A desigualdade na saúde em São Paulo, em números
Boletim “CEInfo – Saúde em Dados”, publicado pela secretaria municipal de saúde da capital paulista, traz informações que ilustram o problema da iniquidade
Publicado 01/10/2025 às 13:36 - Atualizado 01/10/2025 às 15:00

A desigualdade regional ainda é uma forte marca dos indicadores de saúde da cidade de São Paulo, mostram as informações do boletim “CEInfo – Saúde em Dados”, publicado pela Secretaria Municipal de Saúde da capital paulista na última quinta-feira (25). A publicação tem periodicidade anual e é produzida pela Coordenação de Epidemiologia e Informação do órgão.
As crianças das regiões mais afastadas e pobres da metrópole estão entre as maiores vítimas dessa desigualdade, demonstram os números. Enquanto o déficit de altura (ou seja, uma estatura bastante abaixo do normal para a idade e sexo do indivíduo) atinge apenas 2,8% das crianças menores de cinco anos na subprefeitura de Pinheiros (Zona Oeste), situada em uma das regiões mais ricas da cidade, 11,4% das crianças nessa faixa etária sofrem desse problema no Jaçanã, na periferia da Zona Norte. A desnutrição crônica e a fome tendem a ser os principais fatores que causam um déficit de altura.
Da mesma forma, o excesso de peso entre menores de 5 anos atinge 5,5% das crianças de Pinheiros. Os números dobram na subprefeitura da Cidade Tiradentes, no “fundão” da Zona Leste da capital paulista, onde chegam a uma em cada dez crianças com excesso de peso. Como Outra Saúde já alertou, o Brasil está acima da média global nas taxas de obesidade e sobrepeso infantil, uma crise ligada ao fácil acesso dos jovens mais vulneráveis a alimentos ultraprocessados.
No que se refere à saúde materno-infantil, a iniquidade também é fortemente visível. O coeficiente de mortalidade infantil na região da Brasilândia (Zona Norte) é de 14,9 óbitos por mil nascimentos. O mesmo índice é cinco vezes menor na abastada subprefeitura da Vila Mariana (Zona Sul), onde há 3 óbitos a cada mil nascidos vivos. Enquanto apenas 0,3% das mães têm menos de 20 anos em Pinheiros, 11,1% das mulheres que dão à luz estão nessa faixa etária bastante jovem na Cidade Tiradentes.
Outra expressão da desigualdade entre as regiões da maior cidade do país está no tempo médio de espera para acessar os serviços de saúde. Enquanto os moradores da subprefeitura do Campo Limpo (Zona Sul) precisam aguardar apenas 9 dias por uma consulta de atenção básica, a população de Santo Amaro (Zona Sul) espera quatro vezes mais, cerca de 40 dias.
Um cenário similar de grande divergência no tempo de espera é encontrado na atenção especializada. Na região de Parelheiros (Zona Sul), aguarda-se 44 dias por uma consulta de especialista. Já na Brasilândia (Zona Norte), é preciso esperar longos 186 dias até acessar o serviço. Na cidade de São Paulo como um todo, a média é de 89 dias.
O boletim CEInfo – “Saúde em Dados” ainda conta com informações sobre as consultas realizadas no município (produção assistencial), os números das doenças e agravos de notificação obrigatória, bem como também chama atenção para o marcado envelhecimento da população paulistana.
Sem publicidade ou patrocínio, dependemos de você. Faça parte do nosso grupo de apoiadores e ajude a manter nossa voz livre e plural: apoia.se/outraspalavras