Energia limpa para garantir comida na África custa um trocado

• Garantir cozinhas seguras na África • Redução drástica no financiamento da saúde global • E MAIS: Corte Internacional de Justiça contra crise climática; Programa Brasil Saudável; SRAG em MG; novo livro do Cebes •

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Dois bilhões de dólares anuais. De acordo com o relatório da Agência Internacional de Energia, este seria o custo anual em energia para se garantir condições mínimas para uma “cozinha limpa”. O relatório leva em conta a necessidade de fontes de energia necessárias para que toda a população do continente pudesse produzir sua comida sem uso de matrizes consideradas tóxicas, como carvão, madeira ou esterco.

Segundo o relatório, o acesso a energias consideradas sustentáveis para consumo próprio de comida tem melhorado no mundo todo, excesso neste continente, em especial na sua porção subsaariana. Além disso, acrescenta que há diversas fontes sustentáveis de energia que poderiam ser foco de investimentos, com reflexos em outras dimensões sociais.

O relatório estima um potencial de geração de quase 500 mil empregos e diminuição das estimadas 815 mil mortes prematuras, boa parte delas de mulheres que vivem em contato direto com combustíveis e materiais usados neste processo de produção suja de comida.

Um mundo menos colaborativo para a saúde

Se de um lado mostra-se que o custo para programas sociais de garantias mínimas de dignidade é baixo, por outro lado a boa vontade de alguns atores globais de contribuir para um mundo mais saudável diminui. É o que se pode concluir de artigo publicado na revista Lancet, que constata diminuição de doações para programas de saúde global.

O refluxo é essencialmente provocado pelos Estados Unidos, tanto pela retirada de sua cota de pagamentos à OMS pelo governo Trump como também pelo recuo das fundações de bilionários, o que talvez tenha relação com os aportes recordes na pandemia. Segundo o estudo, 2025 registrará queda de 22% em relação a 2024, pior número desde 2009. O artigo completa com a previsão de que as quedas de recursos devem prosseguir nos próximos anos, o que tende a causar sérios distúrbios em programas de prevenção a doenças como aids e garantia de vacinas de doenças negligenciadas.

O relatório aponta como soluções possíveis o aumento de investimentos públicos e inovações estratégicas nas políticas públicas. Em novembro passado, o Brasil lançou a Aliança Global Contra a Fome, que reúne as principais economias do mundo e fechou compromisso entre Estados Nacionais para contribuições anuais, a fim de universalizar o acesso a alimentos no mundo. Ambos movimentos parecem sinalizar que muitas instituições já não esperam soluções pelas vias do mercado.

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