Amputados e gravemente feridos em Gaza já são 24 mil

• 24 mil amputados na Faixa de Gaza • Pólio na Guiana Francesa liga alerta no Amapá • Eliminação da elefantíase no Brasil reconhecida pela OMS • Mundo reavalia situação da mpox • Coqueluche se alastra pelo país • Psicodélicos no SUS em debate •

Foto: BBC
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Em pouco mais de um ano de massacre televisionado, muito já se denunciou sobre o colossal número de palestinos assassinados por Israel na Faixa de Gaza. Contudo, outras dezenas de milhares de habitantes do enclave que sobreviveram à violência israelense também tiveram sua vida alterada para sempre – em especial, pela perda de partes de seus corpos. Segundo estimativas da OMS, 24 mil palestinos sofreram lesões graves, como a amputação de um membro. Uma sensível reportagem da BBC conta a história de algumas dessas pessoas, que buscam próteses em meio à impossibilidade de sair de Gaza e de hospitais destruídos dentro do enclave. Uma delas é Diya al-Adini, de 15 anos, que possui uma câmera digital e gostaria de ser fotógrafo. Um míssil israelense levou seus dois braços. Provisoriamente, sua irmã tira fotos sob sua orientação – mas ele aguarda uma prótese de uma caridade da Jordânia para seguir adiante com seu sonho. Como esta, as demais histórias da reportagem trazem uma nova dimensão dos impactos duradouros dos crimes israelenses em curso.

Pólio: nova ameaça de volta da doença, no Amapá

Após a identificação do poliovírus em amostras do esgoto de uma cidade da Guiana Francesa próxima ao Amapá, o Ministério da Saúde anunciou a intensificação das ações contra a pólio na fronteira entre o Brasil e a colônia francesa. De acordo com a pasta, elas se concentram na ampliação da vacinação na população de Oiapoque (AP), município do lado de cá da fronteira, e na vigilância das paralisias flácidas agudas, típicas da pólio, por meio de varreduras casa a casa. Uma nota do MS destaca que o risco da reintrodução do poliovírus no país é alto, principalmente devido às sucessivas quedas na cobertura vacinal nos últimos anos. Em 2023, essa cobertura era de 86,6% no Brasil e de apenas 65,7% no Amapá – enquanto a meta recomendada pela OMS é de 95%. Uma equipe técnica do Departamento do Programa Nacional de Imunizações foi enviada ao estado nortista para acompanhar o trabalho de vacinação contra a pólio.

Certificado de eliminação da elefantíase é entregue ao Brasil

Nesta segunda-feira (11/12), o diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) Jarbas Barbosa entregou à ministra da Saúde, Nísia Trindade, o certificado de eliminação da elefantíase concedido pela OMS. O documento confirma que o país conteve a transmissão da doença infecciosa, sem registrar nenhum caso ao longo de uma série de anos. O Brasil é a 20ª nação a fazê-lo. A erradicação dessa doença determinada socialmente era uma das metas do plano Brasil Saudável, lançado pelo Governo Federal no ano passado. Nísia equiparou o feito a um gesto para resgatar “uma dívida histórica desse país em não cuidar das chamadas ‘doenças da pobreza’ que, na verdade, são da omissão”. Como este boletim noticiou no dia 3/10, a Organização Mundial da Saúde reconheceu ainda no fim de setembro a conquista brasileira – destacando o papel do SUS –, mas só na cerimônia desta segunda-feira o certificado foi formalmente entregue. De acordo com o MS, o trabalho de vigilância seguirá em vigor para impedir o retorno da filariose linfática.

OMS reavaliará emergência global da mpox

A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou para o próximo dia 22/11 uma reunião de seu comitê de emergência, com o objetivo de reavaliar a situação da mpox no mundo, noticia a Agência Brasil. Desde que a organização declarou uma “emergência de saúde pública de interesse internacional” ligada à doença, houve alterações no cenário global. Por um lado, cada vez mais Estados notificam terem identificado casos – só neste ano foram quase 110 mil e 236 mortes, espalhados por 123 países. Por outro, a intensificação da vacinação e das ações de vigilância tem começado a estabilizar a situação na República Democrática do Congo, onde o atual surto se originou e teve mais força. A próxima reunião do comitê de emergência deve determinar as subsequentes ações globais de contenção da doença. Neste mês, novas doses de vacina chegarão ao Brasil para reforçar a “reserva estratégica” do país contra a mpox.

Coqueluche cresce 34 vezes em São Paulo e 14 vezes no Brasil

De acordo com um boletim epidemiológico da Secretaria Mundial de Saúde da capital paulista, os casos de coqueluche cresceram 3400% em São Paulo neste ano. Em 2023 eles foram 14 – e, em 2022, apenas 1 caso da doença foi registrado na cidade. Mas o ano de 2024 viu 495 notificações só até a primeira semana de novembro. A faixa etária mais afetada é a dos jovens de 10 a 19 anos. A maior parte das vítimas vive na Zona Oeste de São Paulo, mais afluente; e viajaram ao exterior, o que leva os epidemiologistas a ligarem a onda de casos aos surtos ainda maiores que têm acontecido na Europa e na Ásia. Porém, o cenário não se restringe a esta metrópole do Sudeste: o monitoramento do Ministério da Saúde aponta que, em 2024, o Brasil já registrou 2.953 casos da doença, 1400% a mais que em 2022 ou 2023. Além disso, 12 óbitos foram confirmados. Especialistas ouvidos pela Folha indicam que a queda na cobertura vacinal entre 2016 e 2023 é um fator determinante para as dificuldades que o país vive para conter a coqueluche.

Psicodélicos no SUS: há espaço para avançar?

Sob o lema “Integração, Acesso e Regulação”, o 2º Congresso Brasileiro Sobre Psicodélicos debateu na semana passada, no Rio de Janeiro, os caminhos possíveis para a introdução de psicodélicos no SUS. Por enquanto, a ampla maioria das substâncias psicodélicas – ayahuasca, psilocibina, MDMA, DMT, entre outras – não está regulamentada, e não pode ser oferecida de forma mais ampla pelos equipamentos de saúde pública. Apesar disso, conta matéria da Folha, os estudos sobre seus efeitos avançam em universidades e centros de pesquisa em todo o país, solidificando a hipótese de que eles podem ter um papel positivo especialmente em tratamentos de saúde mental. E ainda falta conhecer muito a respeito. As substâncias em geral têm sido estudadas em situações clínicas individuais. Mas os psicodélicos são utilizados por comunidades tradicionais em contextos comunitários – e alguns dos especialistas opinam que o cenário coletivo é decisivo para os efeitos. Seja como for, o central no momento é “mover o imaginário do proibicionismo num país essencialmente proibicionista”, avaliou o professor da UFRJ e anfitrião do evento, psiquiatra Pedro Gabriel Delgado.

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