Afetados pelo desastre de Mariana e o debate ambiental na saúde
Atingidos pela queda da Barragem de Fundão em pauta na saúde pública com fortalecimento do SUS em cidades afetadas pelo desastre climática. Além da saúde física, a saúde mental dos atingidos precisa ser levada em conta
Publicado 29/05/2025 às 16:46 - Atualizado 29/05/2025 às 17:03

O Ministério da Saúde vai começar a liberar os recursos destinados ao fortalecimento do SUS nos 49 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. A primeira etapa – um repasse de R$825 milhões que foi anunciado nesta terça-feira (27) – será feita a partir da apresentação dos planos de ação pelos gestores locais, que participarão de oficinas sobre as propostas ao longo da semana, em Brasília. Os recursos devem ser aplicados até o fim de 2026.
Durante o evento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou também acordo de cooperação com a Fiocruz para a realização de Pesquisa em Saúde do Rio Doce, com foco em epidemiológicos, toxicológicos e de avaliação de risco à saúde humana por exposição a substância químicas nos territórios atingidos pelo rompimento da barragem. Segundo o ministério, os estudos terão duração de 15 anos. Padilha afirmou que “Será a maior e melhor pesquisa sobre acidentes e crimes ambientais de impacto na saúde e no meio ambiente que o mundo já realizou”, enfatizando o papel da Fiocruz na coordenação do projeto.
Além da saúde física, discutir a saúde mental das pessoas atingidas por barragens é essencial. Em novembro de 2023, uma audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais já havia concluído que os atingidos pelas barragens – não só de Mariana como também de Brumadinho – permanecem sofrendo com os impactos na saúde, física e mental, provocados pelos resíduos de minério e pela impunidade das empresas envolvidas.
À época, a coordenadora regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macrorregião Sanitária Centro do MPMG, Vanessa Horta, trouxe a proposta de construir, em debate público, uma política estadual de atenção integral à saúde das populações atingidas por barragens. Em janeiro de 2025, outra audiência pública, organizada pelo MPMG, destacou relatos de aumento do uso de medicamentos controlados e medo dos dias chuvosos devido a uma barragem localizada na cidade de Congonhas (MG).
Colunista do Outra Saúde, Cláudia Braga escreveu, em 2024, sobre a relação entre a saúde mental e os desastres climáticos. Segundo ela, uma das linhas de ação para abordar o tema é a que parte da ideia de que as mudanças climáticas intensificam fatores de risco para problemas de saúde mental. Isso porque essas mudanças geram consequências que impactam diretamente na vida das comunidades – como a queda de barragens –, ameaçando a saúde física e mental dos cidadãos. A necessidade, portanto, de agir em relação à saúde tanto física quanto mental das pessoas vulneráveis a condições climáticas extremas e desastres climáticos está posta.
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