Bancada do Estupro ataca novamente

• Ultradireita quer expôr informações sobre aborto legal • A grave situação das mortes maternas • Ministério anuncia SUS Digital • Centro Nacional de Vacinas da UFMG • Anfetamina em vapes • Projeto brasileiro para prevenção de enchentes •

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Membro da Igreja quadrangular, bolsonarista e partidário declarado do PL 1904, que acabou conhecido como PL do Estupro e causou uma onda de indignação no país, o deputado federal Messias Donato (Republicanos-ES) mostra que a direita religiosa não desistiu de fazer do aborto seu capital político. O parlamentar apresentou o PL 1152 na Câmara, que obrigaria hospitais e clínicas, tanto públicas como privadas, a repassarem mensalmente informações sobre aborto legal ao Ministério da Saúde, que por sua vez teria de torná-las públicas. 

Sem o respaldo técnico e científico de nenhuma representação do campo da medicina e da saúde pública, o parlamentar alega que o projeto serviria para ampliar os conhecimentos a respeito das “complexas causas” que levariam milhares de meninas e mulheres a realizarem tal procedimento. No entanto, como respondem especialistas diversos, as causas já são conhecidas, assim como as políticas públicas de mitigação da violência sexual e da gravidez precoce. Como já se observa em diversas cidades, o projeto de lei mostra-se um evidente instrumento de ampliação da perseguição a profissionais e mulheres que participassem de tais procedimentos. Às vésperas do início das campanhas eleitorais nos municípios, a ideia parece mais uma tentativa de cercear o aborto legal por políticos que instrumentalizam a religião para obtenção de dividendos particulares.

Enquanto isso, mortes maternas explodiram nos governos conservadores

Como é possível perceber, os discursos conservadores em defesa “da vida” não vão além da retórica. Na prática, governos orientados pelo conservadorismo, em especial nos anos de Jair Bolsonaro, promoveram uma explosão de mortes maternas, dentre outros fracassos nos indicadores sociais. Um estudo da Unicamp, publicado em junho na Revista de Saúde Pública, investigou o tema entre os anos 2017 e 2022. Os resultados assustam: entre mulheres pretas, o índice chegou a ser o dobro das pardas e brancas, no período, atingindo 125 por 100 mil nascidos vivos.

 Os resultados se dão por uma combinação de diversos fatores, desde o desfinanciamento do SUS, em especial na atenção primária, onde se faz o pré-natal, a fatores socioeconômicos relativos a empobrecimento e precarização da vida, que têm entre seus variados efeitos o afastamento da população mais penalizada do acompanhamento e tratamento de saúde. A destruição de políticas públicas, incentivada pela ideologia do Estado mínimo, combinada com a radicalização dos discursos moralistas, é defendida por especialistas como explicação para a piora de diversos indicadores de saúde. 

Ministério anuncia início da digitalização do SUS

Em entrevista coletiva, o Ministério da Saúde anunciou a implantação do programa SUS Digital, que tem a ambiciosa meta de conectar o sistema de saúde com seus usuários a partir da digitalização de seus prontuários e acesso a outros serviços de Saúde. No evento, que contou com a participação da ministra Nísia Trindade e da secretária de Saúde Digital, Ana Estela Haddad, foram apresentados as principais ferramentas do aplicativo, que já teve mais de 50 milhões de downloads e conta com 4,5 milhões de usuários ativos. O projeto configura-se como maior tarefa da secretaria liderada por Ana Estela e contou com investimentos de R$ 460 milhões por parte do governo, que repartiu a alocação aos estados de acordo com suas condições e necessidades, a fim de garantir equidade no processo de digitalização do SUS. Além disso, o ministério anunciou o avanço na criação de 24 regiões de Telessaúde, cuja finalidade é promover serviços de saúde para áreas mais remotas. Por ora, o Meu SUS Digital conta com cerca de 30 funções, como histórico de vacinas e acesso a benefícios sociais do setor, como remédios do Farmácia Popular e absorventes.

Novidades sobre a fábrica de vacinas em MG

No dia 12, Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, visitou as obras do Centro Nacional de Vacinas, no espaço conhecido como BH TEC, da UFMG. Com área de 6 mil metros quadrados, a fábrica de vacinas será uma ampliação do Centro de Tecnologia de Vacinas, que já desenvolve imunizantes com tecnologia brasileira, a exemplo da Spin-Tech, dedicada ao coronavírus, além de vacinas para doenças como chagas, leishmaniose e malária, consideradas historicamente negligenciadas. O projeto também integra pesquisadores da UFMG com a Fiocruz de Minas Gerais e seus princípios ativos poderão ser compartilhados com outros laboratórios brasileiros, como o Bio Manguinhos, no Rio, e Butantan, em São Paulo. Luciana Santos aproveitou a ocasião para anunciar que editais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia serão lançados de forma direcionada ao polo tecnológico mineiro. 

Polícia identifica anfetamina em cigarros eletrônicos

Uma análise da Polícia Científica de Joinville (SC) sobre dez diferentes marcas de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) pode abrir uma nova fronteira sobre a toxicidade de tais produtos. Apesar de proibidos no Brasil, os chamados vapes têm consumo estimado em 1 milhão de brasileiros, especialmente jovens, e as substâncias conhecidas em sua composição já são consideradas nocivas à saúde. Na análise da polícia catarinense, foi encontrada octodrina, substância da família das anfetaminas. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a octodrina tem grande potencial de gerar vício e suas propriedades podem fabricar sensações de felicidade e euforia, entre outras coisas, aceleram as funções cardíacas. Para João Barnache, superintendente da Polícia Científica da cidade, os fabricantes inserem tal substância de forma proposital em seus DEFs. 

Pesquisador da USP cria técnica para prevenir assoreamento de rios

Demetrio Zachariadis, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP, patenteou uma técnica que promove o desassoreamento de rios e cursos d’água. Causado por acúmulo de sedimentos em suas margens e leitos, o processo pode ser natural, mas na atualidade está amplamente atrelado à atividade humana. Desmatamento, acúmulo de dejetos ou resíduos sólidos são condições para gerar o processo de ressecamento ou diminuição da profundidade de rios, que podem se tornar mais propensos a enchentes. Como explica ao jornal da USP, o processo passa pela criação de uma pequena plataforma alimentada por energia eólica ou solar, que através de bateria aciona uma bomba de sucção; esta, por sua vez, despeja os materiais retirados em outra balsa. Zachariadis faz questão de ressaltar que a técnica é mais valiosa se empregada de forma preventiva, e não após eventos severos que afetem a condição do rio.

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