Claudio Castro libera ainda mais jogos de azar no Rio

Após brecha aberta pelo STF para que estados regulem suas próprias loterias, RJ legaliza vídeo-loterias. Qual será o impacto para o SUS?

Créditos: Reprodução/Apostou Loterias
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Sob a desculpa de formalizar um ramo de atividade econômica que opera na ilegalidade, o governo do Rio de Janeiro avança na liberação de máquinas de jogos no estado. Conhecidos como VLTs (vídeo-loterias), os equipamentos são extremamente similares aos conhecidos caça-níqueis e geram críticas de diversos matizes por sua possibilidade de ampliar o vício em jogos.

Além disso, como demonstra reportagem do Intercept, esta fonte de lucro fácil e improdutivo tende a atrair tradicionais grupos contraventores do Rio de Janeiro, que já dominam a operação do jogo do bicho. A associação é inevitável, uma vez que a repartição de áreas para exploração do jogo nesta nova modalidade tenderia a seguir o que já se vê no conhecido jogo de azar.

Com a suspensão do debate de taxação de bets no Congresso Nacional, os governos estaduais aproveitam uma brecha dada pelo STF, que liberou estados para regularem suas próprias loterias. No Rio, a Loterj lidera o processo de formalização das VLTs.

Por sua vez, o governo Castro não esclarece qual seria a destinação do dinheiro arrecadado (5% da receita líquida dos jogos). Certamente, o SUS necessitaria de tais recursos, uma vez que o ônus do vício também recai sobre seus serviços, em especial na saúde mental.

Na mesma reportagem, especialistas afirmam que não há o menor preparo da rede de saúde para lidar com o vício em jogo, que já acomete alguns milhões de brasileiros e é cada vez mais assimilado como questão de saúde pública.

Edilson Braga, psicólogo do Ambulatório do Jogo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, único serviço do SUS diretamente pensado para lidar com pessoas viciadas em jogos, é enfático: “Não há especialistas no SUS para lidar com o jogo, no RJ ou em outros estados. É mais uma crueldade. O SUS não está preparado, não consegue absorver tanta demanda. Essa bomba vai estourar no colo de todos”.

Ou seja, não basta arrecadar recursos. É preciso formar profissionais capazes de lidar com a questão e assim encontrar saídas para aqueles que desejarem abandonar o vício. Como retratado pelo Outra Saúde, alguns especialistas avaliam que a única saída razoável para conter essa nova epidemia é a proibição total de bets e jogos de azar em geral.

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