340 mil internações por falta de saneamento em 2024

• Falta de saneamento é causa de mortes por infecção • Desassistência materna global • Microplástico em áreas marinhas de proteção • Um relato sobre a covid longa • Remdesivir pode ser bom para o ebola • Como melhorar ouvidorias do SUS •

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Pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil informa que o país teve 344 mil internações hospitalares devido a infecções por doenças relacionadas à insalubridade no último ano. Basicamente, elas se dividem em doenças gastrointestinais causadas por parasitas, vírus e bactérias, transmitidas por contato com fezes ou secreções orais de animais transmissores ou insetos vetores. Apesar da queda média de 3,6% nos últimos anos, os números são altos e causaram 11 mil mortes. Chama atenção o Centro-Oeste, que concentrou 25% dos casos, mesmo sendo a região menos populosa do país. Mais de 8.800 óbitos se deram entre idosos, que ao lado de crianças são a população mais vulnerável a tais contaminações, que também tiveram um marcador racial notório, ao atingir negros e pardos em 65% dos casos.

ONU atualiza dados sobre desassistência maternal

Uma pesquisa divulgada na The Lancet Global Health coloca em dia os dados referentes à assistência à saúde materna, e constata que a falta de serviços adequados ainda causa uma quantidade estratosférica de mortes anuais. Hemorragia e pré-eclâmpsia causaram 80 mil e 50 mil mortes, respectivamente, apenas no ano de 2020, num total de 287 mil óbitos relativos à maternidade – seja durante a gravidez ou até um ano após o parto. 

O estudo ainda alerta que boa parte dos países não fazem um acompanhamento adequado das mães, tanto nos primeiros dias de maternidade como também no longo prazo, o que pode significar uma subnotificação. De modo geral, o estudo constata a desigualdade entre os países na assistência pré e pós-natal, em especial no acompanhamento das mães meses após o parto.

Microplástico em águas protegidas

Pesquisa coordenada pela Fapesp, através do professor do Instituto do Mar da Unifesp, Ítalo Braga, determinou a presença de microplásticos nas áreas marinhas de proteção ambiental sem qualquer atividade humana. O trabalho se utilizou de moluscos e mexilhões, que agiram como “sentinelas” da coleta de material, uma vez que podem reter e filtrar a água do mar para se alimentar, o que permite uma amostra material dos componentes presentes. 

Assim, a pesquisa conseguiu observar a presença de quantidades mínimas de microplásticos, resíduos sólidos microscópicos saídos de tecidos ou materiais industrializados, como polietileno e teflon, mesmo nas águas oceânicas mais protegidas do país. Braga afirma que a única forma de mitigar a poluição destas águas é o avanço no Tratado Global dos Plásticos, elaborado pela ONU e hoje em fase de negociação.

Bióloga relata sofrimento com covid longa

No contexto dos 5 anos do início da pandemia de coronavírus no Brasil, diversas matérias sobre a doença e seu impacto social percorrem a mídia. Ao Estadão, a bióloga Letícia Soares, hoje com 40 anos, relata as duras sequelas de covid longa, que mudaram completamente sua rotina e qualidade de vida. Familiarizada com o campo científico, ela reconhece que a doença é amplamente estudada, mas seus efeitos ainda não são totalmente conhecidos.

Além disso, a noção de que a crise sanitária “acabou” enfraquece a formulação de políticas públicas para o prosseguimento do apoio a seus portadores. Segundo o Patient-Led Research Collaborative for Long Covid, são mais de 200 sintomas associados à doença. Já a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar do IBGE, constata que 23% da população do país relata sintomas persistentes da covid.

“Existe uma pressão para minimizar os impactos da covid e fazer com que tudo pareça resolvido. A prioridade tem sido colocar as pessoas de volta ao trabalho a qualquer custo. Foram anos traumáticos – perda de renda, empobrecimento, mortes em massa – e, em vez de políticas públicas de acolhimento, o discurso foi simplesmente ‘segue a vida’”, criticou Letícia Soares, que ainda destacou o negacionismo científico entre profissionais de saúde, incapazes de demonstrar empatia e responsabilidade no tratamento de covid longa.

Pílula de covid-19 se mostra eficaz contra ebola

Ao menos em macacos, a pílula Obeldesivir, forma oral do Remdesivir intravenoso, destinado a combater o coronavírus, se mostrou eficaz na cura do ebola, uma infecção viral que causa falência dos órgãos e sangramentos. O estudo, liderado pelo virologista Thomas Geisbert, da Universidade do Texas, testou o medicamento em macacos, em doses 30 mil vezes superiores à média das infecções em seres humanos, e constatou que os animais conseguiam se recuperar em cerca de 10 dias. Com histórico de surtos em países africanos desde os anos 60, o ebola nunca foi prioridade da indústria farmacêutica, dado o pouco potencial de mercado de seus tratamentos. Por ora, apenas a francesa Gilead avança em estudos com o Obeldesivir para cura do vírus Marburgo, semelhante ao Ebola.

Fiocruz lança programa educativo para profissionais do SUS

Uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz, em sua unidade do Mato Grosso, promove o Programa de Fortalecimento da Educação Permanente em Saúde, cujo objetivo é padronizar a forma de atuação das ouvidorias do SUS pelo país todo. A iniciativa também pretende quantificar com exatidão o número de ouvidorias do sistema de saúde pelo Brasil, atualmente calculado em 1.200. O objetivo do programa é aprimorar a relação entre profissionais de saúde que fazem a gestão do SUS e seus usuários, a fim de aprofundar a participação popular na condução do sistema e seus processos de trabalho, escuta e resolutividade. Para isso, a Fiocruz lançou um e-book que servirá de guia ao Programa.

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