Em documento vazado, OMS prevê cortes com saída dos EUA

• Cortes de gastos na OMS • Institutos de saúde dos EUA sem recursos • Vacina da gripe na região Norte • Imunizante para chikungunya do Butantan • Farmacêutica responsável por vício em opioides tenta novo acordo • Vício em Zolpidem •

Foto: Pursuit/University of Melbourne
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Na sexta-feira (24/1), a agência de notícias Reuters publicou um documento interno em que a OMS prevê cortes de gastos devido à possível saída dos Estados Unidos. Na mensagem direcionada aos funcionários da agência, seu diretor-geral Tedros Adhanom antecipa que devem ocorrer uma redução da verba para viagens e a suspensão de novas contratações, exceto em áreas críticas, além de outras medidas ainda sob estudo. As contribuições financeiras dos EUA garantem cerca de 18% das verbas da Organização Mundial de Saúde e de seus programas – e o país, no momento, já deve US$130 milhões em repasses obrigatórios à agência. Como ressaltou Cláudia Braga em sua coluna para Outra Saúde, a retirada dos Estados Unidos ainda não é definitiva, e negociações devem seguir ocorrendo em torno da pauta.

Trump suspende verbas dos Institutos Nacionais de Saúde

No início de seu novo mandato, Donald Trump congelou as verbas dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), um conjunto de 27 centros federais de pesquisa científica que abrigam cerca de 20 mil funcionários. Desde então, os trabalhadores desses órgãos têm expressado a veículos da imprensa científica e de saúde dos EUA, como a revista Nature e o jornal Stat, a insegurança com o futuro das atividades conduzidas ali. O trabalho “foi jogado em um limbo, com a incerteza sobre se haverá dinheiro para pagar os salários ou conduzir os estudos em laboratório”, diz um relato anônimo à Stat. Todas as reuniões e viagens foram canceladas, explica a Nature, inviabilizando o processo de concessão de novas bolsas. Paralisada a maior financiadora pública de pesquisas em saúde do mundo, a ciência dos EUA pode sofrer um duro golpe em um momento de competição cada vez maior.

Vacinação contra a gripe estendida no Norte

Na semana passada, o Ministério da Saúde estendeu a vacinação da gripe no Norte até o dia 31 de janeiro. Desde 2023, os esforços de imunização contra a Influenza naquela região do país foram transferidos para o segundo semestre, devido à particularidade climática do “inverno amazônico” nesse período, em que o vírus amplia sua circulação. Apesar disso, nota da pasta indica que a cobertura vacinal alcançada pelos esforços do Programa Nacional de Imunizações (PNI) no ano passado foi de apenas 39,3%, ou cerca de 2,8 milhões de doses aplicadas. A prorrogação do período de vacinação busca ampliar a cobertura, que pretende cobrir toda a população não-vacinada com mais de 6 meses de idade. A expectativa, ainda segundo o MS, é de conseguir vacinar 6,6 milhões de pessoas.

Novos resultados positivos da vacina da chikungunya

A vacina da chikungunya mantém anticorpos em 98,3% dos adolescentes após 1 ano de sua aplicação, noticia a Agência Brasil. Os dados vêm dos resultados de um teste clínico de fase 3 conduzido pelo Instituto Butantan, que produz o imunizante em parceria com a farmacêutica europeia Valneva. Anteriormente, pesquisadores já haviam publicado no periódico científico The Lancet os resultados dos estudos com a vacina após 6 meses de sua aplicação, que já indicavam 99,1% de eficácia. O novo resultado positivo nos testes traz nova indicação de que o imunizante poderá receber o aval das autoridades para ser aplicado no Brasil, conforme o pedido feito pelo Butantan à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

EUA: Farmacêutica poderá pagar US$6,5 bilhões pela crise de opioides

Nos Estados Unidos, desenvolve-se um novo capítulo das tentativas de responsabilização judicial das farmacêuticas pela crise de opioides. Há meses, a Suprema Corte do país derrubou uma proposta de acordo em que a Purdue, principal empresa a ser acusada de má conduta na fabricação e venda de um desses medicamentos, pagaria 6 bilhões de dólares em indenizações para, em troca, ficar imune de novos processos no futuro. Na quinta-feira (23/1), a Purdue se propôs a pagar ainda mais – US$6,5 bilhões – para encerrar os processos de quinze estados dos EUA, além de algumas prefeituras e indivíduos, contra si. Contudo, os requerentes teriam que reservar um fundo de US$800 milhões para a defesa legal dos bilionários. Com a falência decretada desde 2019, a empresa alega que  sem a contrapartida não conseguirá responder a futuros processos, contra os quais não terá imunidade nesse novo acordo.

Estudo atesta risco de dependência do Zolpidem

Um estudo conduzido no Hospital das Clínicas da USP reuniu novos detalhes sobre os efeitos da dependência do zolpidem. Acompanhando cinco pacientes mulheres que encontram-se dependentes do medicamento indutor do sono, os pesquisadores identificaram sintomas como “episódios dissociativos, perda de memória, redução da atenção e quedas”. Seu consumo como droga recreativa ou para alívio de angústia, muitas vezes com dosagens inadequadas, cumpre um papel no agravamento dos problemas. Buscando esse alívio, muitas das pacientes são atingidas pela fissura – o “desejo intenso de consumir a substância”. Quando há tentativa de retirada, surgem sintomas de abstinências, incluindo até mesmo convulsões. Ao Jornal da USP, os estudiosos elogiam a decisão da Anvisa de impor maiores restrições sobre a venda do Zolpidem, exigindo a receita azul das substâncias psicotrópicas.

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