Brasil inaugura fábrica de mosquitos para combater dengue

Planta em Curitiba poderá produzir semanalmente até 100 milhões de ovos com bactéria que anula o vírus transmissor.

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Foi inaugurada em Curitiba, neste sábado, a maior biofábrica de mosquitos do mundo. A Wolbito do Brasil é resultado do World Mosquito Program, uma iniciativa que visa criar métodos de combate à transmissão de doenças como dengue, zika e chicungunha pelo mosquito Aedes aegypti.

Seu método, já testado em oito cidades do país, consiste na inoculação da wolbachia, uma bactéria que, quando presente no mosquito, o impede de carregar o vírus. Nas cidades onde foi testado, permitiu a redução de forma relevante do número de casos de dengue. A planta de Curitiba terá 70 funcionários e capacidade de produzir semanalmente até 100 milhões de ovos de mosquitos contaminados com a wolbachia. Inserido nos meios de reprodução do Aedes, o mosquito de laboratório diminui sua incidência no ambiente ao tornar os ovos estéreis.

Segundo a Fiocruz e o Tecpar, instituto estadual do Paraná, o método poderá atingir até 70 milhões de brasileiros nos próximos anos – já são cerca de 5 milhões de pessoas alcançadas pela ação dos “wolbitos”.

Em termos econômicos, cada real despendido com a iniciativa poderia economizar no mínimo R$ 43 em cobertura de saúde para pessoas infectadas, em especial com a dengue, cuja epidemia atingiu picos históricos nos últimos anos. No momento, são cerca de 1.536 milhão de casos de dengue no país. Com 837 mil (55% do total) São Paulo é o epicentro da doença que agora teve seu sorotipo 3 reintroduzido no meio ambiente.

Se no ano passado, foi o tema de saúde mais abordado pela mídia corporativa, a dengue parece ter saído do noticiário neste ano. A sua concentração na unidade federativa governada pelo maior candidato a sucessor de Bolsonaro e nome mais testado nas pesquisas de opinião de um suposto pleito presidencial, Tarcísio Gomes de Freitas, terá alguma relação?

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