Centro de Emergência de mpox é aberto

• Ministério da Saúde cria sala de emergência para mpox • Novo centro oncológico no RS • Investimentos no Complexo Industrial da Saúde • Duas gigantes da saúde de negócios se aliam • Precarização no serviço privado • Médicas ainda ganham menos •

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O Ministério da Saúde inaugurou mais uma sala de emergência em saúde. Com o ressurgimento da mpox em escala global, e a declaração de emergência sanitária pela OMS, a pasta comandada por Nísia Trindade criou o Centro de Operações de Emergência para a mpox, nome mais recentemente designado à doença conhecida como varíola dos macacos. Apesar de uma incidência bem menor frente ao surto de 2022, quando 10 mil casos foram registrados, a enfermidade transmissível entre humanos reapareceu com força na África e se expande a outros continentes, a exemplo da Europa. Por ora, a vacinação não será uma estratégia, uma vez que não há imunizantes para distribuir em massa e o ministério não considera a doença uma ameaça de tal envergadura. Neste ano, são 706 casos no Brasil e a última morte ocorreu em abril de 2023. O COE-Mpox ficará sob comando da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, chefiada por Ethel Maciel.

Nísia e Lula entregam novo centro oncológico no RS

Em sua quinta visita ao Rio Grande do Sul após a catástrofe climática que devastou o estado, o presidente Lula esteve ao lado de Nísia Trindade para a inauguração do novo centro oncológico e hematológico gaúcho, que será gerenciado pelo Grupo Hospitalar Conceição, parte da rede de Hospitais Federais. Segundo o governo, os investimentos são de R$ 144 milhões e o “novo Centro vai aumentar 77% leitos de internação, 200% as infusões quimioterápicas, 300% a reabilitação fisioterápica e 150% a reabilitação fonoaudióloga do GHC. Os pacientes contarão com serviços de quimioterapia, radioterapia, internação para diagnóstico, tratamento e acompanhamento”. Além disso, outras duas obras do PAC da Saúde foram lançadas no estado: Centro de Apoio ao Diagnóstico e Tratamento (CADT) e o Centro de Atendimento ao Paciente Crítico e Cirúrgico.

R$ 60 bilhões para o Complexo Industrial da Saúde

Na semana passada, foi realizado em Natal o Encontro dos Laboratórios Oficiais do Brasil, que debateu estratégias para o desenvolvimento da indústria da saúde e avanço da produção farmacêutica nacional. Com presença do secretário Carlos Gadelha, liderança do Ministério no que tange à indústria da Saúde, o governo aproveitou a ocasião para destacar os investimentos de cerca de R$ 57 bilhões para o avanço do setor no país, até 2026, montante que inclui aportes privados. Por sua vez, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou mais R$ 3 bilhões via Finep para serem aplicados na área da saúde, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, dentro do plano denominado Nova Indústria Brasil.

Rede D’or e Atlântica anunciam parceria para construção de hospitais

Dois gigantes do capital privado brasileiro, a Rede D’or – que controla o grupo São Luiz – e o Bradesco – que tem a Rede Atlântica em sua carteira de serviços de saúde – anunciaram um acordo para investimentos em ao menos três hospitais. A nova sociedade anuncia a construção de unidades hospitalares em São Paulo (Guarulhos, Alphaville) e Rio de Janeiro (Macaé). Além disso, pretende construir hospitais em Ribeirão Preto e Taubaté. Como demonstrado pelo Outra Saúde, os dois grupos podem ser considerados membros do que os economistas Ladislau Dowbor e Eduardo Guimarães chamam de “Sete irmãs da saúde”, grupo de megaempresas com tentáculos em outras áreas da economia que têm maior controle sobre serviços e produtos de saúde, com extensão calculada em até 25% da economia corporativa do país.

Enquanto isso, clientes denunciam precarização

Ao mesmo tempo em que ampliam seus tentáculos sobre o campo da saúde privada e aprofundam seu oligopólio, o grupo D’or é acusado por clientes da SulAmérica, seguradora privada recém-adquirida, de precarizar o atendimento a seus usuários. Uma reportagem do Brasil de Fato publicou relatos de pacientes que fazem tratamentos delicados que tiveram sua continuidade prejudicada a partir desta aquisição, uma vez que o grupo D’or descredenciou uma série de estabelecimentos de saúde onde seus clientes recebiam cuidados. Como informado nesta e outras reportagens, as reclamações na ANS e órgãos de defesa do consumidor atingem números crescentes. Só da SulAmérica, foram mais de 29 mil queixas na ANS no ano de 2022, quando foi absorvida pelo grupo controlador da Rede de hospitais São Luiz. Além disso, a judicialização é galopante e cada dia mais debatida tanto no Congresso Nacional como no STF, que tentam criar métodos de conciliação entre empresas e usuários e uma nova lei reguladora dos planos de saúde.

Médicas mulheres ainda recebem cerca de 25% menos que homens

Panorama Financeiro do Médico, pesquisa realizada pelo Research Center, divulgou os resultados de uma pesquisa realizada com 2.624 médicos no país e constatou que mulheres ainda têm cerca de um quarto de inferioridade salarial frente aos homens. A pesquisa ainda demonstrou que profissionais sem filhos recebem mais e possuem mais tempo disponível para dedicar à carreira, o que se reflete na ampliação da desigualdade de gênero, uma vez que mulheres ainda dedicam mais tempo que homens nos trabalhos reprodutivos, o que dificulta o avanço na própria carreira. O Research Center pertence ao grupo Afya, healthtech de capital privado e atuante na área de ensino de medicina, com dezenas de escolas médicas espalhadas pelo país, a maior parte no Norte e Nordeste.

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