COP do Cerrado debate preservação do bioma
Aconteceu, na semana passada, o XI Encontro e Feira dos Povos do Cerrado – a COP do Cerrado. A crise climática e as ações necessárias para a preservação do bioma e suas populações tradicionais estiveram no centro dos debates
Publicado 17/09/2025 às 18:44 - Atualizado 17/09/2025 às 18:48
De 10 a 13 de setembro, o XI Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, conhecido como COP do Cerrado, debateu a crise climática e as ações necessárias para preservar o bioma e suas populações tradicionais. Em meio às preparações para a realização da COP-30 em Belém, a edição deste ano do evento ganhou particular relevância, ao servir de espaço para a articulação de intervenções em defesa do Cerrado na cúpula internacional.
Como relata o Portal Fiocruz, o encontro contou com a participação da Fundação Oswaldo Crizi, que organizou a mesa “Saúde e mudança do clima nos territórios do Cerrado: ecos das mulheres para a COP30”.
“As emergências climáticas escancararam as desigualdades. Os povos do Cerrado precisam estar na COP30. A COP é global, mas precisa ecoar as vozes locais”, afirmou Gislaine Luiz, coordenadora do LabClima do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da Universidade Federal de Goiás, no debate promovido pela Fiocruz.
Atualmente, 30 milhões de pessoas habitam o Cerrado. Nessa soma, estão incluídas diversas populações tradicionais, a exemplo de indígenas, quilombolas, geraizeiros, quebradeiras de coco babaçu, ribeirinhos, apanhadoras de flores sempre vivas, vazanteiros, entre outros. Os incêndios e crimes ambientais cometidos contra o bioma atingem em especial estes grupos.
O Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, entre outras razões, surgiu da necessidade de responder às perguntas na ECO 92 (conferência multilateral sobre temas de ambiente realizada em 1992, cuja sequência são as COPs, como a deste ano em Belém) sobre quem são os povos que habitam o bioma. “Na época, nós, da Rede Cerrado, não soubemos responder. Então, elaboramos uma pesquisa que mapeou as entidades que compunham o Cerrado. Tivemos o retorno de 60 entidades e disso surgiu a ideia de fazer um encontro. O primeiro aconteceu foi no ano 2000, em Goiânia”, explica Irene Maria dos Santos, do Instituto Brasil Central (Ibrace).
Além de mapear os povos do Cerrado, a mesa também discutiu as iniciativas desenvolvidas ali. Guilherme Franco Netto, responsável pelo Programa de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade (FioProsas/Fiocruz), apresentou o projeto Fiocruz Cerrados, que “mapeou a sociobiodiversidade e as iniciativas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no Cerrado, para identificar soluções que promovam a justiça social, a democracia e a preservação ambiental”.
“A mudança climática é um processo em curso, marcado pelo aumento da temperatura e por períodos prolongados de seca e calor intenso, associado não só às queimadas, mas também a incêndios criminosos e o desmatamento, que traz uma preocupação muito grande com a própria existência da vida como um todo no Cerrado”, apontou Franco Netto.
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