71 anos do Ministério da Saúde

• Para celebrar a história do Ministério da Saúde • Políticas para as doenças negligenciadas • É preciso ampliar a prevenção global contra a aids • Olimpíadas: CBD pode ser usado por atletas • Apagão cibernético ainda ressoa em hospitais •

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Nesta quarta, o Ministério da Saúde produziu uma série de matérias em comemoração da criação da pasta, a partir de lei federal de 1953, que separou-a do Ministério da Educação, no governo de Getúlio Vargas. Além de resgatar personagens históricos da saúde brasileira, como Zilda Arns, dona Ivone Lara e Maninha Xukuru Cariri, a pasta celebrou a retomada de políticas e indicadores de saúde, como a cobertura vacinal e programas como Farmácia Popular e Mais Médicos. Socióloga e ex-presidente da Fiocruz, com vasta pesquisa sobre história da Saúde no Brasil, a ministra Nísia Trindade Lima comemorou a data em suas redes sociais.

“A autonomia da pasta da saúde foi um marco significativo. A criação do SUS em 1988 fortaleceu o Ministério da Saúde como referência em cuidado e equidade. Avanços importantes marcaram os governos do presidente, como a criação de uma secretaria de Ciência e Tecnologia, destacando a importância da ciência e das tecnologias de saúde. Iniciativas importantes foram desestruturadas pelo governo passado. Porém, com a retomada do governo liderado pelo presidente Lula, muitas conquistas estão sendo reativadas, incluindo a expansão da Saúde da Família. Comemoramos a reestruturação do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Estamos avançando graças ao esforço das trabalhadoras e trabalhadores do Ministério da Saúde e de todo o SUS, junto com o apoio da sociedade. Retomamos o Farmácia Popular e estamos desenvolvendo novas ações, como a Saúde Digital. Ao longo desses 71 anos, tenho a honra de ser a primeira mulher ministra da Saúde, em um governo que promove a equidade de gênero. Parabéns a todos e todas do Ministério da Saúde!”

MCTI mira doenças negligenciadas

Nesta quarta, Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação recebeu Luis Pizarro, presidente da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), ONG que pesquisa e desenvolve medicamentos para doenças menos  abordadas em investimentos públicos e privados. Isso porque são enfermidades típicas do Sul Global de características tropicais, e sempre tiveram baixos financiamentos tanto de governos como da indústria farmacêutica. Na reunião, Luciana e Pizarro conversaram sobre direcionamento de investimentos públicos no desenvolvimento de terapias para doenças como chagas, dengue, malária, tuberculose, entre outras. Como mostrou o Outra Saúde, a organização liderada pelo médico chileno-francês foi premiada por seu trabalho em tal linha de pesquisa e desenvolvimento. Vale destacar ainda que, no início deste ano, o Ministério da Saúde lançou o Programa Brasil Saudável com vistas a aumentar o foco na prevenção e combate às chamadas doenças negligenciadas.

Brasileira defende ampliar prevenção contra a aids

Ao final da 25ª Conferência Internacional sobre Aids, realizada nesta semana em Munique, a médica infectologista Beatriz Grinsztejn será nomeada presidente da Sociedade Internacional da Aids, que reúne entidades e pesquisadores que combatem o avanço da doença. À Folha, Beatriz, que também é chefe do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chaga, da Fiocruz, afirmou que o Brasil deve ir além do fornecimento de remédios para tratamento da doença na abordagem do HIV/aids. Em sua visão, deve-se investir na educação e informação de setores mais pobres da população, a fim de prevenir maior infecção. Entre outras coisas porque se trata do estrato de pessoas infectadas que têm menos acesso aos tratamentos, mesmo aqueles oferecidos no SUS. A iniciativa certamente colidiria com discursos de discriminação que atingem tal população, cujo estigma é uma das razões que a afasta de tratamentos mesmo quando disponíveis. Em sua gestão à frente da IAS, Beatriz Grinsztejn também pretende pautar o avanço no investimento de medicamentos genéricos para a doença.

Canabidiol fora da lista de doping nas Olimpíadas

Tal como em Tóquio, em 2021, os Jogos Olímpicos de Paris que começam nesta semana mantém sua tolerância ao uso de cannabis medicinal, que pode ser usada por atletas tanto como antídoto a dores como a questões físicas e emocionais, a exemplo de estresse e ansiedade. Substâncias com efeitos psicoativos de THC ou assemelhados seguem vetadas. Como o uso recreativo da maconha já é tolerado em diversos países, o Comitê Olímpico Internacional estabelece uma janela restrita ao período das competições para proibir seu uso. A WADA, agência que regula as substâncias permitidas no desenvolvimento atlético, considera doping produtos estimulantes, anabolizantes, narcóticos e glicocorticoides. Matéria do Portal Sechat, dedicado à cannabis medicinal, destaca a história da atleta holandesa Amy Van Dyken, que se tornou usuária de CBD para aplacar dores causadas por acidente que a deixou tetraplégica.

Maior falha de TI da história afeta hospitais pelo mundo

Na sexta passada, uma falha do sistema de segurança CrowdStrike, no momento que atualizaria seu software de segurança Falcon, causou um apagão generalizada em todas as redes de computadores que se utilizam de programas da Microsoft. O incidente paralisou processos produtivos e cancelou expedientes no mundo inteiro. No âmbito da saúde, hospitais ainda tentam contornar o prejuízo, ainda pouco calculado, ao se perder dados e monitoramento em tempo real de pacientes, tratamentos e prontuários, além da própria manutenção de produtos variados que requerem regulação de itens como luz e temperatura. Problema já previsto por estudiosos em diversos trabalhos, o acontecimento suscitou o alerta de que arquivos em papel ainda podem ser úteis, além do arquivamento em nuvens. “Atualmente não podemos usar nenhum software que dependa de transmissão digital de dados. Por exemplo, não podemos analisar tomografias computadorizadas porque o software de radiologia também está inoperante. É difícil tomar decisões clínicas sem acesso ao que se tornou parte essencial da medicina. Estamos usando aparelhos de ultrassom à beira do leito, mas não são tão bons quanto as tomografias computadorizadas para nos dizer o que está acontecendo nos pulmões”, contou a médica Sofia Mettler, do Mount Auburn Hospital, de Cambridge, Massachusetts.

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