o vício em apostas pode ser considerado uma epidemia nacional: segundo a pesquisa, desde 2020 o número de pessoas que procuram ajuda na rede de atenção básica se multiplicou por 7. Outro dado chamativo é que a maioria das pessoas atendidas é mulher, o que sugere uma imensa subnotificação, uma vez que há vasta literatura médica a demonstrar que mulheres procuram atendimento ambulatorial com maior frequência do que homens. A matéria concentrou sua pesquisa em dois tipos de doenças cadastradas pelo CID: vício de forma direta e vício como derivação de quadro depressivo. Além disso, este novo transtorno coloca aos profissionais do SUS o desafio de se preparar para oferecer ajuda a pacientes de nova patologia recente que já provoca consequências na vida social e econômica de milhares de famílias.

19% dos casos de dengue podem estar associados a mudanças climáticas

Apresentado no congresso de uma sociedade científica dos Estados Unidos no último sábado (16/11), um estudo sugere uma forte conexão entre a disseminação global das arboviroses e a crise climática: 1 a cada novos 5 casos de dengue dos últimos anos estaria relacionado às mudanças no clima, indicam os pesquisadores. A partir de dados de 21 países onde a doença é endêmica – incluindo o Brasil – entre 1995 e 2014, a investigação identificou uma correlação entre o aumento das temperaturas médias e variáveis como a taxa de picadas e o tempo de desenvolvimento médio do vetor da dengue, o mosquito do gênero Aedes. Em nações como o Brasil, o Peru e o México, onde a virose está presente de forma mais consolidada, o aumento de temperatura teria uma ligação com até 40% dos novos casos, o dobro da média mundial. Medidas como o desenvolvimento de vacinas para a prevenção da doença e a melhoria da infraestrutura sanitária foram indicados pelo estudo como importantes para conter o impacto da dengue.

Colossal nuvem de fumaça tóxica cobre a Índia e o Paquistão

O Brasil não é o único a enfrentar uma grave crise de fumaça neste ano. Desde esta segunda-feira (18/11), uma nuvem tóxica cobre a Índia e o Paquistão, levando à declaração de emergências de saúde em ambas as nações asiáticas. Na região metropolitana da capital indiana Nova Délhi, que abriga 55 milhões de pessoas, os níveis de poluição atmosférica são os piores do mundo. A cidade registrou 1.600 pontos no Índice de Qualidade do Ar – a partir dos 300 pontos, a situação já é considerada insalubre, “potencialmente levando a irritações oculares severas e condições cardíacas e pulmonares sérias”, explica o The New York Times. Já no vizinho Paquistão, boa parte dos trabalhadores foi orientada a ficar em casa e se ordenou o cancelamento de eventos públicos e atividades escolares. Na província paquistanesa do Punjab, o Índice de Qualidade do Ar ultrapassa os mil pontos, um cenário também crítico. Lá, há um “aumento sem precedentes” no número de pacientes com crises respiratórias, dizem as autoridades sanitárias locais. A origem da fumaça, explicam os países, são as queimadas agrícolas. Que força interromperá a destruição promovida por este setor econômico?

Sarampo em alta no mundo

Uma nova atualização dos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que, no mundo, os casos de sarampo cresceram 20% no ano passado. Segundo a agência das Nações Unidas, foram 10,3 milhões de novas infecções pelo Morbillivirus, causador da doença, só em 2023. Houve também 107 mil óbitos, em sua maioria de crianças de até 5 anos de idade. As estimativas fazem parte do documento Progresso rumo à eliminação do sarampo – Mundo, 2000-2023, publicado em língua inglesa no último dia 14/11. De acordo com os responsáveis pelo estudo, a queda nas taxas de imunização é a principal causa da alta de novos casos. 22 milhões de crianças ao redor do planeta não tomaram a primeira dose da vacina do sarampo no ano de 2023. Globalmente, a taxa de cobertura da primeira dose ficou em 83%, enquanto a da segunda dose foi ainda mais baixa – de apenas 74%. A OMS estipula a meta de 95% de cobertura vacinal com duas doses como um passo essencial para conter a disseminação e caminhar rumo à erradicação das doenças. Na semana passada, o Brasil recuperou seu certificado de eliminação do sarampo.

Detectada variante de mpox na Califórnia

O Departamento de Saúde Pública da Califórnia informou que foi detectado o primeiro caso de Mpox, conhecida como varíola dos macacos, em cidadãos dos EUA. A cepa da doença é a mesma encontrada na África e que levou a OMS a voltar a declarar o estado de emergência sanitária global. A pessoa portadora voltou de viagem pela África Central e está isolada em casa. Ainda assim, autoridades sanitárias do estado norte-americano afirmam não haver risco de disseminação da doença pelo seu território. Na sexta, a OMS fará reunião para avaliar o estado global da mpox, a fim de definir se mantém seu alerta de emergência. Recentemente, o Brasil adquiriu um novo lote de cerca de 25 mil vacinas da doença, que serão direcionadas aos grupos de maior risco de contágio. Além disso, o Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG trabalha desde 2022 no desenvolvimento de um imunizante nacional.

Pílula abortiva revela eficácia para diferentes estágios de gestação

Um estudo clínico a partir do uso dos medicamentos mifepristona e misoprostol, dedicados à interrupção da gravidez, testou sua aplicação em dois distintos grupos de gestantes: um deles utilizava o fármaco nas primeiras seis semanas de gestação, antes da realização de qualquer exame de imagem; o segundo o fazia em prazo superior, após exames. Ambos os grupos registraram taxas de efeito completo do medicamento de 95%, com leves diferenças entre ambos para complicações, que atingiram o grupo de gravidez mais avançada em quantidade superior, ainda que apenas 1,6%. O estudo foi publicado na New England Journal of Medicine e assinado por 21 cientistas.

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