Bolsa Família reduz internações por uso de álcool e drogas
Publicado 13/03/2025 às 12:19
Um estudo do Cidacs/Fiocruz Bahia e Harvard revela que beneficiários do Bolsa Família têm risco 17% menor de internação por transtornos relacionados ao uso de substâncias, em comparação com não-beneficiários. Publicado na The Lancet Global Health, o estudo mostrou redução de 26% no risco de internações por álcool e 11% por outras drogas. A pesquisa analisou dados de 35 milhões de pessoas entre 2008 e 2015.
Segundo Lidiane Toledo, pesquisadora do Cidacs, o alívio do estresse financeiro e o acesso a saúde e educação, promovidos pelo programa, explicam os resultados. O estudo também destacou que, em áreas com maior privação material, o risco de internação foi 41% menor entre beneficiários. “A recomendação é que profissionais da Atenção Primária e dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) considerem encaminhar pessoas vivendo com transtornos por uso de substâncias e que estão em situação de vulnerabilidade social para programas de proteção social, como o Bolsa Família”, conclui Lidiane.
Álcool e o risco de câncer: novas perspectivas
Um relatório do cirurgião-geral dos EUA (liderança em saúde pública no governo federal, Vivek Murthy, alertou que o álcool aumenta o risco de pelo menos sete tipos de câncer – entre eles, boca, garganta, esôfago, fígado e mama. O documento, publicado no início do ano, sugere que bebidas alcoólicas deveriam ter alertas sobre o risco de câncer, semelhantes aos dos maços de cigarro. A ligação entre álcool e câncer não é nova: o álcool foi classificado como carcinogênico há mais de 35 anos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC).
Segundo matéria da Nature, especialistas afirmam que não há um nível seguro de consumo de álcool que não aumente o risco de câncer. Eles alertam que o álcool pode ser, inclusive, comparado ao tabaco. Um estudo de 2019 mostrou que consumir uma garrafa de vinho por semana aumenta o risco de câncer de forma equivalente a fumar 5 cigarros (homens) ou 10 cigarros (mulheres) no mesmo período.
Barreiras ao tratamento de transtornos mentais
Uma pesquisa internacional revelou que apenas 6,9% das pessoas com transtornos mentais ou de uso de substâncias recebem tratamento eficaz. O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de British Columbia e de Harvard, analisou dados de 57 mil participantes em 21 países ao longo de 19 anos. O maior obstáculo, para os pesquisadores, é a falta de reconhecimento da necessidade de ajuda.
Apenas 46,5% percebiam que precisavam de tratamento, e só 34,1% foram atrás dele. Entre esses, 82,9% receberam o que os pesquisadores consideram um “nível mínimo de tratamento adequado” e, destes, apenas 47% alcançaram tratamento eficaz. Mesmo entre os que procuram o sistema de saúde, muitos não recebem cuidados adequados. Daniel Vigo, autor principal, reafirma a importância de capacitar médicos gerais para melhorar o diagnóstico e encaminhamento. Publicado na JAMA Psychiatry, o estudo oferece base para políticas públicas e investimentos em saúde mental.
Obesidade infantil pode atingir 746 milhões até 2050
Um estudo global publicado no The Lancet revela que um terço das crianças e adolescentes terá sobrepeso ou obesidade até 2050, ou 746 milhões de jovens. A pesquisa, que analisou dados de 204 países entre 1990 e 2021, mostrou que as taxas de sobrepeso dobraram e as de obesidade triplicaram nesse período. Regiões como Norte da África, Oriente Médio, América Latina e Caribe serão as mais afetadas.
Em entrevista ao site Futuro da Saúde, a pesquisadora Jessica Kerr, do Murdoch Children’s Research Institute, destacou a necessidade de ações multissetoriais para combater o problema. “Precisamos mudar os sistemas, não apenas focar em estratégias individuais”, afirmou. Entre as medidas sugeridas estão a regulamentação de marketing de alimentos não saudáveis, impostos sobre bebidas açucaradas e a criação de ambientes urbanos que incentivem atividades físicas. Kerr também alertou para os impactos sociais e econômicos da obesidade infantil, incluindo custos bilionários para os sistemas de saúde.
Argentinos protestam contra cortes na Saúde de Milei
“Centenas de milhares já saímos às ruas contra os ataques fascistas à diversidade. Agora é hora de nos mobilizarmos pela saúde”, afirmou o argentino Alejandro Lipcovich, da Junta Interna de ATE, um dos principais sindicatos de servidores públicos do país. Mais de 100 coletivos de trabalhadores, grupos de saúde e organizações protestaram contra as políticas do presidente Javier Milei, que cortou verbas da saúde pública, levando à escassez de medicamentos e tratamentos essenciais.
Entre os manifestantes, estavam profissionais de saúde, pacientes e as Mães da Praça de Maio. Denunciaram o desmonte do sistema público e a precarização das condições de trabalho. Programas de HIV/aids, hepatite e tuberculose sofreram cortes de até 70%, ameaçando o tratamento de 140 mil pessoas. Profissionais alertam que os cortes em serviços preventivos aumentarão os custos de saúde a longo prazo. Além disso, o governo Milei anunciou a saída da Organização Mundial da Saúde (OMS), medida criticada por especialistas, que veem risco de isolamento internacional e vulnerabilidade a crises sanitárias.