Brasil terá caneta emagrecedora nacional
Ministério da Saúde pediu à Anvisa que avance na análise do “Ozempic brasileiro”. Canetas emagrecedoras são uma fonte de renda exponencial para sua fabricante, a Novo Nordisk; mas, com o fim das patentes de medicamentos para controle de diabetes, isso pode mudar
Publicado 02/09/2025 às 11:42
Às vésperas do fim das patentes de medicamentos usados para controlar diabetes, e que mostraram alta eficácia para perda de peso, o governo brasileiro age para ter sua própria marca e inseri-la no SUS.
Através da EMS, fabricante de genéricos no país, o Ministério da Saúde pediu à Anvisa que avance na análise da fórmula do que seria o “Ozempic brasileiro”. A empresa sediada em Hortolândia (SP) já fechou acordo para produção da caneta emagrecedora com a Fiocruz e a tecnologia será transferida para a fábrica de Manguinhos da instituição ligada ao Ministério da Saúde.
Já a Conitec negou a incorporação da semaglutida e liraglutida pelo SUS, insumos farmacêuticos que permitem sua produção, dados seus altos custos enquanto estiverem sob patentes.
Após se tornar febre global em razão dos efeitos na perda do peso, o medicamento é uma fonte de renda exponencial de sua fabricante, a dinamarquesa Novo Nordisk. Outras empresas que fabricam produtos semelhantes também surfaram na onda e ganharam bilhões de dólares.
No entanto, tamanha lucratividade está prestes a acabar. A propriedade do princípio farmacêutico que permite a fabricação de tais tratamentos expira em 2026 e, como já informado no Outra Saúde, diversos laboratórios, em especial de China e Índia, passarão a ter suas próprias versões destas canetas emagrecedoras.
No Brasil, seu uso foi tão disseminado que se criou uma pressão para incorporação no SUS – o que explica o movimento de Alexandre Padilha para acelerar a aprovação de uma versão genérica na Anvisa.
Do outro lado, representantes da indústria usam argumentos “técnicos” para reclamar do privilégio concedido pela Anvisa e até apelam para alegações morais como “deixar de analisar outros remédios que podem salvar vidas”.
De toda forma, as canetas responsáveis pela ativação do hormônio GLP-1, que controla a glicose no pâncreas e manipula a sensação de saciedade, deixarão de ser propriedade das empresas que hoje as comercializam.
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