Cobertura da vacinação infantil continua a crescer

• Vacinação infantil segue melhorando • Wadih Damous na presidência da ANS • Populações de São Paulo e Curitiba vulneráveis à dengue • Covid em alta • Vacinas contra o vírus são distribuídas • Doença respiratória desconhecida no Congo •

.

A cobertura vacinal infantil no Brasil apresentou melhora em 15 das 16 vacinas do calendário em 2024, segundo o Ministério da Saúde. Pela primeira vez desde 2018, algumas vacinas atingiram a meta de 95%, como a tríplice viral, que cresceu de 80,7% para 96,3% em dois anos. A BCG, que protege contra formas graves de tuberculose, superou 90%, após queda no ano anterior. O reforço contra pólio também alcançou a meta, saindo de 67,7%. Apenas a vacina contra catapora não apresentou avanços, devido à falta de fornecimento, mas novos contratos prometem regularizar a oferta em 2025.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que a vacinação é prioridade no governo Lula, o que permite a recuperação do certificado de eliminação do sarampo. Uma nova campanha, “Vacinação de rotina: vacina é pra toda vida”, visa ampliar as coberturas, com foco em coqueluche, pólio, sarampo e tétano. A coqueluche, que registrou 13 mortes infantis em 2024, preocupa, especialmente em crianças menores de seis meses.

O indicado de Lula à ANS

O presidente Lula escolheu Wadih Damous, atual Secretário Nacional do Consumidor, para assumir a presidência da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), em substituição a Paulo Rebello, cujo mandato termina no dia 21. Wadih, que já atuou como deputado federal e integrou a defesa de Lula durante a Lava Jato, deixará a Senacon para assumir o novo cargo – uma vez que seja aprovado pelo Senado, após sabatina na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Sua indicação faz parte de um pacote de 18 vagas em agências reguladoras a serem preenchidas. A nomeação ocorre em meio a ações da Senacon contra operadoras de saúde por práticas abusivas, o que fortaleceu especulações sobre sua ida à ANS. A agência regula 900 operadoras e 170 mil prestadores de serviços, atendendo 51 milhões de consumidores de planos de saúde e 33 milhões de planos odontológicos. Wadih já articula sua aprovação no Senado, onde parte dos nomes indicados pelo governo será votada em breve.

Em quais capitais a dengue pode se espalhar

Um estudo com doadores de sangue em sete capitais brasileiras revelou alta vulnerabilidade à dengue em São Paulo e Curitiba. Nessas cidades, 72% e 87,5% dos analisados, respectivamente, não possuem anticorpos contra os quatro sorotipos do vírus, indicando risco de múltiplas infecções em caso de epidemias. Nas demais capitais (Belo Horizonte, Fortaleza, Manaus, Recife e Rio de Janeiro), a maioria apresentou imunidade a pelo menos um sorotipo. A principal explicação para isso é o clima mais ameno nas capitais – situação que está se alterando, com verões cada vez mais quentes e prolongados nos últimos anos. Coordenada por Ester Sabino, da FMUSP, a pesquisa também analisou a exposição ao vírus chikungunya, detectando baixa exposição em Curitiba (0,5%) e São Paulo (2%), mas índices mais altos em Recife (38%) e Fortaleza (32,5%). A pesquisa é útil para identificar a suscetibilidade das populações às infecções, orientar estratégias de prevenção, auxiliar na preparação para emergências sanitárias e embasar decisões sobre a distribuição de vacinas.

Mais casos de covid

A positividade para covid (ou seja, a porcentagem de exames que atestam a doença entre todos os testes realizados) no Brasil aumentou de 9% para 17,5% entre 3 e 30 de novembro, segundo o ITpS. A faixa etária de 40 a 69 anos é a mais atingida, e supera 20%. Minas Gerais lidera em positividade (31,5%), seguido por Rio de Janeiro e Paraná (20%). Até 23 de novembro, foram registrados 806.649 casos e 5.572 mortes no país no ano – 8.518 infecções e 83 óbitos na semana epidemiológica 47. Estados como Espírito Santo e Minas Gerais apresentam as maiores taxas de incidência, mas algumas unidades não atualizaram dados recentes. A variante XEC, identificada na Alemanha, já circula no Brasil – mas especialistas não consideram preocupante em termos de gravidade.

Novas vacinas já estão sendo distribuídas

O Ministério da Saúde anunciou a chegada de 8 milhões de doses de vacinas contra a covid, incluindo lotes atualizados contra a cepa JN.1, com entrega prevista para a primeira quinzena de dezembro. A iniciativa busca atender a demanda de crianças e adolescentes, após 18 estados terem relatado estoques zerados ou baixos. Desde outubro, estados relatam atrasos e dificuldades no abastecimento, agravados pela inclusão da vacina no calendário infantil de 2024. Mais de 4 milhões de doses venceram ou foram trocadas, representando um terço das vacinas adquiridas do laboratório Moderna.

O planejamento atual prevê distribuição conforme a demanda e capacidade de armazenamento, abrangendo vacinas para todas as faixas etárias. Em resposta às críticas, o diretor do PNI, Eder Gatti, justificou a adoção de uma estratégia não sazonal devido à natureza da covid, que agora faz parte da rotina vacinal. Recentemente, a ministra Nísia Trindade reafirmou a prioridade da vacinação e anunciou um painel virtual para monitorar estoques de insumos em tempo real.

Preocupações com doença ainda não conhecida no Congo

A República Democrática do Congo está em alerta após uma doença desconhecida causar 27 mortes em Panzi, região remota a 700 km de Kinshasa. O ministro da Saúde, Samuel-Roger Kamba, afirmou que o surto, iniciado em outubro, exige monitoramento. Além dos óbitos confirmados, outros 44 casos suspeitos estão sendo investigados. Panzi enfrenta condições de vida muito precárias: falta água potável, medicamentos e apresenta altos índices de desnutrição (61%). A doença afeta principalmente crianças menores de 5 anos (40% dos casos), com sintomas como febre, tosse e dores de cabeça. Embora comprometa o sistema respiratório, a covid foi descartada. Especialistas foram enviados para investigar.

Leia Também: