A volta das preocupações com a mpox

• Mpox volta a preocupar a OMS e o mundo • Covid longa pod eter afetado 400 milhões • Cultura, Saúde e o Memorial da Pandemia • Brasil trabalha em vacina contra H5N8 • As denúncias em torno das eleições do CFM •

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A OMS está em alerta com a alta de casos de mpox na África, causada pela nova cepa Clado 1b, que é até 10 vezes mais letal que a variante de 2022. A situação na República Democrática do Congo (RDC) é grave, com mais de 14 mil casos e 511 mortes, e o vírus se espalhou para países vizinhos como Quênia, Ruanda e Uganda. O diretor da OMS, Tedros Adhanom, convocará nos próximos dias um comitê de emergência para avaliar se essa nova cepa representa uma emergência de saúde pública internacional. A mpox é transmitida por contato físico, incluindo relações sexuais, e agora o Clado 1b também se espalha dessa forma, aumentando o risco de um novo surto global. Sintomas incluem febre, dores musculares, cansaço e erupções cutâneas, que podem aparecer em várias partes do corpo, incluindo genitais. A OMS pediu aos fabricantes de vacinas que submetam doses para aprovação emergencial, o que pode acelerar o acesso a imunizantes, especialmente em países de baixa renda. 

Mais descobertas sobre o impacto da covid longa

Um novo relatório, publicado na Nature Medicine, estima que cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo foram afetadas pela chamada covid longa, com um impacto econômico global de cerca de 1 trilhão de dólares por ano. O estudo, conduzido por cientistas e pesquisadores de diversos países, avalia que 6% dos adultos e 1% das crianças tiveram a forma persistente da covid até o final de 2023. Apenas 7% a 10% dos pacientes se recuperaram totalmente após dois anos, e muitos enfrentam condições crônicas como doenças cardíacas e diabetes. A covid longa afeta profundamente a vida dos pacientes, suas famílias e comunidades, com impactos no trabalho e na vida social. O relatório destaca a falta de conhecimento sobre tratamentos e a necessidade de mais pesquisas e políticas públicas. Destaca a “quase total ausência de evidências de ensaios clínicos randomizados para orientar as decisões de tratamento”. Além disso, o estudo sugere que a covid longa pode ter múltiplos subtipos, cada um com diferentes mecanismos biológicos e respostas a tratamentos.

Memorial da Pandemia sairá do papel?

As ministras da Saúde, Nísia Trindade, e da Cultura, Margareth Menezes, assinaram um acordo de cooperação técnica para ações conjuntas voltadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, focando na qualidade de vida e nos direitos à saúde e à cultura, especialmente para grupos vulneráveis. Um dos principais projetos é a criação do Memorial da Pandemia de Covid-19, no Centro Cultural do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro. Este espaço promoverá a memória das vítimas e a reflexão sobre saúde, ciência e cultura. O acordo também propõe políticas públicas integradas de saúde e cultura, incluindo o apoio técnico da Cultura em projetos de saúde e a realização de atividades culturais em espaços de saúde e vice-versa. O objetivo é promover saúde mental, hábitos saudáveis e educação em saúde, utilizando a cultura como ferramenta de transformação e melhoria da qualidade de vida.

Butantan estuda nova vacina contra gripe aviária

A Anvisa recebeu um pedido do Instituto Butantan para iniciar testes em humanos da vacina contra gripe aviária (influenza A H5N8). O estudo visa avaliar a segurança e a imunogenicidade do imunizante, que já passou por testes pré-clínicos e tem lote pronto para ensaios clínicos. O objetivo não é comercializar a vacina de imediato, mas criar um estoque estratégico para uso emergencial pelo Ministério da Saúde. O H5N8, escolhido pela sua alta patogenicidade, é um vírus que pode causar graves problemas respiratórios e tem letalidade de 53% em humanos. A vacina usa o vírus inativado e é uma resposta ao risco crescente da gripe aviária, que já afeta aves e mamíferos em diversas regiões, inclusive no Brasil. O Butantan também desenvolve tecnologia para adaptar a vacina caso o vírus sofra mutações. Até o momento, não há casos registrados de infecção em humanos no Brasil, mas a vigilância continua, dado o potencial epidemiológico do vírus.

Irregularidades nas eleições para o CFM

As eleições para o Conselho Federal de Medicina (CFM) estão sendo amplamente contestadas. Requerimentos pedem a impugnação dos resultados e levantam sérias dúvidas sobre a integridade do processo. As acusações incluem propaganda eleitoral irregular, violação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e inconsistências no número de votos em relação ao total de médicos aptos a votar. Parte dessas denúncias já está sob investigação da Polícia Federal, o que reforça a gravidade da situação. A eleição, realizada online nos dias 6 e 7 de agosto, foi manchada por alegações de irregularidades. Em São Paulo, Melissa Palmieri, da chapa ConsCiência CFM, contestou o resultado, apontando não apenas a violação das normas eleitorais, mas também a utilização de mensagens impulsionadas durante o período de votação – uma clara afronta às regras estabelecidas.

Também alarmantes são as acusações de violação da LGPD, com médicos recebendo mensagens de uma empresa que, aparentemente, teve acesso indevido a seus dados pessoais, instigando-os a votar em uma chapa específica. O CFM limitou-se a passar a responsabilidade à Polícia Federal, sem oferecer uma resposta clara e contundente. A resposta do órgão tem sido evasiva: admitem dificuldades na fiscalização da campanha, mas minimizam as denúncias. A demora em se posicionar de forma clara e a falta de uma investigação interna rigorosa até o momento levantam preocupações sobre a real disposição do CFM em assegurar a lisura do processo eleitoral. Com a posse marcada para 1º de outubro, o tempo para uma solução justa e transparente está se esgotando, e o futuro da governança médica no país pode estar em risco.

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