Crise ambiental: impactos na saúde cada vez mais claros

• Impactos do clima na saúde detalhados • A necessidade de mais recursos para contê-los • Nísia na Câmara • A fila para mamografia no Brasil • Tédio, relaxamento, peso: o uso dos vapes entre jovens • 12 casos de meningite no RJ •

Foto: Arquivo EBC
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Um amplo estudo recentemente publicado no periódico científico The Lancet traz detalhes sobre os impactos cada vez mais dramáticos das mudanças climáticas na saúde. O relatório destaca que “os extremos climáticos estão custando cada vez mais vidas”, apontando para o número crescente de desastres em diversas regiões do planeta cuja origem reside em mudanças nas temperaturas ou no regime de chuvas. Um exemplo citado é o da dengue: nas últimas duas décadas, esta arbovirose se disseminou enormemente, com o ano de 2023 registrando mais de 5 milhões de casos em países de vários continentes. O problema também sofre a influência da variável social: as populações mais vulneráveis tendem a ser as mais afetadas pelos eventos climáticos com impactos na saúde, o que amplia ainda mais a desigualdade. Para o grupo de pesquisadores que desenvolveu o relatório, as “ameaças recorde” que o mundo vive se devem muito ao “atraso na ação” para conter as mudanças climáticas.

É preciso ampliar o financiamento climático?

Seguem as reuniões da 29ª Conferência das Partes (COP-29) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, em Baku, capital do Azeibarjão. Um dos temas centrais, em 2024, é o “financiamento climático” – em especial uma Nova Meta Coletiva Qualificada, instrumento que prevê a transferência de fundos dos países mais ricos para o Sul Global, para conter os danos da crise do meio ambiente. O valor estabelecido em 2009, que continua vigente, é de 100 bilhões de dólares por ano, mas discute-se ampliá-lo inclusive para a casa de trilhões de dólares.

Em entrevista à revista Pesquisa Fapesp, a procuradora federal paraense e professora da UFPA Lise Tupiassu analisou a situação e os entraves atuais. Ela é uma das que considera a meta atual “muito insuficiente”, e completa: “Quando o comparamos com o valor empregado em guerras ou mesmo na pandemia de covid-19, essa é uma quantia muito inferior”. Lise afirma que esse financiamento já vem bastante tarde, já que o mundo está muito perto de alcançar o patamar de aquecimento de 1,5 graus Ceusius na atmosfera. A procuradora também defende que é preciso gastar esses recursos adequadamente: no Brasil, em geral ele é destinado aos setores de energia e transportes, mas “esse dinheiro teria que ir mais para a resiliência da floresta e a manutenção dos meios de vida das comunidades tradicionais”. A entrevista traz muitas informações e vale ser lida na íntegra.

Ministra da Saúde presta esclarecimentos na Câmara

No dia de ontem (13/11), a ministra da Saúde Nísia Trindade prestou esclarecimentos na Câmara dos Deputados sobre uma série de assuntos ligados a sua pasta. Questionada sobre as realizações da gestão até aqui, Nísia destacou a atuação na área da vacinação: “Uma das principais conquistas foi a recuperação da cobertura vacinal e, agora, o reconhecimento de que o Brasil está de novo livre do sarampo, da rubéola e da síndrome congênita da rubéola”. Ela também se referiu à diferença do atual momento em relação à destruição promovida pelo governo Bolsonaro, apontando que “o que nós fizemos foi reconstruir um SUS que cuide das pessoas. A Constituição já garante o direito à saúde, agora resta fazer com que de fato esse direito seja assegurado com qualidade, visão de futuro e democracia”. Sobre o debate em torno de um possível corte de gastos na área da Saúde, referiu-se à situação histórica do SUS e ao compromisso programático do atual governo: “Como quem trabalha na saúde há muitos anos e boa parte da população sabe, o SUS é subfinanciado no Brasil. O presidente Lula assumiu o governo exatamente com compromisso de avançar nesse orçamento”.

77 mil brasileiras à espera de uma mamografia

A fila da mamografia cresceu no país, apontam dados recolhidos pelo Colégio Brasileiro de Radiografia (CBR). Hoje, são 77 mil mulheres que aguardam por um exame, especialmente no Sul e no Sudeste. A disparidade regional é bastante clara: somados, os estados de Santa Catarina (17 mil), São Paulo (15 mil) e Rio de Janeiro (12 mil) reúnem três quintos dessa fila. O CBR também frisa que os números cresceram mais vertiginosamente após a pandemia da covid-19 – um cenário bastante similar ao de outras áreas, também afetadas pela má gestão da emergência sanitária no país. Em média, o tempo de espera por uma mamografia foi de 24 dias, mas também nesse âmbito há diferenças entre as regiões. Em Rondônia e Minas Gerais, é preciso aguardar o dobro desse período. No Distrito Federal, o triplo. “As autoridades de saúde devem buscar soluções imediatas para diminuir as filas e assegurar que o tempo de espera não comprometa o diagnóstico precoce e o tratamento adequado do câncer de mama”, argumenta um coordenador do CBR.

Porque os jovens usam vapes?

Nos Estados Unidos, os vapes já se tornaram o principal meio de uso da nicotina entre os jovens. Com o crescimento de seu uso nesta faixa etária, muitos passam a se perguntar: porque os adolescentes buscam os cigarros eletrônicos? Uma pesquisa da Universidade de Michigan buscou angariar algumas respostas. O principal motivo, dizem metade dos adolescentes, é o “relaxamento”. Entre os que usam os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) diariamente, essa porcentagem chega a 70%. Mas o “tédio” também é bastante citado. Também parece haver alguma relação com distúrbios alimentares: 1 a cada 5 entrevistados diz que usa os DEFs como ferramenta de controle de peso. Os cigarros eletrônicos também são avaliados como mais convenientes que os comuns. Como esperado, um mito da indústria do tabaco foi desmontado pela pesquisa. Menos de 10% dos adolescentes afirmam que os vapes os ajudaram a parar de fumar cigarros comuns.

A meningite atinge o RJ

Na terça-feira (11/11), as autoridades sanitárias locais emitiram um alerta para o aumento da meningite meningocócica no Rio de Janeiro. No último período, foram 12 casos e 2 óbitos no estado – enquanto, no ano passado, nenhum caso havia sido registrado. Ao longo de quatro anos, entre 2017 e 2020, foram apenas 6 casos da meningite no território fluminense. O alerta da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro destaca a importância da vacinação para garantir a proteção, especialmente entre os grupos de risco. Os adolescentes entre 11 e 14 anos de idade, assim como os imunossuprimidos graves, estão incluindo nessa categoria. O imunizante, conhecido como vacina meningocócica ACWY, está disponível no SUS. Além das Unidades Básicas de Saúde, ela também é oferecida nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais.

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