E quando acabar?
SUS ganhou 10 mil leitos de UTI durante a pandemia. Oportunidade de distribuir equipamentos pode ser perdida por incompetência do governo federal
Publicado 20/07/2020 às 08:26 - Atualizado 20/07/2020 às 08:27
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Nos últimos quatro meses, o SUS ganhou quase 10 mil leitos de UTI, algo que nunca tinha acontecido Em muitos estados, o aumento não foi rápido o suficiente para salvar as vidas que poderiam ser salvas. Mas, nas regiões onde a crise parece arrefecer, e no país como um todo no dia em que a pandemia acabar, ainda é preciso pensar o que vai ser feito com equipamentos como respiradores, tomógrafos e aparelhos e hemodiálise. É uma chance e tanto para acabar com as internações de corredor, diz a matéria do Estadão. Mas ainda não se sabe como isso vai ser gerido.
“O Brasil não teve uma política hospitalar, desde a implementação do SUS, para promover uma melhoria da qualidade da atenção hospitalar no país. Esses equipamentos são uma parte da possibilidade de se ter uma melhora de estrutura de resposta do sistema de saúde”, diz, no Estadão, o médico Adriano Massuda, doutor em Saúde Coletiva e professor da FGV. No entanto, ressalta ele, a outra “parte” seria ter uma política de distribuição esses equipamentos para as regiões onde eles são mais necessários, além de uma política para formação e qualificação profissional. “Para que esse legado não vire um elefante branco, esses recursos têm de ser dirigidos para uma política que vá inserir esses leitos no sistema com profissionais habilitados e integração da rede”, diz.
O Ministério da Saúde não respondeu o que pretende fazer. E, para Massuda, o governo federal não tem “nem condição técnica de fazer essa discussão”: “o grau de degradação das equipes técnicas no Ministério da Saúde foi tamanha que hoje ele não dá conta”.