Protestos multiplicam-se: como participar

Fumaça preta nas metrópoles e falas de Bolsonaro despertaram consciência socioambiental do país. Manifestações começam neste fim de semana e incluem Greve Global pelo Clima — às vésperas da fala de Bolsonaro na ONU

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Em São Paulo, uma Coalizão pelo Clima, formada por diversos ativistas socioambientais, se somará à Greve Mundial pelo Clima, convocada em dezenas de países para a semana entre 20 e 27 de setembro. Haverá manifestação na Avenida Paulista, em 20/9 e diversas outras atividades, como palestras, cursos de formação e cinedebates. O ato está sendo organizado em encontros abertos — o próximo está marcado para o dia 31/8.

Além disso, nesse final de semana, a Coalizão, em conjunto com outras entidades, também articula diversos protestos contra o crescente desmatamento na Amazônia, programando atos em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Curitiba, Natal, Manaus e Salvador. A causa ambiental, antes restrita a grupos de classe média, parece começar a tomar contornos populares no Brasil, catapultada pelos retrocessos promovidos pelo governo Bolsonaro.

“A causa ambiental vai ser cada vez mais importante no Brasil e, hoje, é um dos calcanhares de Aquiles do governo, pelo seu caráter desrespeitador ao meio ambiente”, analisa Orlando Lima Pimentel, integrante da Coalização. “O Brasil sofre com esses problemas há muito tempo, e agora eles se intensificaram.  Embora sejam sentidos de modo diferente pelas classes sociais, há um limite que não pode mais ser contornado: as transformações têm sido intensas — e podem ser mais intensas ainda – e nem mesmo as pessoas com mais condições poderão driblar esses problemas”.

Organização

As reuniões são cada vez mais volumosas. A última, realizada no dia 17/8, reuniu representantes de vários partidos políticos, ONGs e entidades ligadas ao meio ambiente, movimento sindical, pastorais cristãs, população em situação de rua, artistas, jornalistas e várias pessoas preocupadas com os rumos ambientais do país. O grupo também está realizando visitas às escolas para ministrar palestras sobre o aquecimento global e a necessidade de uma articulação popular contra os retrocessos ambientais.

Pimentel avalia que a tendência, principalmente depois do “susto” do dia virando noite na capital paulistana — em razão da soma de uma frente fria com a fumaça vinda das queimadas na Amazônia –, é aumentar as mobilizações contra a “barbárie ambiental” promovida pelo governo Bolsonaro. Outras Palavras participa ativamente deste esforço. Em conjunto com o Instituto Scietiae Studia, o site promoverá, no início de setembro, uma sequência de cinedebates sobre grandes temas socioambientais brasileiros.

A Greve do Clima chega ao Brasil

Manifestações gigantescas, marcadas em especial pela presença de jovens e adolescentes, eclodiram em 2018 nas capitais europeias, mas também em países como a Índia, África do Sul e Colômbia. A mobilização no Brasil surge no contexto de ataques que o governo Bolsonaro lançou contra os povos originários, a Amazônia, o cerrado, a agroecologia e todas as iniciativas que propõem novas relações entre ser humano e natureza. Os retrocessos já mostram um resultado que choca a opinião pública no Brasil e no exterior: as queimadas na Amazônia. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o desmatamento por meio de imagens, o país registrou, entre janeiro e o último dia 19 de agosto, um aumento de 83% das queimadas em relação ao mesmo período de 2018. São 72.843 focos de incêndios até o momento. O fogo também está progredindo em áreas de proteção ambiental: 68 incêndios foram registrados em territórios indígenas e áreas de conservação somente nesta semana, a maioria deles na região amazônica. A gravidade da situação é um dos temas mais comentados no mundo, inclusive com países estudando sanções aos produtos brasileiros.

“A contribuição do Brasil é colossal do ponto de vista do clima e vemos isso na repercussão internacional dessas queimadas, devido ao nosso papel estratégico”, analisa Pimentel. “Temos como colaborar contra essa perspectiva desenvolvimentista que não é do Bolsonaro, já é uma tradição política brasileira, mostrando que há outro modelo de desenvolvimento que não afeta a natureza. Há táticas ecológicas interessantes de movimentos sociais brasileiros, como o MST, mas não vemos um estimulo a políticas como agroecologia e energias renováveis pelo governo”.

As atividades não pararão com a Greve do Clima, avalia o ativista. “Apesar do governo Bolsonaro dar sinais de enfraquecimento e de baixa popularidade, é provável que tenhamos um longo caminho pela frente para frear o desmatamento”.

Programação

21/8 – Reunião de organização
14h – Centro Cultural São Paulo (CCSP)
Rua Vergueiro, nº 1000, Paraiso.

3, 11 e 18/9 – Cinedebates
19h – Teatro Commune
Rua da Consolação, nº 1218, Consolação.

6/9 – Racismo e crise ambiental
19h – Casa do Povo
Rua Três Rios, 252, Bom Retiro.

13/9 – Política Climática no Brasil: Desafios
19h – Casa do Povo
Rua Três Rios, 252, Bom Retiro.

20/9 – Greve Mundial pelo Clima
16h – Museu de Arte de São Paulo (MASP)
Avenida Paulista, nº 1578, Bela Vista.

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Um comentario para "Protestos multiplicam-se: como participar"

  1. Beleza. Essa é a chama que não se deve apagar!

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