COP30: lançado o Plano de Ação de Belém para a Saúde
• Plano de Ação Belém para a Saúde • Crítica ao Agora Tem Especialistas • Europa boicota farmacêutica israelense • E MAIS: desmatamento na Amazônia; Parkinson; petróleo •
Publicado 17/11/2025 às 16:29

A crise climática já configura uma emergência sanitária global, alerta um relatório especial da OMS e do Ministério da Saúde do Brasil divulgado na sexta (14), durante a COP30. O planeta supera 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e os impactos já são devastadores: mais de 540 mil pessoas morrem anualmente devido ao calor extremo, e 3,3 a 3,6 bilhões vivem em áreas altamente vulneráveis, segundo o documento. A infraestrutura de saúde está sob ameaça crescente: 1 em cada 12 hospitais no mundo está em risco de desativação por eventos climáticos. O setor da saúde, que contribui com 5% das emissões globais de gases de efeito estufa, precisa urgentemente de uma transição para sistemas de baixo carbono e resilientes.
O relatório, que fundamenta o Plano de Ação de Belém para a Saúde – que já conta com a adesão de mais de 80 países e instituições –, aponta caminhos para a ação imediata. Investir 7% do financiamento para adaptação na saúde protegeria bilhões de pessoas. No entanto, lacunas persistem: menos de 30% dos planos nacionais consideram fatores como renda ou gênero. O documento exige que os governos integrem a saúde em seus planos climáticos, fortaleçam a infraestrutura resiliente e aproveitem as economias da descarbonização para financiar a adaptação. A mensagem central é clara: intervenções custo-efetivas existem, mas só terão sucesso se enfrentarem as desigualdades sociais.
Cebes avalia o programa Agora Tem Especialistas
Um editorial da revista Saúde em Debate, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), analisa o programa Agora Tem Especialistas, lançado pelo Ministério da Saúde no primeiro semestre como solução às filas para consultas, diagnósticos e cirurgias no SUS. O texto, assinado por Alcides Silva de Miranda, Ana Maria Costa, Maria Lucia Frizon Rizzotto e Lenaura de Vasconcelos Costa Lobato, reconhece o caráter de urgência dado na criação do programa, para suprir uma demanda crescente. No entanto, alerta que a iniciativa funciona como um “curativo de curto prazo” ao aprofundar a dependência do setor privado, onde se concentram os serviços especializados, sem enfrentar as causas estruturais do problema.
O editorial identifica que o programa ignora falhas estruturais na regionalização, concentrando recursos em grandes centros; submete a formação e distribuição de especialistas ao mercado; e consolida o subfinanciamento crônico, agravado por sucessivas políticas de ajuste fiscal. Para ser efetivo e alinhado ao projeto constitucional do SUS, argumentam, o programa deve ser articulado com a expansão da rede pública, o fortalecimento da Atenção Primária como ordenadora do cuidado e um desmame progressivo da dependência do setor privado, sob o risco de consolidar um arranjo substitutivo e fragmentado.
Boicote a farmacêutica israelense
A farmacêutica israelense Teva, uma das maiores produtoras mundiais de genéricos, enfrenta um boicote crescente na Europa por ter ativamente participado do genocídio em Gaza e por explorar o mercado palestino sob o regime de apartheid. Campanhas lideradas pelo movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) em países como Itália, Bélgica e Irlanda pressionam por alternativas aos seus medicamentos, segundo matéria publicada no People’s Health Dispatch.
Na Itália, a estratégia inclui conscientização de pacientes e farmacêuticos e pressão sobre governos locais. Diversos municípios emitiram recomendações para que farmácias públicas suspendam as compras da Teva – sempre com a ressalva de garantir o acesso a medicamentos essenciais sem substituto. Os ativistas destacam que a campanha expõe não apenas a cumplicidade da empresa, mas também problemas sistêmicos do setor farmacêutico, como a extensão artificial de patentes que infla os custos para a saúde pública.
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Chuvas e calor na Amazônia
Um estudo brasileiro conseguiu, pela primeira vez, quantificar o impacto específico do desmatamento e das mudanças climáticas na Amazônia. A descoberta mostra que este é o principal responsável pela redução das chuvas (74,5%), enquanto o aquecimento global é o maior vilão do aumento do calor (83,5%). Entenda.
Implante para Parkinson
O Brasil realizou seu primeiro implante de um dispositivo contra o Parkinson que pode ser ajustado à distância via celular. Este avanço elimina a necessidade de deslocamento frequentes para quem vive longe dos grandes centros especializados, garantindo um tratamento mais acessível e com melhor qualidade de vida. Leia os detalhes.
Petróleo ameaça saúde de 2 bilhões
Um quarto da população global vive a até 5 km de projetos ativos de combustíveis fósseis, segundo um relatório inédito da Anistia Internacional. Comunidades indígenas e de baixa renda são as que carregam o fardo mais pesado desta crise de saúde pública. Acesse os dados.
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