7 em 10 óbitos por dengue no Brasil ocorrem em São Paulo

• São Paulo, epicentro da dengue • Hospital de MG desmontado por Zema terá de ser reaberto • Direitos de famílias que perdem um recém-nascido • Saúde em defesa de Glauber Braga • Cientistas veem IA com bons olhos • Diabetes tipo 5 reconhecido •

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O Brasil já soma 552 mortes por dengue em 2025, sendo 397 delas no estado de São Paulo, de acordo com dados do Ministério da Saúde atualizados até sábado (5). A redução é de 54,9% em relação ao mesmo período no ano passado. Ainda assim, São Paulo responde por 71,9% das mortes nacionais e segue como o epicentro da doença no país. Em relação aos casos, são mais de 412 mil.

A Folha perguntou à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo quais medidas estão sendo adotadas para reduzir a mortalidade por dengue. Em nota, foi informada a implementação de uma força-tarefa que inclui envio de equipes técnicas, insumos e kits de teste rápido, tendo como foco principal cidades do interior e da Grande São Paulo que enfrentam surtos epidêmicos. A capital do estado, segundo a mesma Folha, não contrata Agentes de Endemias desde 2008: seriam necessários 5.174 para o número de habitantes, mas a cidade só conta com pouco mais de 2 mil profissionais.

Após pressão popular, Justiça reage a ataques de Zema à saúde pública mineira

A Justiça de Minas Gerais determinou a reabertura integral do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), em Belo Horizonte, incluindo a reativação de 41 leitos de enfermaria e do bloco cirúrgico. A decisão atende a uma ação civil pública do Ministério Público Estadual (MPMG). A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e o governo Romeu Zema vinham realizando o fechamento progressivo do HMAL, gerando um caos no sistema de saúde de BH – dezenas de pacientes foram transferidos para o Hospital João XXIII, que já operava no limite de sua capacidade, com a desativação do bloco cirúrgico em dezembro de 2024. 

Nas últimas semanas, movimentos populares, trabalhadores e usuários do SUS fizeram intensa mobilização não só pela reabertura do hospital, mas, também, denunciando ofensiva privatista no sistema público de saúde de Minas Gerais. O governo propõe criar um novo complexo hospitalar gerido por entidades privadas, além de fechar quatro outros hospitais públicos. O Projeto de Lei 2127/2024, que propõe a criação do Serviço Social Autônomo de Gestão Hospitalar (SSA-GEHOSP) e consolida um modelo de Parceria Público-Privada (PPP) na saúde, foi enviado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no fim de março de 2025.

Para humanizar o luto materno e parental

Foi aprovado pelo plenário do Senado, nesta terça-feira (8), o Projeto de Lei (PL) nº 1.640/2022, que institui novos direitos para as famílias que enfrentam a perda de um recém-nascido ou a interrupção de uma gravidez. A medida busca assegurar atendimento humanizado às famílias em luto, estabelecendo a obrigatoriedades das maternidades e estabelecimentos de saúde disporem de alas reservadas, além de oferecerem apoio psicológico especializado. Além disso, o projeto também assegura às famílias o direito de sepultar ou cremar o feto ou bebê natimorto e de solicitar declaração de óbito com todos os registros, inclusive a impressão digital. 

Ao ser questionado pela Agência Brasil, o Ministro da Saúde Alexandre Padilha afirmou que: “o Ministério da Saúde vai ter uma política para isso. Vai ter ações para apoiar essa reorganização, que vai ser muito positiva para a humanização das maternidades. Esta é uma daquelas leis que exigem reorganização [do SUS] que são sempre muito positivas para a própria assistência”. 

Contra a cassação do deputado Glauber Braga

Entidades de saúde têm se posicionado contra a possível cassação do deputado federal Glauber Braga (Psol/RJ). Na última quarta-feira (9), o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, por 13 votos a 5, parecer recomendando a cassação do deputado. Caso o processo tenha seguimento, serão necessários votos de 257 deputados para seu afastamento. Glauber faz greve de fome, em protesto, e afirmou que não sairá da Câmara até que haja uma decisão. 

O presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Carlos Fidelis, defendeu o deputado, afirmando que essa é uma “ofensa à justiça e às instituições da democracia”. Completou: “Essa forma de fazer política desrespeita a sociedade, que espera que o Congresso volte o seu olhar para as grandes questões nacionais e deixe de ser palco para essa gente que cultiva a hipocrisia, a mentira e espetáculos histriônicos”. Deputados de esquerda como a Enfermeira Rejane, Jandira Feghali (ambas do PCdoB/RJ), Tarcísio Motta (Psol/RJ) e Lindbergh Farias (PT/RJ) também discursaram a seu favor.

Cientistas expressam otimismo com a inteligência artificial

Pesquisadores estão mais otimistas com os avanços da inteligência artificial (IA) do que a população geral, descobriu um estudo feito pela University College London com mais de 4 mil cientistas de diversos países. 54% deles acreditam que os avanços na tecnologia trarão mais benefícios do que riscos – os chineses são mais otimistas, enquanto os de países de baixa renda preocupam-se mais com os perigos da IA. Entre as áreas que acreditam serem as mais beneficiadas, figura em primeiro lugar o acesso à educação. A saúde está na terceira posição – o que de fato pode ser justificado, pois a telemedicina pode levar atendimento especializado a pessoas que não tem acesso a ele, mas há também o risco de precarização do atendimento de populações mais vulneráveis. 

Os cientistas apontam como principais riscos o aumento da desinformação e o uso de dados pessoais sem consentimento. Há outro fator preocupante: o uso de textos, artigos e produtos culturais para treinamento da IA sem o consentimento ativo de seus autores. Pesquisadores questionados acreditam, ainda, que é preciso cautela, e não velocidade, para os avanços na tecnologia. E chamam a atenção para a necessidade de que haja mais envolvimento do público tanto na regulação das IA quanto em seu treinamento.

Diabetes tipo 5, grande desconhecido

Nesta semana, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu oficialmente o diabetes tipo 5, que afeta principalmente homens jovens em países com alta desnutrição, como na África e Ásia. Embora tenha sido registrada desde os anos 1970, trata-se de uma doença ainda muito pouco estudada e conhecida – mesmo suas causas são incertas, embora haja a percepção de que pode se desenvolver quando há subnutrição nas primeiras fases da vida. Estima-se que entre 20 e 25 milhões de pessoas vivam com a condição no mundo. O tipo 5 não responde bem à insulina e tem alta mortalidade, com média de um ano entre diagnóstico e morte. 

O Brasil ainda não tem registros do diabetes tipo 5, principalmente por causa do desconhecimento a seu respeito. Detectá-lo é um problema global. Os tipos mais comuns de diabetes são o 1, considerado uma doença autoimune, e o 2, relacionado a obesidade e sedentarismo. Mais de 110 mil brasileiros morreram por consequência do diabetes em 2024.

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