Agressão israelense põe saúde do Líbano em perigo
• A saúde dos libaneses, atacada • Telemedicina diminuirá deslocamentos para tratar câncer? • A esquizofrenia no Brasil e os Caps • Science reflete sobre a situação da mpox • Mudanças climáticas e tuberculose • Unicamp estuda teste para HPV •
Publicado 09/10/2024 às 12:12
Em coletiva nesta terça-feira (8/10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o risco de aumento das doenças no Líbano devido à guerra em curso no país. A agência frisa que o sistema de saúde local está sendo sobrecarregado pelos ataques promovidos por Israel contra o território libanês. Devido aos bombardeios israelenses, cinco hospitais já foram fechados no Líbano e quatro outros estão operando apenas parcialmente. No relatório difundido em seu site na semana passada, a OMS já havia destacado que há uma “emergência sanitária” no país, em que até o final do mês de setembro 38 trabalhadores da saúde haviam sido mortos e 11 ataques contra equipamentos de saúde haviam sido registrados. Eles se concentram principalmente no sul do Líbano, que já foi ocupado ilegalmente por Israel até 2000, e na capital, Beirute. Centenas de milhares de libaneses também já foram deslocados de sua casa pela agressão militar sionista.
Telemedicina avança na navegação de pacientes de câncer
Um estudo do Instituto de Estudos em Políticas de Saúde analisou o fluxo de pacientes do SUS para fora de suas regiões de saúde, isto é, áreas onde o sistema é organizado em função das características epidemiológicas da população e sua demografia. Divulgado em matéria da Folha, o estudo mostra que 15% dos pacientes que buscaram tratamentos em 2023 tiveram de sair de suas regiões e se deslocar rumo a locais com estrutura capaz de ofertar o serviço. Diante disso, a telemedicina se revela um importante aliado para a redução do número de deslocamentos, pois como mostra a pesquisa, boa parte dos pacientes abandona certos tratamentos em função da dificuldade de sair de seus locais de residência com a frequência exigida.
Em dezembro, o governo federal estabeleceu a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, que visa incidir exatamente nesta denominada “navegação” do paciente oncológico, isto é, todo seu trajeto entre rastreamento, tratamento e monitoramento através do sistema de saúde. Como explicou ao Outra Saúde o ex-presidente do Instituto Nacional do Câncer, Luiz Santini, um dos grandes desafios da PNPCC é exatamente garantir uma “navegação” satisfatória dos brasileiros que moram em cidades pequenas e afastadas dos equipamentos de saúde de alta complexidade. Útil na realização de consultas de rotina e diminuição de deslocamentos, a telemedicina será instrumento cada vez mais presente nesta política de saúde.
Para evitar o estigma sobre pacientes com esquizofrenia
Segundo dados oficiais, 0,75% da população brasileira (1,6 milhão) têm diagnóstico de esquizofrenia. Tradicionalmente invisibilizados, seus portadores precisam fazer um acompanhamento permanente nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), uma vez que tal condição não possui uma cura. Consultas, terapias ocupacionais e uso controlado de medicamentos são a rotina dessas pessoas socialmente estigmatizadas. Por isso mesmo, muitos evitam lidar com a doença de acordo com as prescrições científicas, o que pode aprofundar os danos à saúde e à própria vida social. Como explicam especialistas, fazer os acompanhamentos clínicos é o caminho mais seguro para manter uma vida funcional e integrada, e assim superar as barreiras do preconceito. Nesse sentido, os CAPS prestam atendimento permanente, sem a necessidade de fila, e se afirmam como a principal estrutura política pública de saúde mental no país, tema cada vez mais presente na sociedade e também na formulação de políticas públicas.
Os riscos de uma possível pandemia de mpox
Este editorial da revista Science discute o risco de uma nova variante do vírus mpox, clade Ib, que está se espalhando rapidamente em diversas regiões, inclusive fora da África, como Suécia, Tailândia e Paquistão. A variante surgiu na República Democrática do Congo (RDC) em 2023 e já foi relatada na Índia. Diferente da variante clade II, que afetava principalmente homens que fazem sexo com homens, a nova variante está se propagando por transmissão heterossexual e contato próximo, atingindo adultos e crianças. A vacinação contra a varíola, que também protege contra o mpox, foi interrompida na década de 1970, tornando a maioria da população africana, especialmente jovens, vulnerável. O editorial critica as barreiras à disponibilidade de vacinas na África, incluindo altos custos, proteção de propriedade intelectual e falta de mecanismos globais de solidariedade. O Fundo Pandêmico do Banco Mundial foi insuficiente e fabricantes não se comprometeram a fornecer doses a preços acessíveis. As doações, embora promissoras, ainda são insuficientes.
Mudanças climáticas agravam epidemia global de tuberculose
As mudanças climáticas estão agravando os determinantes da tuberculose, o que pode piorar o cenário da epidemia global da doença nos próximos anos. A avaliação é do cientista-chefe da OMS Jeremy Farrar, que a externou na terça-feira no Fórum Global de Vacinas contra Tuberculose, no Rio de Janeiro. Ele aponta que a insegurança alimentar, os deslocamentos e a desigualdade, assim como eventos extremos como secas e inundações, são associados a aumentos nos casos da doença, e as mudanças climáticas os tornaram cada vez mais recorrentes. Os dados recentes sugerem que o Brasil, país fortemente afetado pelas alterações do clima, não fica de fora dessa tendência. A taxa de incidência da tuberculose cresceu nos últimos anos, particularmente em estados como Amazonas e Rio de Janeiro. No ano passado, foram cerca de 85 mil casos. Para piorar, um dos principais medicamentos para tratamento da doença segue caro devido à vigência de patentes bastante contestadas.
Tecnologia brasileira poderá detectar HPV
A Unicamp e a startup Biomab estão desenvolvendo uma tecnologia para detecção rápida e barata do HPV, vírus relacionado a cânceres como o de colo de útero. O método, em fase de testes pré-clínicos, utiliza 60 amostras fornecidas pelo Icesp, divididas entre pacientes com lesões iniciais, avançadas e com outros tipos de câncer. O foco está na identificação precoce de mulheres assintomáticas em risco de desenvolver câncer, antes das alterações morfológicas visíveis no papanicolau. A técnica detecta as proteínas L1 e E6 do HPV, sendo esta última indicativa de maior risco. O exame, simples como um teste de gravidez, pode reduzir a necessidade de papanicolau e os custos associados. O projeto visa identificar subtipos virais oncogênicos, como os dos grupos 16 e 18, responsáveis por 95% dos casos de câncer de colo de útero. Se eficaz, a produção comercial do teste poderá começar após 2025, com potencial para licenciamento ou parcerias de fabricação.