Valorizar enfermagem para garantir avanço tecnológico
Governo federal comprou mais de R$ 2,4 milhões em equipamentos de saúde. Medida é importante e fortalece indústria nacional. Mas precisa ser combinada com melhores condições de trabalho para os profissionais que vão operá-los
Publicado 24/09/2025 às 16:30 - Atualizado 24/09/2025 às 16:32

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O governo federal anunciou, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), um investimento de R$ 2,4 bilhões em compras de mais de 10 mil equipamentos de saúde, com preferência aos itens produzidos no Brasil.
Essa medida é uma resposta ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que aumentou para 50% as taxas sobre dispositivos médicos brasileiros exportados para os EUA.
O objetivo do governo é fortalecer tanto a indústria nacional quanto o Sistema Único de Saúde (SUS), reduzir a dependência do mercado externo e ampliar o acesso a tecnologias de ponta. As compras priorizarão produtos voltados à atenção básica, cirurgias e procedimentos de média e alta complexidade.
A resolução publicada em julho, no Diário Oficial da União, lista 17 produtos para atendimento básico e 11 usados em cirurgias e procedimentos oftalmológicos. Atualmente, o Brasil produz cerca de 45% dos insumos e tecnologias em saúde que consome. A meta é elevar esse percentual para 50% até 2026 e 70% até 2033.
Para a atenção especializada, foram incluídos equipamentos de alta precisão diagnóstica e terapêutica, voltados à segurança do paciente em ambientes cirúrgicos ou de alta complexidade. Já na primária, o objetivo é tornar os atendimentos mais eficazes e conectados digitalmente, com foco na prevenção, diagnóstico precoce e reabilitação.
Tecnologia de ponta é fundamental, mas precisa vir junto com a valorização da categoria. Não basta ter um bom equipamento se faltam profissionais bem remunerados e em número suficiente para operá-los com qualidade e segurança.
Quando falamos em qualificar o SUS, precisamos olhar para a enfermagem, que é o maior contingente da saúde, com cerca de 3,2 milhões de profissionais registrados, que garantem o cuidado contínuo, organizam os fluxos e fazem a tecnologia funcionar na prática. Sem condições adequadas de trabalho e valorização profissional, nenhum avanço tecnológico se sustenta.
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