COP-30 e Cúpula dos Povos: o que esperar?
Baixo comprometimento das nações gera preocupação sobre baixos resultados da convenção
Publicado 29/10/2025 às 14:25

Estaria a COP-30 correndo o risco de ter resultados políticos bastante magros? Uma reportagem da Folha reúne indícios que devem levantar preocupação. De acordo com o jornal, 134 dos 198 países membros deixaram de entregar seus relatórios sobre metas de redução de emissões de carbono. Entre eles, os maiores poluidores, como União Europeia e Índia.
Além disso, cabe destacar que o maior emissor, os Estados Unidos, não enviará representação política para a cúpula. Esta decisão é conhecida desde o início do ano e, ainda que talvez possa mudar, se associa à retirada do país do Acordo de Paris.
Dessa forma, as próprias autoridades das Nações Unidas, como o secretário geral António Guterres, admitem que os países não estão fazendo sua parte. O aquecimento da Terra em pelo menos 1,5º C, dizem, já é inevitável. Por sua vez, especialistas envolvidos diretamente na pauta ambiental apenas reforçam sua frustração e afirmam que o mundo, definitivamente, não enfrenta tal questão com a dedicação necessária.
Um eventual fracasso reiteraria o ocorrido na COP-29 de 2024, em Dubai, quando o lobby dos combustíveis fósseis tomou conta do evento e os principais produtores de petróleo anunciaram planos de expansão total de investimentos. Ao falar em “COP da adaptação”, a ONU parece buscar consolo em avanços residuais acumulados nos últimos anos, se voltando a reduzir os danos políticos que parecem assegurados pela falta de compromisso geral.
Do lado de fora do encontro multilateral, ocorrerá a Cúpula dos Povos, reunindo ativistas e movimentos sociais do mundo inteiro. Suas demandas, inclusive por participação nas decisões de política econômica e ambiental, reforçarão a denúncia dos interesses capitalistas que operam todo o modelo produtivo causador do colapso climático, frente aos quais a maioria dos governos do mundo capitula.
Em artigo no Outra Saúde, o presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Rômulo Paes de Sousa, lembra que a “Abrasco está engajada na organização da Cúpula dos Povos”. Ele avalia que os povos originários terão no evento uma “oportunidade gigantesca de apresentar a complexidade do seu modo de vida e o seu engenho para superar as adversidades e apresentar as suas soluções para um mundo mais sustentável”.
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