Bets estão se tornando problema de saúde pública

• O risco elevado do vício em apostas online • Entidade católica é impedida de anular voto pró-aborto no STF • Saúde privada, idosos e CPI • OMS volta a declarar emergência global para mpox • Indianos protestam por assassinato de médica •

Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
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Antes proibidas no Brasil, as casas de apostas online se disseminaram pelo país com grande rapidez e massividade. São centenas de sites criados no pouco tempo de legalização desta forma de jogo e, em poucos anos, o país já se tornou um epicentro global. Se em abril de 2021, eram 26 sites de apostas, hoje já temos 217. Com isso, começam a se acumular casos de pessoas que se tornaram viciadas e buscam tratamento psicológico, em boa parte com uma situação financeira arruinada pelo jogo. No Hospital das Clínicas, são 160 pessoas em tratamento ambulatorial, enquanto havia apenas um caso em 2015. Mais que isso, o número de pessoas na faixa dos 20 anos ganha proeminência e passa a se tornar o público mais vulnerável ao vício em jogo e suas sequelas sociais e econômicas. “Se a bet fosse uma droga, eu diria que é o crack. Seu poder aditivo é maior que o da cocaína, por exemplo”, disse a psicóloga Juliana Bizeto ao Estadão.

STF nega recurso da CNBB contra voto de Rosa Weber sobre aborto

O fundamentalismo religioso continua a tentar dar as cartas na discussão de pautas morais no Brasil. Mesmo após a derrota parcial do PL 1904, conhecido como PL do estupro, os direitos reprodutivos da mulher continuam no alvo do conservadorismo brasileiro. Desta vez, o STF teve de negar recurso da CNBB para manobrar o julgamento da corte sobre a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas de gestação. Aposentada, a ministra Rosa Weber deu seu voto antes de o ministro Luís Roberto Barroso pedir destaque da ação, que desta forma teve seu andamento adiado para data ainda não definida. Assim, a congregação católica usou um argumento processual para tentar anular seu voto, que teria sido publicado depois do pedido de Barroso. No entanto, Flávio Dino, seu substituto na corte, negou o recurso e manteve a validade do sufrágio de Weber.

Tensões se elevam na saúde privada

Enquanto o STF se prepara para decidir se contratos de planos de saúde devem se submeter ao Estatuto do Idoso, a judicialização entre usuários e prestadoras de serviço se eleva. Como mostra matéria do Jota, o acordo no fio do bigode que Arthur Lira alega ter feito com as empresas de seguros de saúde foi só uma tentativa frustrada do presidente da Câmara em se cacifar politicamente, a fim de justificar os apetites do centrão por verbas. A realidade é que as reclamações de famílias continuam a galope. As reclamações passam pelo cancelamento unilateral de planos, negação de reembolso e aumentos abusivos de preços. Enquanto isso, associações que representam famílias pressionam pela abertura de CPI e pedem ao STF que interfira na questão. Por sua vez, o Congresso tenta apresentar uma lei dos Planos de Saúde, a fim de avançar e atualizar a regulamentação do setor, mas segue longe de um desfecho conciliador.

Mpox volta a ser emergência global

Nesta quarta-feira (14/8), a Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a declarar a mpox uma “emergência de saúde pública de interesse global”, devido ao rápido aumento nas infecções registrado nas últimas semanas. “A detecção e a rápida disseminação de uma nova variante do vírus na República Democrática do Congo e sua detecção em países vizinhos que não haviam registrado casos de mpox […] é muito preocupante”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. É a segunda vez em três anos que uma epidemia dessa virose alcança o patamar de emergência global – em 2022, Outra Saúde cobriu atentamente o primeiro surto (1, 2, 3, 4). A decisão da OMS também vem logo na sequência da decretação, na terça-feira (13/8), de uma emergência continental de saúde pública pelas autoridades sanitárias africanas. Virulenta e letal, a nova variante do vírus que circula na África tem uma taxa de óbito de 3% no Congo, enquanto era de 0,2% a da variante associada ao surto de 2022.

Greves da saúde na Índia pedem justiça por médica morta

Ao longo dos últimos dias, uma série de paralisações afetou o funcionamento de hospitais em toda a Índia. De acordo com a Al Jazeera, os profissionais da saúde indianos estão se manifestando em repúdio ao estupro e assassinato de uma médica na cidade de Calcutá, no estado de Bengala Ocidental. Aos 31 anos, ela era residente do RG Kar Medical College and Hospital e foi encontrada morta dentro das instalações deste equipamento público na sexta-feira passada (9/8). Os grevistas exigem justiça pela colega assassinada e melhores condições de segurança para os trabalhadores da saúde. “Condições degradantes, cargas horárias desumanas e violência no local de trabalho são a nossa realidade”, denunciou a Associação Médica Indiana (IMA, na sigla em inglês) em uma carta pública ao ministro da Saúde do país. O ministério ainda não se pronunciou sobre o caso.

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