Dia Mundial da Saúde: defender o SUS é defender o Brasil
Neste 7 de abril, em meio ao avanço das arboviroses e dos ataques à saúde pública, é urgente passar uma mensagem clara: precisamos exigir cada vez mais investimento, mais profissionais e mais estrutura para o SUS
Publicado 07/04/2025 às 16:40

Por Solange Caetano, para sua coluna em Outra Saúde
No dia 7 de abril, celebra-se o Dia Mundial da Saúde, uma data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para reforçar o direito à saúde como um direito humano fundamental. Em 2025, a data ganha ainda mais urgência diante do avanço das arboviroses no Brasil e da necessidade de fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas públicos do mundo e verdadeiro patrimônio do povo brasileiro.
Em São Paulo, a Prefeitura confirmou a segunda morte por dengue em 2025. Segundo o Boletim mais recente, os casos da doença na capital cresceram 23% em apenas uma semana, acendendo o alerta para a saúde pública. Como resposta, o governo federal lançou o Plano de Ação “Movimento Nacional de Enfrentamento à Dengue e Outras Arboviroses 2024/2025”, que busca reduzir o número de casos e óbitos por meio de ações integradas entre União, estados e municípios.
Entre as medidas adotadas, destaca-se a reorganização da rede assistencial e o uso de tecnologias inovadoras no combate ao mosquito transmissor. Uma delas é a Técnica do Inseto Estéril por Irradiação (TIE), que consiste na liberação de mosquitos machos estéreis no meio ambiente. Ao copularem com as fêmeas, os ovos gerados não se desenvolvem, levando à redução gradual da população. Esses mosquitos não representam risco à população, pois não picam e vivem apenas o tempo necessário para o acasalamento.
Tecnologias como essa são grandes aliadas, mas manter o SUS funcionando com qualidade exige muito mais do que inovação: é preciso reconhecimento, investimento contínuo, gestão eficiente e vontade política. A manutenção de um sistema público universal e gratuito depende de financiamento adequado, fortalecimento da atenção básica, valorização dos profissionais e ampliação da infraestrutura.
Enquanto o poder público atua com medidas estruturais, a participação da população continua sendo essencial. O combate ao mosquito transmissor começa dentro de casa: caixas d’água destampadas, vasos de planta com água acumulada, calhas entupidas e até pequenos objetos como tampas de garrafa podem se transformar em criadouros. A prevenção é uma responsabilidade coletiva e contínua.
Além do enfrentamento às emergências sanitárias, é urgente considerar o envelhecimento da população brasileira. O país caminha para ter uma proporção cada vez maior de pessoas idosas, o que exige do SUS não apenas estrutura, mas também políticas de cuidado específicas. Idosos são mais vulneráveis a complicações decorrentes de doenças como a dengue e, por isso, precisam de uma rede de atenção integral, que promova o envelhecimento saudável, previna agravos e garanta acesso a tratamentos adequados.
Criado para garantir o acesso universal, integral e gratuito à saúde, o SUS é a principal rede de atendimento médico no Brasil. De campanhas de vacinação em massa a procedimentos de alta complexidade como transplantes, tratamentos oncológicos e internações em UTI — o SUS está presente em todas as regiões do país. Para milhões de pessoas que vivem em áreas remotas, periferias urbanas ou comunidades indígenas, ele representa a única porta de entrada para o cuidado em saúde. Nenhuma resposta eficaz a uma epidemia ou crise sanitária se sustenta sem uma rede pública forte, que informa, acolhe, acompanha, trata e imuniza.
Neste Dia Mundial da Saúde, a mensagem é clara e urgente: defender o SUS é defender o Brasil. É exigir mais investimento, mais profissionais, mais estrutura e mais respeito com quem dedica a vida a cuidar da nossa.
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