Argentina: corrupção de Milei atinge a Saúde

Na Argentina de Milei, saúde é terreno fértil para corrupção. Vazamento de áudios revelam que grandes farmacêuticas pagam propina para serem escolhidas em compras públicas de medicamentos no país

.

O recente vazamento de áudios comprometedores abriu uma crise no governo de Javier Milei, presidente da Argentina. Nas gravações, o presidente de um órgão do Ministério da Saúde argentino revela que grandes farmacêuticas pagam propina para serem escolhidas em compras públicas de medicamentos no país. 

As propinas de 8% sobre os valores pagos beneficiam o entorno direto de Milei, indicam as falas atribuídas a Diego Spagnuolo, dirigente da Agência Nacional de Deficiência (Andis, na sigla em espanhol). Outros áudios atribuídos a Karina Milei, irmã e principal conselheira do presidente, reforçam que o círculo mais próximo do poder está envolvido no esquema de ilegalidades.

A Fundación GEP (FGEP), importante entidade de luta pelo acesso a medicamentos na Argentina, publicou uma análise da crise, na qual denuncia que “sob o atual governo, a saúde pública se tornou terreno fértil para práticas corruptas, negociatas opacas e concentração de poder em funcionários que operam como intermediários comerciais”. 

A FGEP explica que as irregularidades foram facilitadas pelo uso recorrente da dispensa de licitação pela gestão Milei para a aquisição de medicamentos, especialmente remédios para hepatite C e antirretrovirais. O grupo aponta que o mau uso de dinheiro público não se restringe às propinas: estas empresas corruptoras também aumentam os preços de seus produtos em até 863%, muito acima da inflação no país, onerando os cofres estatais. 

A dispensa de licitação (criticada como um “atalho para a corrupção”) era utilizada inclusive quando havia a alternativa de medicamentos genéricos, muito mais baratos. O procedimento adequado para a aquisição dos fármacos, explica a FGEP, seria abrir licitações ou recorrer ao Fundo Estratégico da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).

“A dispensa de licitação, especialmente quando não existe exclusividade por propriedade intelectual, deve ser a exceção, não a regra. Quando o Estado opta pela opacidade, o custo não se mede apenas em milhões de pesos, mas também em vidas”, conclui a fundação argentina.

Sem publicidade ou patrocínio, dependemos de você. Faça parte do nosso grupo de apoiadores e ajude a manter nossa voz livre e plural: apoia.se/outraspalavras

Leia Também: