Enfermagem: chave para avançar nos transplantes
Brasil alcança números cada vez maiores de transplantes de órgãos. Modernizar sistemas de monitoramento, valorizar profissionais responsáveis e conscientizar sociedade podem ampliar ainda mais a doação de órgãos.
Publicado 17/07/2025 às 15:17 - Atualizado 17/07/2025 às 15:18

Leia todos os textos da coluna de Solange Caetano no Outra Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, em 2024, o Brasil registrou o maior número de transplantes realizados no país em um único ano, ultrapassando a marca de 30 mil procedimentos. Resultado que sem a atuação da enfermagem não seria possível conquistar.
Esse recorde reflete a força e a dedicação diária de Enfermeiras e Enfermeiros que, com atuação qualificada e humanizada na assistência ao doador e ao receptor, garantem o suporte necessário, com habilidades e conhecimentos sobre infecções, rejeições e complicações que possam acontecer.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por fornecer os medicamentos imunossupressores, fundamentais para a prevenção de possíveis problemas pós-operatórios.
Sabemos que, atualmente, o SUS oferece a Prova Cruzada Real, que tem o objetivo de identificar possíveis rejeições, ao misturar o soro do receptor com antígenos do doador. Mas uma novidade está prevista para setembro: a implementação da nova Prova Virtual, que utiliza dados imunológicos armazenados em sistema para prever a compatibilidade. Essa inovação agilizará o processo e ajudará a reduzir as rejeições e o tempo entre a doação e a cirurgia.
Além disso, também foi lançado o Programa de Qualidade em Doação para Transplante (PRODOT), que visa capacitar ainda mais a categoria no acolhimento dos familiares e auxilia a reduzir a negativa de autorização. Nós também somos responsáveis por assegurar que os órgãos estejam em condições ideais, participando ativamente na captação e transporte dos materiais biológicos coletados.
Outro marco histórico é a oferta inédita de transplante de intestino delgado e multivisceral, que traz maior qualidade de vida para quem vive com falência intestinal irreversível. Vale destacar que o SUS prioriza a reabilitação dos pacientes ao recorrer a outras formas de tratamento antes de fornecer a cirurgia.
Atualmente, 78 mil pessoas estão na fila de espera, sendo os mais demandados, em 2024: rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387). Já os mais transplantados foram: córnea (17.107), rim (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454).
Ressalto que a participação da sociedade em campanhas de doações é essencial para ajudar a diminuir esse número. Importante lembrar que, com tal decisão, cada pessoa é capaz de beneficiar até 8 vidas.
Portanto, ficam mais uma vez evidentes a importância da formulação de políticas públicas, investimento no SUS e valorização profissional.
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