Gilmar Mauro: Quem está por trás do ataque ao MST

Em ato em homenagem aos dois militantes assassinados, liderança do movimento denuncia: capital imobiliário, em conluio com políticos e milícias, está por trás do crime bárbaro. Até que haja sem-terra, luta pela reforma agrária não parará, afiança

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Vou falar alto e pedir a atenção de todos e todas.

Primeiro, agradecer toda a solidariedade de cada um e cada uma – ontem, hoje, mas também muito antes, ao MST e à luta pela reforma agrária.

Dois: dizer ao Valdirzão e ao Gleison [Valdir do Nascimento e Gleison Barbosa Carvalho, assassinados no ataque ao acampamento do MST em Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo] que nós estamos aqui. Que o MST está aqui. E que, mais que o MST, todos nós estamos aqui para dizer que vamos defender aquele território do Olga e todos os territórios conquistados com muita luta e sacrifício nessa região e em todo o Brasil.

Eu não consigo falar da história do Valdirzão aqui. Levaria muito tempo. Mas dizer a todos e todas que tanto o Valdirzão, o Gleison e outros companheiros e companheiras desta região que nos ajudaram a construir esse MST no estado de São Paulo, muitos militantes antigos que hoje se fazem presentes, que nós continuaremos até que exista um sem terra nesse país; é nossa obrigação fazer a ocupação de terra e fazer a reforma agrária através da luta popular.

Nós queremos convidar, convocar todos e todas aqui presentes […]. Sábado próximo, às 9 horas da manhã, vamos fazer […] uma missa de sétimo dia e um grande ato político para exigir efetivamente investigação e punição aos responsáveis desses assassinatos.

Porque não são só os assassinos; é o capital imobiliário daqui da região que está por trás disso. Não é só nesta área; também em outras. Eles estão invadindo áreas de preservação ambiental e tentando obter lotes conquistados com o nosso sacrifício para expandir o capital imobiliário – com a anuência de alguns políticos e das milícias armadas, que são as responsáveis por fazer isso.

Vamos chamar o nosso povo dos assentamentos próximos e a comunidade para estarmos aqui de novo. Mas queremos também, e vamos anunciar para todo o Brasil, que no mesmo horário vamos plantar duas árvores em homenagem ao Valterzão e ao Gleison. E que em todos os assentamentos do Brasil, nesse mesmo horário, cada família plante duas árvores em homenagem aos nossos dirigentes.

Por isso, peço que os assentados e as assentadas e a companheirada que está aí nos ajude a divulgar, para transformar essa luta nossa aqui no Vale do Paraíba numa luta em nível nacional porque […] esse problema que está ocorrendo aqui é muito comum e recorrente também em outros espaços do Brasil.

Lutar pela terra, pela reforma agrária. Lutar por transformação social. Pelo socialismo – vou usar esta palavra, porque o Valterzão era um socialista – é a luta desses que tombaram, mas é a luta, sobretudo, daqueles e daquelas que vão continuar esse processo aqui, até um dia nós alcançarmos a reforma agrária e um outro país para o povo brasileiro.

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