Dengue: será possível evitar nova epidemia?

• Ministério da Saúde promove Dia D contra a dengue • Operadoras de seguros de saúde têm lucro de 3,3 bi • Aborto legal: Cremesp continua a perseguir mulheres • OMS lança relatório sobre herpes genital • Primeira morte por oropouche no ES •

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Para aproveitar um momento oportuno de prevenção, antes do início do verão, o governo federal vai realizar um “Dia D” de mobilização contra a dengue, no próximo sábado (14/12). Serão feitas campanhas de conscientização para que as famílias se engajem nas ações básicas de prevenção da proliferação do mosquito Aedes aegypti, para evitar acumular objetos que possam acumular água. Em 2024, o Brasil registrou mais de 6,7 milhões de casos e 5.950 mortes pela doença, um aumento expressivo em relação às 1.179 mortes de 2023. 

Mas o Ministério da Saúde tem consciência de que essas ações são limitadas, como ficou claro em matéria publicada na Agência Brasil, cujo entrevistado foi o secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente, Rivaldo Cunha. Segundo ele, há dois aspectos preocupantes nesse período que antecede uma potencial epidemia, que pode começar entre janeiro e fevereiro. O primeiro diz respeito a uma particularidade de regiões do Brasil e da América Latina: há muitas residências onde o fornecimento de água acontece com interrupções, o que obriga as pessoas a estocarem água. A segunda vulnerabilidade está na coleta de lixo que, por ser feita de forma irregular em todo o país, acaba facilitando a proliferação de criadouros. Contribui também o fato de que os últimos meses foram de calor mais intenso em todo o país, o que favorece a disseminação do mosquito.

Saúde privada não pode mais alegar crise

As operadoras e administradoras de seguros de saúde registraram lucro operacional de R$ 3,3 bilhões entre janeiro e setembro de 2024, revertendo o prejuízo de R$ 5,7 bilhões no mesmo período de 2023. O lucro líquido triplicou, alcançando R$ 8,2 bilhões, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A receita do setor cresceu 12%, somando R$ 257,8 bilhões, enquanto a sinistralidade caiu para 85,3%, ante 88,6% no ano anterior. Isso quer dizer que as operadoras estão gastando menos com seus “clientes” – seria porque eles estão requerendo menos cuidados médicos? 

Grandes operadoras lideraram a recuperação da sinistralidade, mas médias e pequenas também conquistaram lucros maiores. Ao Valor, Jorge Aquino, um dos diretores da ANS, comemorou o saldo positivo de R$ 3 bilhões entre receitas e despesas relacionadas à assistência à saúde, retomando níveis pré-pandemia. A Bradesco Saúde foi a única que teve prejuízo operacional de R$ 628,8 milhões, mas registrou lucro líquido de R$ 895,5 milhões graças a ganhos financeiros. O resultado financeiro do setor totalizou R$ 6,9 bilhões no período.

Mais ataques ao aborto legal em São Paulo

Pela segunda vez desde novembro, o Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp) realizou uma fiscalização no Hospital das Clínicas de Botucatu, solicitando acesso a prontuários de pacientes de aborto legal. Segundo o conselho, a ação faz parte da “Operação Avaliação do Cumprimento do Programa Aborto Legal”, que supostamente visa verificar a regularidade do serviço. O Cremesp fez ainda uma ameaça, dizendo que obstruções à fiscalização podem levar a sanções éticas e legais. A ação ocorre após fiscalização similar na Unicamp, que levou o ministro do STF Alexandre de Moraes a proibir o acesso aos dados das pacientes e a exigir explicações do Cremesp. 

Também o Ministério Público Federal investiga a conduta do Cremesp que passou a perseguir médicos do hospital Vila Nova Cachoeirinha, na capital, por fazerem a interrupção da gravidez nos casos previstos em lei. A tentativa de controle dos hospitais levanta também questões sobre privacidade e direitos das mulheres. A restrição aos serviços de aborto legal tem potencial de causar graves consequências à vida de mulheres que foram violentadas, cuja vida corre perigo ou que terão um bebê sem chance de viver. E faz parte de uma ofensiva de setores reacionários da sociedade brasileira, como a recém-aprovação, na CCJ da Câmara dos deputados, de uma PEC que proíbe o aborto em absoluto

Herpes genital atinge 1 a cada 5 pessoas no mundo

A Organização Mundial da Saúde estima, em relatório recém-publicado, que 846 milhões de pessoas entre 15 e 49 anos vivam com infecções genitais por herpes. Segundo a agência, 42 milhões de novos casos são registrados anualmente, segundo dados de 2020. Embora muitas infecções sejam assintomáticas, mais de 200 milhões de pessoas tiveram episódios dolorosos de feridas genitais naquele ano. 

O herpes genital é causado pelos vírus HSV-1 e HSV-2 – o segundo é responsável por 90% dos casos sintomáticos e por maior risco de HIV. O HSV-1, mais comum na infância, tem aumentado em infecções genitais devido a mudanças nos padrões de transmissão. Não há cura, mas tratamentos aliviam os sintomas. A OMS destaca a necessidade de conscientização, prevenção e desenvolvimento de vacinas e tratamentos. Usar preservativos e evitar contato sexual durante os sintomas são medidas que podem ajudar a reduzir a transmissão. Além do impacto na saúde, a doença gera custos anuais de US$ 35 bilhões em gastos médicos, segundo a OMS.

Idosa morre pelo vírus oropouche no Espírito Santo

O Espírito Santo confirmou a primeira morte pelo vírus oropouche, uma arbovirose transmitida pelo mosquito maruim. A vítima foi uma mulher de 61 anos de Fundão, que morreu em 28 de agosto após apresentar sintomas graves, incluindo insuficiência respiratória e renal. No estado, foram registrados 2.840 casos confirmados em 2024, enquanto o Brasil contabilizou 9.609 casos e quatro mortes – incluindo dois óbitos na Bahia e um fetal em Pernambuco.

A Secretaria de Saúde do Espírito Santo identificou quatro casos de transmissão vertical do vírus, além de um caso de microcefalia confirmado em um recém-nascido. Gestantes são orientadas a evitar áreas com alta infestação e usar repelentes. O estado receberá apoio técnico do Ministério da Saúde e da Fiocruz para aprimorar protocolos de combate à doença. Fundão, Alfredo Chaves, Iconha e Laranja da Terra são os municípios mais afetados. O Espírito Santo é um dos primeiros estados fora da Amazônia a registrar o vírus – em decorrência das mudanças climáticas, o mosquito está se espalhando para outros biomas.

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